“Os 30 anos do Black Album”

Metallica” (ou “Black Album“) é o quinto trabalho de estúdio da banda de thrash/heavy metal norte americana Metallica e foi lançado em 12 de agosto de 1991, pela gravadora Elektra Records. As gravações ocorreram no período entre 6 de outubro de 1990 e 16 de junho de 1991 no Studio One on One em Los Angeles. A produção foi de responsabilidade de Bob Rock, ao lado dos integrantes James Hetfield e Lars Ulrich.

O álbum se chama formalmente de “Metallica“, mas é comumente referido como sendo o “The Black Album” ou apenas “Black Album” por causa de sua capa – que apresenta um tom totalmente escuro. O convite ao produtor Bob Rock se deu, pois o Metallica ficou impressionado com o trabalho realizado por ele no álbum “Dr. Feelgood” do Mötley Crüe (1989). Foram meses trabalhando em um disco para mudar o perfil da banda, que deixaria o thrash definitivamente e investindo no heavy mais tradicional. Durante o período de gravação várias demo tapes foram aprimoradas e o resultado mudaria por completo o universo do heavy metal devido o alcance que o “Black Album” obteria, tanto no que se refere a sucesso de público e principalmente na vendas de discos.

Proporcionalmente ao tamanho do lançamento, não falaram singles para promover ainda mais o álbum, que em sua versão em vinil era duplo. A sequencia foi “Enter Sandman“, lançado em 29 de junho de 1991; “The Unforgiven“, em 28 de outubro de 1991;”Nothing Else Matters“, em 20 de abril de 1992; “Wherever I May Roam“, em 19 de outubro de 1992 e “Sad but True“, em 8 de fevereiro de 1993. Todos os singles ingressaram em paradas de sucesso e todos tiveram clipes produzidos com muito destaque nas MTV’s (e canais similares) por todo o mundo. Já o álbum como esperado tem uma relação impressionante quando o assunto são as paradas. Ele foi número 5 no chart Austrian Albums; número 3 no Japanese Albums e número UM nas seguintes paradas, Australian Albums, Canadian Albums, German Albums, New Zealand Albums, Norwegian Albums, Swiss Albums, UK Albums e Billboard 200.

Com tantos números UM as certificações também só poderiam ser igualmente fantásticas, e vamos citar algumas: 5X disco de platina na Argentina (mais de 300 mil discos vendidos); 13X disco de platina na Austrália (mais de 900 mil discos vendidos); 2X disco de platina na Áustria (mais de 100 mil discos vendidos); 2X disco de platina na Bélgica (mais de 100 mil discos vendidos); disco de diamante no Canadá (mais de UM milhão de discos vendidos); 7X disco de platina na Dinamarca (mais de 140 mil discos vendidos); 2X disco de platina na Finlândia (mais de 120 mil discos vendidos); disco de platina na França (mais de 480 mil discos vendidos); 4X disco de platina na Alemanha (mais de DOIS milhões de  discos vendidos); disco de platina no Japão (mais de 200 mil discos vendidos); disco de ouro no México (mais de 100 mil discos vendidos); disco de platina no Reino Unido (mais de 600 mil discos vendidos) e 16X disco de platina nos Estados Unidos, com vendas superiores aos 16 milhões de álbuns comercializados.

A tour para promover o “Black Album” foi longa e teve partes distintas. Alguns shows foram icônicos, desde a primeira apresentação da banda no VMA de 1991 tocando em primeira mão a faixa “Enter Sandman“; passando pelo mega evento realizado em 28 de setembro de 1991, no campo de aviação de Tushino em Moscou, que foi descrito como ‘o primeiro concerto de rock ocidental gratuito ao ar livre na história soviética’, e foi assistido por cerca de 500.000 pessoas (há quem diga que o público chegou a ser de 1.6 milhão de pessoas) e não podemos esquecer da apresentação no ‘Freddie Mercury Tribute Concert’, no qual o Metallica tocou um pequeno set list, consistindo em “Enter Sandman”,Sad but True” e “Nothing Else Matters“. Importante citar a tour conjunta do Metallica com o Guns n’ Roses, que foi gigante tanto no sucesso quanto nos problemas, mas desse assunto vamos tratar com mais calma em uma outra oportunidade, pois não faltou pano para manga.

O giro em si começou com 60 apresentações no ano de 1991 com o nome de ‘Wherever We May Roam’ e teve seu início em primeiro de agosto em Petaluma, na Califórnia. Depois a banda parte para a Europa para participar da tour ‘Monsters of Rock 1991’ e se apresenta na Dinamarca, Polônia, Inglaterra, Hungria, Alemanha, Suíça, Itália, Bélgica, Holanda e Áustria. Retomam a ‘Wherever We May Roam’ em 3 de novembro de 1991 nos Estados Unidos e Canadá, e fazem um show de ano novo no Japão em 31 de dezembro no Tokyo Dome, em Tóquio. Iniciam o ano de 1992 retomando a longa tour pelos Estados Unidos e Canadá intitulada de ‘1992 North American Tour’, sendo o primeiro show em Las Vegas no dia 4 de janeiro. Em 22 de outubro mais uma vez com título de ‘Wherever We May Roam’ o giro passa por Bélgica, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda, Noruega, França, Espanha, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria, Finlândia e Suécia, onde fecham o ano em 18 de dezembro. No total foram mais de 170 shows só no ano de 1992. Começam 1993, mais uma vez batizando o giro de ‘Wherever We May Roam’ em 22 de janeiro nos Estados Unidos e emendam uma série de apresentações em países como Canadá, México, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Tailândia, Singapura, Indonésia e Filipinas. O mês de maio de 1993 foi muito especial, pois marcou a segunda passagem do Metallica por nossa terrinha, nos dias 1 e 2, com shows no Estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras. No giro sul americano Argentina e Chile também são visitados. Pensa que acabou? Que nada. A nova tour agora batizada de ‘Nowhere Else To Roam’ inicia em 19 de maio na Alemanha uma outra série de shows, passando por República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Eslováquia, Inglaterra, Hungria, Holanda, França, Portugal , Espanha, Suíça, Itália, Turquia, Áustria, Grécia e Israel. A tour se encerra, ufa, finalmente com uma apresentação na Bélgica no dia 19 de maio de 1993. Só no ano de 1993 foram mais de 80 shows.

No Brasil a expectativa pelo novo trabalho já começou com a apresentação do Metallica na premiação do VMA de 1991, que a MTV Brasil transmitiu ao vivo. Logo depois o LP duplo com encartes internos e a versão em CD foram lançados pela Polygram e o sucesso não parou mais. A faixa “Enter Sandman” tomou conta das rádios rock como a 89FM e a Brasil 2000, assim como os demais singles que se seguiram. Todos os cinco clipes foram exibidos até a exaustão pela MTV Brasil em sua programação trivial e ingressaram na parada diária do canal, o ‘Disk MTV’. O nome do Metallica tomou conta de todas as publicações especializadas em heavy music (como a Rock Brigade) e também conquistou muito espaço na genérica revista Bizz. Essa por sinal publicou diversas matérias sobre a banda como entrevistas, tradução de músicas, e viu o Metallica liderar a parada das vendas colocando nomes como Nirvana, Pearl Jam, RHCP, Alice in Chains, Slayer e Queen, entre outros, em segundo plano. Meu LP em particular foi comprado em 23 de setembro de 1991 na loja Metal, em Santo André-SP e o meu CD em 30 de abril de 1993 nas Lojas Americanas da Rua Direita, no Centrão de Sampa.

O trabalho intitulado de “Metallica” ou “Black Album” completa hoje trinta anos e seus números, como pudemos conferir, ainda impressionam. Seja na quantidade de discos vendidos, de shows realizados naquele giro ou na infinidade de bandas que foram influenciadas por aquelas canções. E ainda além de tudo marcou um novo rumo na carreira do Metallica, um divisor de águas não só para a banda, mas para o estilo, que abriu portas para a música pesada de uma maneira poucas vezes já vista. Amado por muitos e detestado por uma parte dos fãs das mais antigas, é um trabalho tão significativo que não pode ser ignorado.

Tracklist:

1.”Enter Sandman”    

2.”Sad but True”        

3.”Holier than Thou”

4.”The Unforgiven”   

5.”Wherever I May Roam”

6.”Don’t Tread on Me”       

7.”Through the Never”       

8.”Nothing Else Matters”   

9.”Of Wolf and Man”

10.”The God That Failed”  

11.”My Friend of Misery” 

12.”The Struggle Within” 

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Metallica:

James Hetfield – vocals, rhythm guitar, acoustic guitar, guitar solo on “Nothing Else Matters”

Kirk Hammett – lead guitar

Jason Newsted – bass guitar

Lars Ulrich – drums, percussion

Additional musicians:

Michael Kamen – orchestral arrangement on “Nothing Else Matters”

 (Créditos das fotos: Paulo Márcio)