Esta semana o METALLICA lança um novo álbum. Infelizmente, não tivemos acesso prévio à obra, como acontece com outras bandas, inclusive alguns medalhões do metal. No entanto, alguns veículos (todos de fora do Brasil até agora) tem publicado suas impressões. Então, para satisfazer um pouco a curiosidade (e aumentar a ansiedade) dos fãs, publicaremos aqui a partir de hoje as traduções de algumas resenhas de 72 Seasons. Começaremos pela Rolling Stone (também publicada na versão espanhola da revista).

A SÁBIA FÚRIA DO METALLICA

A banda oferece algumas das músicas mais duras e profundas que já fez. Por KORY GROW.

O amarelo e o preto são as cores representativas dos sinais de precaução, dos abrigos antiaéreos, dos avisos de “bebê a bordo”, dos anúncios de ameaças iminentes e de catástrofes; por isso, é adequado que o Metallica adote esse esquema de cores para a capa do 72 Seasons, uma espécie de meditação sobre a crueldade da juventude e os perigos que o crescimento traz. Esses temas não são novos para eles (ver “The Unforgiven”, “Dyers Eve”), mas agora que James Hetfield e seus companheiros estão chegando aos 60 anos, eles veem sua jornada para a idade adulta de maneira diferente.

Em seu décimo segundo álbum, o Metallica relembra seus primeiros anos de “toda velocidade ou nada”, uma letra que Hetfield reutiliza do álbum de estreia da banda em 1983, Kill ‘Em All, em “Lux Eterna“, e também se sente “quebrado, espancado e assustado”, uma frase de Death Magnetic, de 2008, que aparece na pesada “Room of Mirrors“.

O Metallica sempre manejou com maestria os riffs corpulentos e pesados, assim como as estruturas labirínticas, mas agora, com mais de 40 anos de experiência, toca com mais propósito do que em seus dias de altíssima velocidade. Em “You Must Burn!“, uma melodia que lembra seu sucesso “Sad But True“, Hetfield canta: “Questione-se, você poderia entender qual é a próxima bruxa que deve queimar”, antes de se imergir em um misterioso segmento com vozes fantasmagóricas distintas de tudo o que gravaram antes. Em “Too Far Gone?“, que tem uma aura punk influenciada pelos Misfits com seus ataques de guitarra, Hetfield pergunta: “Já estou muito perdido para ser salvo? Ajude-me a passar o dia”. Enquanto isso, em “Sleepwalk My Life“, diz: “Devo cair, devo cair? Você viria? Você viria?”.

Sejam obras de ficção ou expressões de sua vulnerabilidade na vida real (desde o último álbum do Metallica, Hetfield voltou ao tratamento contra o vício e se divorciou depois de 25 anos de casamento), as faixas de 72 Seasons mostram um macho alfa que rompe a fachada furiosa do metaleiro, enquanto busca sua própria verdade.

O questionamento culmina em “Inamorata“, uma extensa peça de 11 minutos que se desenvolve lentamente com riffs espessos e grunhidos, enquanto Hetfield canta perspicazmente: “A miséria me precisa, mas eu a preciso mais”. A música é uma aula magistral sobre a melancolia. É a música mais longa no catálogo do Metallica, mas nunca fica entediante, já que a agonia de Hetfield se sente genuína.

Superar aquelas primeiras 72 estações pode ter sido uma tortura para o Metallica, mas agora eles estão percebendo que sobreviveram ao apocalipse para compartilhar sua sabedoria.

Metallica - 72 Seasons cover art