Do Assédio à pedofilia: a podridão de um dos maiores agentes de shows dos EUA

Inicialmente, gostaríamos de dizer que nós, do Headbangers Brasil preferimos encher o site de notícias sobre música, lançamentos, shows, mas não podemos fazer nenhum tipo de vista grossa para esse tipo de matéria, “passar pano”, nem muito menos, ignorar essas histórias. Então, no nosso papel de imprensa especializada no mercado de Rock e Metal Mundial, nos vimos no dever de informar a todos os nossos leitores sobre as denúncias realizadas ontem. Para expor, conscientizar e, evitar que esse tipo de comportamento se repita na cena metal e na sociedade como um todo.

Quem é John Finberg? O que ele fazia ou faz e porque agora esse nome está vindo à tona no Cenário Mundial? Bem, desde ontem estamos lendo uma série de denúncias pesadíssimas contra John Finberg, denúncias essas que não são nada infundadas.

O site Metal Sucks abalou o mundo do metal (e as redes sociais) ontem denunciando publicamente o agente de booking John Finberg de diversos comportamentos abusivos e até criminosos ao longo dos anos.

Conhecido no mercado musical por trabalhar com diversos nomes de destaque do metal, como Nightwish, Amorphis, The Agonist, Delain, Overkill, Krisiun, entre muitos outros,  a conduta de John Finberg agora foi exposta com diversos relatos que nos fazem, no mínimo, perder a fé na humanidade.

Os nomes das vítimas foram todos protegidos com codinomes na matéria do Metal Sucks, mas é impossível imaginar que alguém seria capaz de inventar esse tipo de coisa.

Por trabalhar com nomes gigantes e ser um dos principais agentes de booking nos Estados Unidos, muitas pessoas, segundo a matéria-denúncia do Metal Sucks tem medo de falar sobre o assunto. A matéria aponta inúmeras vezes que Finberg ameaçou colocar bandas e artistas em “listas negras” para que não conseguissem contratos ou turnês, claramente abusando de sua posição no mercado.

Finberg, segundo a matéria, assediou musicistas, intimidou promoters e chegou a ameaçar processar bandas que se recusavam a trabalhar com ele. Existem relatos, inclusive, de ameaças de morte e acusações de comportamentos racistas e xenófobos.

Em um dos relatos, Danny Marino, membro fundador do The Agonist afirma que Finberg tentou, diretamente, prejudicar a banda, ameaçando e exigindo que a gravadora Century Media rescindisse o seu contrato .

Também é preciso destacar a briga entre Finberg e Nature Gangabaigal, frontman da banda Tenger Cavalry e que lutava contra depressão na época. A discussão ocorreu por email, após Nature enviar um link de uma campanha de crowdfunding por engano para Finberg.

A Metal Sucks alega ter posse desses emails, então vamos postar o trecho traduzido de forma livre aqui.

Finberg teria sido agressivo com Nature:
“Pegue seu eu maníaco-depressivo e sua miséria e ódio por si mesmo e suma.”

Depois, Nature enviou um email retrucando as ofensas:
“Tire sua má reputação e sua boca agressiva com drogas e mijo de prostituta e vá se foder”

Finberg fez questão de ir direto ao ponto:
“Só se você prometer se matar, mas parece que você ainda está feliz o suficiente para fazer isso.”*

 

*ressaltamos que o conteúdo do email aqui publicado foi uma reprodução do site Metal Sucks.

 

Nature tinha depressão e um ano após uma discussão,  de fato, cometeu suicídio. Em 2019, aos 29 anos.

Segundo a Metal Sucks, os companheiros de banda de Nature consideram Finberg parcialmente responsável pelo desfecho trágico.

Há relatos de Finberg propositalmente forçando álcool em garotas, abusando delas, agindo como predador sexual.

Outro relato descreve Finberg mostrando para membros de uma das bandas que trabalhava com ele as fotos de uma garota que ele havia levado para casa na noite anterior, tão bêbada que havia urinado em si mesma. A pessoa que faz o relato se questiona “como ele acha legal levar uma mulher neste estado para casa, tirar fotos da mesma e ainda se vangloriar disso?

É válido levantar a questão: se todos sabem da forma como ele age, porque bandas e gravadoras ainda continuam trabalhando com ele? Segundo a apuração do Metal Sucks, o motivo seria a oferta de garantias que nenhum outro agente de booking oferece e se responsabiliza em pagar mais às bandas do que qualquer outro no ramo. Porém, ao dissecar a forma como ele opera, é possível notar curiosas manobras contábeis que, na verdade, o fazem receber uma porcentagem maior dos ingressos do que outros agentes no mercado. Os detalhes do esquema são mostrados na notícia original do Metal Sucks, mas, basicamente, as vendas meet and greet e VIP’s são colocados no mesmo “pote” que os demais ingressos, garantindo uma comissão sobre todos eles, quando, em muitos casos, meet and greet e VIP’s são 100% direcionados as bandas.

Finberg também gerencia o próprio site de vendas de ingressos, e recebe comissão por ele, o que lhe dá todo o controle das vendas e da contabilidade de cada show.

Ele também não faz conversão de moeda de dólares canadenses para dólares estadunidenses em seu site, colocando a venda um ingresso que seria de 23 CADs por 23 USDs, fazendo-o faturar ainda mais sem informar as bandas sobre o caso e embolsando a diferença, de acordo com o Metal Sucks.

Após as denúncias da Metal Sucks, foi possível ver, nas redes sociais, diversos relatos e denúncias sobre Finberg.

Schmier, gigante frontman do Destruction postou em sua rede social relato de conduta violenta de Finberg que, além de ameaçar a banda ainda o acusou de nazismo.

Postagem de Schmier Fink(Destruction) sobre John Finberg, eu sua página pessoal.

Em sua postagem, Schmier Fink(Destruction) diz: “Oh meu bode – isso NÃO é uma surpresa nem pra mim e nem pra muitos dentro da cena. Algumas pessoas são animais desprezíveis e primitivos que ameaçam e assustam o caminho para o sucesso. Ele já me ameaçou diversas vezes, coisas como: “Eu terei certeza, seu NAZI F******, que você nunca mais toque na América.” ou com coisas mais doces como “Eu desejo que você morra na cama de seu ônibus(tourbus) nessa tour, seu Alemão Nazista.” legal né??
Que bom, finalmente algumas pessoas criaram coragem e falaram sobre.”

Uma pessoa (o nome está apagado para proteger sua identidade) relatou casos de pedofilia que teriam ocorrido em Taiwan cometidos pelo próprio Finberg, afirmando estar surpreso que não há nada no artigo da Metal Sucks sobre o fato de que Finberg estaria sempre indo para Taiwan para ter relações com crianças. São acusações pesadas.

Após algumas horas da denúncia, as bandas Nightwish, Delain, Amorphis, Battle Beast, Amaranthe, Swallow The Sun e Sonata Arctica e o Angra se posicionaram publicamente contra as atitudes de John Finberg e declararam que não trabalham mais com ele nem com sua empresa.

O Angra menciona, em suas redes oficiais, que não aceita nenhum tipo de assédio, bullying, racismo ou sexismo e, em vista das recentes alegações contra John Finberg da empresa First Row Talent Agency e baseado em suas próprias experiências com ele no passado, decidiram interromper todo contato com John Finberg, afirmando, também, que a empresa dele não representa o Angra nos EUA e em nenhum lugar do mundo.

Postagem do Angra sobre o ocorrido.

Que todos nós tenhamos consciência de que, se um dia, infelizmente, houve espaço para esse tipo de conduta na cena metal, as pessoas estão criando, a sociedade vem evoluindo e criminosos, abusadores e predadores não terão mais espaço. Que todos aqueles que agem, ou agiram algum dia, como John Finberg, aprendam com os erros e evoluam como seres humanos ou saiam da nossa querida cena metal pela porta dos fundos.

Matéria feita em colaboração: Augusto Hunter e Kito Valim.

Fonte: MetalSucks