Sábado super nublado no Rio de Janeiro, um sábado agradável para um show, no qual, por conta do acontecimento de um dia anterior, já que tivemos problemas com o vocalista Wattie Bucham em Belo Horizonte, então, o início do evento com a “última passagem” do The Exploited pelo Rio de Janeiro, começou com o ar de dúvida. Tivemos ótimos shows abrindo e aquecendo o público presente , o Norte Cartel, Escalpo, The Chisel e o Ratos de Porão fizeram foi bonito.
Começando o show pontualmente às 19:30h, o Norte Cartel subiu ao palco mostrando a força do Hardcore Carioca, uma banda que não é nova, já experimentada, com membros de renome forte no nosso cenário, eu destaco o super Felipe Chehuan, que foi vocalista do Confronto, faz parte da banda já à muito tempo, mas vamos ao show deles, que foi ótimo para começarmos uma belíssima “Festa Punk” naquele sábado, a banda fez um show, que, mesmo tendo sido curto, foi forte e impactante, trazendo um recado ímpar em suas letras e entregando qualidade para quem quisesse entender que, para estar naquele palco, tinha que sim ter um lado, um baita show!!
Logo depois, realmente foi uma troca muito rápída de bando, o Escalpo, banda de Metal Punk Paulistana subiu ao palco mostrando um som ríspido e rápido, que tem um flerte (diria eu fortíssimo) com o D-Beat ímpar, diversas composições dessa ótima banda brincam com essa levada de bateria, sem perder o peso e a velocidade do MetalPunk, uma banda que honrou os nomes do Underground Carioca, mostrando como funciona e porquê temos sempre que olhar “para baixo” e respeitar os grandes nomes que, nem sempre, estão em palcos como os do Circo Voador, um baita showzaço!!

Vamos para a primeira banda Internacional da noite e temos aqui um StreetPunk/Oi! clássico em palco, tanto no visual de seus integrantes para o som e o show super divertido, o The Chisel para mim foi uma baita surpresa positiva, a banda aposta no som clássico, o bom e velho Punk Rock Rueiro, clássico e bem próximo para o que era feito a anos atrás, mas com pitadas de modernidades em sua métrica principal, mas eles sabem fazer com muita qualidade o som deles, um show super enérgico e com qualidade. Além de contar uma coisa, sim, os caras tem um visual clássico, no qual assustou alguns no público, mas ao vê-los em palco e entender a sua fala pela Classe Trabalhadora e contra qualquer tipo de preconceitos, me deixou muito mais calmo… e me fez apreciar ainda mais a banda, que, tinha um público para eles ali, que me pareceu até bem cativo. Espero revê-los em um palco menor.
Agora meus amigos, vamos falar de uma renovação no qual é normal acontecer sempre que esse nome retornaria ao Circo Voador e quando falamos de um show violento, sem perdão de nada e ninguém, falamos de Gordo, Jão, Juninho e Boka, o Ratos de Porão está aí de novo e, se tem uma coisa no qual realmente está muito diferente é ver o lendário Gordo se movimentando muito mais em palco, mais solto do que o normal, resultado de seu tratamento e mudança de vida e o pessoal na banda, mesmo com um certo cansaço, não perdoou nada, com clássicos como Anarkophobia, Alerta Antifascista, Amazônia Nunca Mais, Morrer, entre outras, o Ratos de Porão nunca decepciona no palco do Circo Voador, é sempre um show mais avassalador do que o outro, muito bom!

É chegada a hora. Corações na boca, nervos a flor da pele, será que teríamos alguma surpresa? Será que o Rio de Janeiro não iria ver o “velho punk” Escocês pela última vez? A resposta é NÃO, Wattie Bucham subiu para capitanear seus comparsas no showzão do The Exploited e, vamos combiar, Wattie que saiu de uma internação, encarou o voô para o Rio e conseguiu subir, naquele palco ele se mostrou um verdadeira Guerreiro Escocês, lotado de vontade de fazer o Rio de Janeiro se divertir e ele conseguiu. O show que foi um desfile de clássicos, como Let´s Start a War, Beat The Bastards, Sex & Violence, Punk´s Not Dead entre outras, foi simplesmente mágico.
Mas, não posso deixar de comentar também que, mesmo com toda essa emoção de ver o velho Punk em palco, também tivemos preocupações. Muitos estão falando que ele vomitou sangue, mas não era o que parecia, estando bem próximo de Wattie, pelo menos pra mim, ele vomitou muita água no qual ele a todo o momento bebia em palco e os anos de loucura (se eles tiverem realmente parados) cobra e vimos isso nesse sábado, deu pra ver nitidamente como o estado de saúde de Wattie demanda de muita preocupação e de que, continuar em tour, é loucura, até mesmo os grandes heróis precisam de descanso. Sex And Violence é sem o gigante, mas com o seu público que lotou o palco com a banda para o som, fazendo do momento uma belíssima celebração e retornando para mais duas canções, o Guerreiro Escocês entrou entregando, literalmente, tudo o que podia para o seu público, fazendo todos ali felizes e parte da história do Punk Rock escrita.
O Rio de Janeiro (até dado momento), foi a última cidade no Brasil a ver o Velho Wattie Bucham em ação nessa turnê de despedida no país, ontem o Guerreiro precisou de descanso e cuidados, não deixando ele realizar a apresentação em São Paulo, mas aqui no Rio o show foi lindo, insano e muito, muito bom, o Guerreiro entregou tudo o que podia naquele palco sábado e não me surpreende, em nada, não ter conseguido realizar o show de ontem em São Paulo. Obrigado ao pessoal do Circo Voador e à Agência SobControle por nos permitirem trazer essa cobertura para vocês.