Aniversariante do dia:
Guns N’ Roses – Appetite For Destruction (21/07/87)

Álbum de estreia dos cinco jovens delinquentes, arruaceiros e drogados que viriam a se tornar a banda mais perigosa do planeta: o Guns N’ Roses.

Todos esses péssimos adjetivos, na verdade ajudaram a formar a aura da banda. Os caras eram realmente marginais, viviam a dura realidade das ruas e passaram muitos perrengues. Certa vez Slash disse: “Deus não queria que fizéssemos sucesso!”. Oriundos de duas bandas de Los Angeles, a L.A. Guns e a Hollywood Roses, os caras colocaram todas as influências musicais no seu som. O resultado foi uma mistura de Hard, Heavy e Punk.

Seus shows começaram a chamar atenção das gravadoras e eles aproveitavam para marcar as reuniões de negócios na hora do almoço para terem o que comer. Eles sabiam do seu poderio e não iam aceitar qualquer proposta. Esperaram a hora certa e enquanto ela não chegava, sobreviviam de drogas, prostituição e almoços bancados por executivos que cresciam cada vez mais os olhos sobre eles, até que assinaram com a Geffen, gravadora que também tinha Aerosmith no cast. O álbum de estreia não deu retorno imediato, muito por conta da capa que trazia um robô “estuprando” uma garota. A gravadora optou por trocar a capa colocando a cruz com as caveiras dos integrantes. Isso amenizou o repúdio, mas o que fez com que o disco passasse a ser procurado foi a balada hard Sweet Child O’ Mine que um DJ resolveu tocar e acabou tornando-se o grande hit da banda. O disco ficou 54 semanas no topo das paradas de sucesso e algumas revistas especializadas apontam que Appetite vendeu mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo e é, certamente, um dos melhores discos de Rock de todos os tempos!

Unindo o som diferenciado para os padrões Hard/Glam da época à imagem de bad boys que andava em falta no cenário Rock, o Guns recheou as músicas com letras que contavam o cotidiano da banda. Os trabalhos começam violentos com a extraordinária Welcome To The Jungle, onde narram as suas experiências na chegada a Los Angeles; Logo depois vem It’s So Easy com a introdução de Liar dos Sex Pistols; Em seguida, Nightrain, uma homenagem a um vinho barato que a banda entornava em litros. Slash declarou que fica possesso ao tocar essa música; Depois, num desabafo às perseguições que sofriam, vem um recado a policiais e religiosos com Out Ta Get Me; Em Mr. Brownstone, com nítidas influências das guitarras de Joe Perry e Brad Whitford do Aerosmith, a banda relata os seus problemas com as drogas. Lembro que eu ficava chapado só de ouvir o jogo de notas de Slash e Izzy na introdução; O hino Paradise City fecha o lado A do vinil numa ótima viagem que começa de forma tranquila e vai crescendo até o insano grand finalle; O lado B começa com My Michelle, homenagem a uma ex-namorada de Axl. Na minha opinião é a música que tem uma sonoridade mais sombria; em seguida, Think About You que ficou conhecida como a “música do Izzy”; O grande sucesso da banda, Sweet Child O’ Mine, que nasceu de um exercício que Slash fazia na guitarra e que Axl aproveitou para mandar uma letra mais romântica, vem logo após; You’re Crazy aparece numa versão rápida e plugada (No EP Lies a versão é semi-acústica); Anything Goes chega numa versão Hard e suingada totalmente diferente de quando foi composta, pois era bem Heavy e com pedal duplo; e pra finalizar o monstro, temos o Hard Funky de Rocket Queen, que traz gemidos de uma transa real que foram gravados no estúdio.

Já ouvi muita música na vida. Tem alguns discos que considero especiais e pelos quais dediquei e dedicarei ainda inúmeras audições. Appetite For Destruction do Guns N’ Roses é talvez o disco que eu mais tenha escutado na vida! E pensar nisso me levou ao momento em que eu o escutei pela primeira vez. Meu pai tinha uma vitrolinha simples e eu me tranquei no quarto da minha irmã, sentei no chão e coloquei o LP para tocar. Aquele som me invadia de tal forma que eu imaginava cada instrumento como um facho de luz colorido que ia se movendo como um equalizador quando sobe e desce feito uma onda conforme a intensidade da música.

Eu viajava em cada canção. Eu ria em Mr. Brownstone e Anything Goes por causa das guitarras sacanas. Eu sentia o impacto da agressividade presente em Welcome To The Jungle, It’s So Easy, You’re Crazy e Out Ta Get Me. Eu acompanhava impressionado o desenrolar crescente de Paradise City e ficava enebriado com a melodia de Sweet Child O’ Mine. Eu cantava junto e só sosseguei quando aprendi todas as letras. Ficava com raiva de mim mesmo por não conseguir cantar o refrão de Mr. Brownstone. Dedicava audições prestando atenção em determinado instrumento. As diferentes vozes de Axl me impressionavam, o feeling de Steven Adler me cativava, tanto que até hoje ele é o meu baterista preferido do Guns; O grave do baixo de Duff me encantava, mas talvez o que mais me surpreendia era a camaradagem de Slash e Izzy. Música após música eu ficava mais impressionado com as frases que cada um fazia e outro completava como se fosse uma conversa, fazendo com que o som ficasse totalmente preenchido. Parecia mesmo uma conversa entre as duas guitarras, um duelo onde os dois correm pro mesmo lado, um amparando o outro. Se você tiver a oportunidade de escutar esse álbum com um fone de ouvido de boa qualidade, você vai entender o que eu estou dizendo. Às vezes até acho Izzy mais foda que o Slash. O cara é um monstro na guitarra base! Não é a toa que até hoje, ao falar de Izzy, é comum ver a frase “Where’s Izzy?” em referência ao cartaz no clipe de Don’t Cry quando ele abandonou a banda.

É fato que nenhum dos caras é um virtuose dos seus instrumentos, mas o que rola aqui é química! Aqueles cinco marginais extraíram o melhor (ou o que tinham de pior) deles e colocaram naquelas músicas.

Hoje completa-se mais um ano de seu lançamento, 33 anos no total e me deu vontade de escutar esse disco de novo. Coloquei o CD, o headphone e pensei: “vou estourar os ouvidos e vou ouvir como há muito tempo não escuto!”. E lá fui eu de novo me envolvendo em cada riff, em cada batida, em cada solo, em cada refrão. Acompanhei direitinho o refrão de Mr. Brownstone, achei graça de novo da guitarra na introdução de Anything Goes, aumentei o volume em Sweet Child O’ Mine e aumentei mais um pouquinho em Paradise City. Me peguei tocando baixo, guitarra e bateria tudo de uma vez em Rocket Queen… e sabe… dizem que algumas sensações são mais intensas na primeira vez que você as sente, mas a porra desse disco ainda me deixa arrepiado até hoje! E eu garanto uma coisa; mesmo que algum dia eu não tenha acesso a ele em modo físico, por download ou internet, mesmo que eu esteja isolado de tudo… eu tenho ele todo na mente… Do começo ao fim!

Curiosidades:

  • No encarte tem a seguinte frase: “With your bitch slap rappin’ and your cocaine tongue, you get nothin’ done”. Trecho da música You Could Be Mine que só seria lançada em 1991 no álbum Use Your Illusion II.
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  • Em 2018 a banda relançou o álbum com faixas nunca lançadas, Flyers de shows, posters e diversos outros itens de deixar qualquer fã extasiado.

Faixas:
1. Welcome to The Jungle
2. It’s So Easy
3. Nightrain
4. Out Ta Get Me
5. Mr. Brownstone
6. Paradise City
7. My Michelle
8. Think About You
9. Sweet Child o’ Mine
10. You’re Crazy
11. Anything Goes
12. Rocket Queen
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⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

Vídeo de Welcome To The Jungle:

Vídeo de Sweet Child O’ Mine:

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Alex Mélo – @jasmelo71