Na última terça-feira, 08 de outubro, Belo Horizonte foi palco da Satanic Panic Tour da banda Lucifer, que vem ganhando cada vez mais destaque no cenário mundial com sua mistura de Doom Rocker e Stoner, além de influências das sonoridades dos anos 70.
A abertura ficou por conta da banda Tantum, liderada pela incrível vocalista Chervona. O show começou às 18:30, mas, infelizmente, não consegui assisti-lo desde o início devido ao trânsito. Acredito que isso também tenha sido um fator para o público reduzido no início do evento. No entanto, consegui acompanhar as duas últimas músicas, e foi impressionante. Tanto a voz quanto a presença de palco de Chervona são notáveis. Além de tudo, ela confecciona seus próprios figurinos, com um toque futurista, predominantemente em tons de vermelho, que combinam perfeitamente com seu black power. Chervona também se destaca como ícone feminista em suas redes sociais, e foi dessa forma que conheci seu trabalho e a banda.
A segunda banda da noite, Pesta, é uma das minhas favoritas e, na minha opinião, a melhor banda de doom metal do Brasil atualmente. Eles chegaram baixando os BPMs com um som “gordo e gorduroso”, como brinca o baixista e fundador Anderson Vaca, que já é um nome consagrado no gênero, tendo tocado nas bandas The Evil, Chakal, Vol.4 (cover de Sabbath), entre outras. Thiago, o vocalista, mais uma vez não decepcionou, com sua irreverência e talento inigualável, entregando timbres extremos e um carisma que aproxima ainda mais os fãs. A banda apresentou uma nova música do próximo álbum, que já está sendo gravado e será lançado no início do ano que vem, o que foi uma agradável surpresa. Uma pena o show ter sido tão curto para uma banda tão incrível.
Se com Tantum fui transportada para um clima futurista e com Pesta senti a densidade do doom, a Space Grease me levou diretamente aos anos 70. A sonoridade da banda é incrível, extremamente bem executada e, na minha opinião, impecável. Foi uma grande surpresa. A vocalista tem um timbre de voz que lembra as cantoras escandinavas e sua dança evocava um ritual, me fazendo lembrar de Lindy-Fay Hella, da banda Wardruna. Usando chocalhos em sincronia perfeita com a bateria, ela dançava como se estivesse ao redor de uma fogueira em um ritual, criando uma atmosfera imersiva. Space Grease se tornou, sem dúvida, uma das minhas bandas favoritas do estilo.
O show principal da noite, da banda Lucifer, estava marcado para começar às 21:30. Infelizmente, devido a problemas técnicos no microfone de Johanna Sadonis, o início foi adiado para as 21:45. Com as luzes apagadas, a atmosfera tornou-se ritualística. A emoção de Johanna era visível enquanto era aclamada como a divindade vocal de Lucifer naquela noite de metal belorizontino, em uma cidade que é um dos pilares do metal nacional. Sua performance foi encantadora, com movimentos de braços em uma espécie de dança que acompanhava as batidas da bateria. Johanna se ajoelhava em momentos de adoração a Lucifer, exibindo um carisma e sorriso que criavam um contraste fascinante entre a temática obscura da banda e a luz do “anjo caído”.
O repertório incluiu faixas do mais recente álbum, Lucifer V, além de clássicos que marcaram a trajetória da banda. O setlist completo foi o seguinte:
A performance vocal de Johanna foi impecável, alternando entre o etéreo e o devastador, enquanto o instrumental pesado e melódico de Nicke Andersson e sua banda nos envolvia em uma nuvem de riffs distorcidos e solos hipnóticos. Entre os momentos mais marcantes, destacaram-se as execuções poderosas de “Bring Me His Head” e “Midnight Phantom”. O público estava em transe, imerso no clima místico que só Lucifer consegue criar. O setlist, cuidadosamente montado, trouxe doses equilibradas de nostalgia setentista e modernidade, reafirmando por que Lucifer é uma das maiores forças do heavy/doom metal europeu.
Com uma presença de palco enigmática e visceral, Lucifer deixou o público de Belo Horizonte ansioso por um próximo encontro. Ao final da noite, a banda selou seu pacto com os fãs, provando que o rock sombrio e ritualístico ainda tem muito a oferecer.
Se você não pôde participar deste evento único, prepare-se para o próximo. Porque, uma vez dentro do universo de Lucifer, é difícil querer sair.
Quatro bandas, em uma noite de muito doom e rock’n’roll, marcaram a passagem de Lucifer por BH. No entanto, é importante destacar a necessidade de repensar a quantidade de bandas em um show realizado no meio da semana, especialmente em grandes capitais como Belo Horizonte, onde o trânsito é um fator complicador. Reduzir o número de bandas poderia permitir que o público aproveitasse melhor cada apresentação sem comprometer o horário, facilitando a logística tanto para os fãs quanto para os artistas.
Mais um evento impecável produzido por Xaninho Discos e Caveira Velha Produções, no qual agradecemos pelo credenciamento para trazer essa cobertura, que vêm se consolidando no cenário do metal nacional e internacional, trazendo o que há de melhor para o público.
TEXTO POR GERMÂNIA OPUS MORTIS
FOTOS POR JHONE CARLOS – @cilckdorock