Sempre, no dia 08 de Março de cada ano, nós no Headbangers Brasil rendemos e renderemos, sempre, todas as homenagens necessárias a todas vocês, mulheres, que nos leem, apoiam e colaboram para que o cenário do Rock/Metal continue sendo incrível. Nesse ano, a foto de capa da nossa matéria é a Rainha do Rock, a criadora de tudo. Sem ela possivelmente nada teríamos hoje, então fica nossa primeira homenagem a ela. Obrigado Sista Rosetta Tharpe.

Esse ano, como costumeiro por aqui, não será diferente. Convidamos diversas mulheres que fazem esse cenário rodar. Elas batalham dia após dia em um local onde, infelizmente ainda temos uma misoginia irracional e um machismo vergonhoso dominando. Mesmo com isso tudo, elas não param e não desistem, nos presenteando com o profissionalismo, com a austeridade e a força que somente as mulheres têm. Então, deixemos elas falarem e reforçamos aqui, nem todas as honras rendidas a vocês são o bastante. Obrigado mulheres, muito obrigado.

Isabele Miranda – Assessora de Imprensa: “Ser mulher é passar por lutas diárias, enfrentá-las e continuar sendo resiliente e forte. Mulher é um ser gerador de vida, é aquela que dá a luz, e traz novas vidas ao mundo. Mulheres são naturalmente intuitivas. Quem nunca ouviu falar que sexto sentido de mulher ou de mãe nunca falham? Somos naturalmente comunicativas e astutas.

Ainda somos vistas como vulneráveis, somos minimizadas por alguns, temos que lutar para reafirmar nossa potência,  nossa capacidade de escolha e continuamos lutando pelas nossas conquistas com a tarefa de seguir ampliando espaços. Sofremos o tempo todo com frases ou atitudes machistas que estão enraizadas em nossa cultura. Quando trabalhamos num cenário onde somos minoria então, nem se fala. Seguimos abrindo caminho para novas realizações e fazendo história!”

Nathália Ferreira – CEO e Diretora Executiva da OnStage Agência: Ser mulher em um meio majoritariamente masculino não é fácil. Não é incomum no backstage rolar preconceito, descrédito pelo meu trabalho e até falta de respeito.

Muitos homens tendem a não aceitar uma mulher em posição de liderança, o que é inadmissível. 

Mas seguimos na luta pelo nosso espaço em todas as profissões, e é lindo ver o tanto de mulheres fazendo um trabalho incrível no palco e atrás dele.”

Patrícia Sigiliano – FotógrafaOlá,

Me chamo Patrícia, sou bióloga por formação e fotógrafa por paixão. Trabalho na área de microbiologia de fermentação, no mercado cervejeiro e a fotografia veio, em paralelo, como um hobby. Sempre gostei de fazer alguns registros de shows de bandas as quais era fã e bandas de amigos. À medida que a coisa começou a ficar séria e foram surgindo novos trabalhos, resolvi me matricular em um curso de fotografia da ABAF (Associação Brasileira de Arte Fotográfica), investir num equipamento profissional e me especializar em fotografia de espetáculos.

Sempre que me perguntam como é ser mulher e fotógrafa no meio musical, especialmente na cena underground, confesso que não sei bem o que responder. Afinal, não deveria ser algo diferente ou inovador, mulheres trabalharem como fotógrafas de bandas e espetáculos. O mesmo acontece na área cervejeira… fomos nós, mulheres, que, historicamente, começamos a produzir cerveja e isso só mudou de uma forma mais radical na revolução industrial.

As pessoas ainda se surpreendem ao verem uma mulher trabalhando com cerveja ou fotografando num PIT, cheio de homens. Eu mesma já fiz alguns shows em que era a única mulher dividindo PIT. Já fui arrastada com equipamento e tudo para o meio do mosh (rsrsrs), já recebi muito empurrão, mas também recebi muita ajuda de pessoas que entenderam que eu estava ali apenas para fazer o meu trabalho.

Procuro encarar com naturalidade, afinal, qualquer pessoa, independente de gênero, tem todo direito de trabalhar com aquilo que ama. Mas, infelizmente, somos obrigadas a lidar também com certas situações bem desagradáveis de assédio, com gente olhando estranho e tecendo comentários como: “nossa… mas uma mulher!” Um cômico trágico, sabe? Mas uma realidade desse meio ainda tão dominado por homens.

E o que espero nesse dia em especial? Espero que possamos ser reconhecidas pelo nosso trabalho e habilidades. Que tenhamos líderes comprometidos com o bem estar geral da população, que indubitavelmente, passa pela equidade de gênero. E que num futuro próximo, quando me perguntarem “como é ser mulher nesse meio?”, que seja algo tão natural a ponto de não precisarmos mais de respostas.”

Jéssica Motta – Jornalista (Toca Underground e Confere Rock) – “Ser uma mulher negra que entrevista bandas do Underground dentro e fora do Brasil é de um peso que nem eu mesma tinha a dimensão. Toda representatividade e reconhecimento por fazer o que amo e da forma que acredito é de um valor sem igual, o que me traz retornos inestimáveis.

Juliana Carpineli – Editora Chefe (Big Rock N´Roll) – Me chamo Juliana Carpinelli e sou editora-chefe do site Big Rock N’ Roll.

Para quem ainda não conhece, a Big Rock está prestes a completar 9 anos no ar, levando ao leitor notícias, curiosidades, informações diversas sobre o mundo do rock/pop/ e, às vezes geek, e também participa de coberturas de shows nacionais e internacionais pelo Brasil. A Big Rock já teve o prazer, por três vezes (2018/2019/2022) de cobrir um dos maiores festivais de heavy metal do mundo, o Wacken Open Air, na Alemanha.

Bom, não é fácil manter um site totalmente independente, sem investimentos financeiros e administrado por uma mulher. Já escutei diversos “não” pelo fato do site não ter um nome forte no mercado e por a “CEO” não ser nem jornalista formada. Na minha opinião, isso não tira o mérito de sim ser um site com conteúdo sério, onde eu (a dona do site) acordo todos os dias às 05h da manhã para deixar tudo programado para alimentar o portal e as redes sociais e na sequência sair para trabalhar no emprego fixo – sim, infelizmente não posso viver do site, pois tenho que pagar as contas da casa. No fim do dia, retornar para casa estudar (faço MBA de marketing digital) e, novamente, atualizar todas matérias, reviews e solicitações que a Big Rock recebe diariamente. Afirmo que não é fácil, mas quando finalizo tudo e olho para o dia que passou, tenho orgulho que consegui fazer tudo e que vou receber algum retorno positivo por isso um dia.

Já passei por situações “chatas” de ser deixada de lado em eventos da imprensa, mas ainda bem que cruzei com gente muito legal também e que me ajudou a encontrar o caminho das pedras e, até hoje, são meus amigos. Hoje em dia, tenho uma equipe formada por amigos e que me respeitam e admiram pela coragem em manter um site de rock no ar.

O que tiro de lição de tudo isso? Que sim, sou mulher e muito batalhadora! Na verdade, me sinto uma vencedora! E tenho certeza que terei muito mais orgulho daqui em diante…

Heloísa Vidal – Tour Manager e Fundadora do Brasil Music Press  – “No início, cerca de 15 anos atrás ou um pouco mais, era bem complicado ser uma mulher produtora de shows, e principalmente tour manager. As bandas ainda são em sua grande maioria, composta por homens. Ter uma mulher dizendo o que pode ou não pode ser feito, ou impor certas restrições, era bem complicado. Hoje em dia, é bem mais tranquilo, as mulheres são totalmente aceitas e respeitadas neste trabalho. Muito orgulho de representá-las no show business!

Angélica Burns – Vocalista do Hatefulmurder – “Quando comecei a tocar lá em 2006 foi bem difícil, pois não havia muitas mulheres tocando em bandas no Rio. Mas nunca deixei de lutar para mostrar que as mulheres merecem sim estar no palco. Hoje vemos uma representatividade muito maior das mulheres na cena em todo o Brasil e isso me deixa muito muito feliz, pois estamos quebrando esse paradigma imposto pelo machismo de que o metal só pode ser feito homens. E a nossa luta continua!! Sempre!!”