“Sem grandes jornadas psicodélicas, mas inovando na forma de evocar emoções”
NOTA: 3,5/5.
O Mekong Delta surgiu na cena do metal como uma banda misteriosa, com a história de que os membros estavam sob contrato com outras bandas e, portanto, não podiam revelar suas verdadeiras identidades. Mas na época do primeiro álbum, uma formação firme foi estabelecida, composta pelos seguintes membros Wolfgang Borgmann, Frank Fricke (Living Death), Reiner Kelch (Living Death), Ralf Hubert e Jörg Michael (Rage). A música do Mekong Delta era descrita no passado como thrash metal, com tendências progressivas. Mas hoje, definitivamente, o termo thrash metal não se adéqua ao som do grupo.
A banda sempre foi considerada uma anomalia no contexto do Metal, pois sempre fez algo diverso do que a maioria das bandas fazia. Por exemplo: ao longo de sua carreira, coverizou várias peças clássicas, curiosa e principalmente, obras de Mussorsky. Outro exemplo: o trabalho anterior (In A Mirror Darkly) é todo instrumental e é inteiramente baseado em obras do gênero. Contudo, o fato mais curioso é que o vocalista Doug Lee não aparece em nenhuma das 8 faixas do disco, mesmo sendo considerado um membro ativo da banda na época.
Estando a seis anos sem lançar, a banda surpreende mais uma vez com Tales Of A Future Past. Contos de um futuro passado é um álbum ousado que combina o velho e o novo de uma maneira que realmente funciona. Eles mantiveram a essência old school, mas a produção é moderna e instrumentação tem profundidade. Uma das coisas mais importantes sobre esse disco é que ele tem variação. E isto é condição para álbuns conceituais. O ouvinte não fica entediado em momento algum da audição. Bem, pode até ficar, mas não poderá botar a culpa no disco ou nas composições, pois são todas dinâmicas e cheias de texturas. Trata-se de uma aventura quase cinematográfica em que a audição leva a imagens de um mundo imaginário diferente, aliás, de tudo aquilo que já vimos nos filmes sobre o tempo. TOAFP não é progressivo como os álbuns do estilo no passado. Ele inova na forma de fazer progressões sem grandes jornadas psicodélicas. Ao contrario, encontra formas diferentes de evocar emoções. Claro que a narrativa, de um modo geral, exerce algum tipo de apelo nesse sentido. Um exemplo claro fica por conta de When all Hope is Gone, com seus 9 minutos de duração. Mas não é de modo algum, um trabalho baseado em excessos. Ao término da audição, o ouvinte pode dizer para si mesmo que precisa ouvir o disco mais de uma vez para confirmar as impressões e é bom que faça, mas, do ponto de vista deste que vos escreve, não há como não se sentir recompensado ao término de cada uma das audições que se fizerem necessárias.
A formação que gravou o disco é composta por Ralph Hubert (bass & concert guitars), Peter Lake (guitars), Erik Adam H. (guitars), Alex Landenburg (drums) e Martin LeMar (vocals).