Resenha: AC/DC – Power Up (2020)

“Sempre igual. AINDA BEM!!!”

Finalmente. O novo disco do AC/DC, seu 17º álbum de estúdio, chega ás lojas e para a felicidade geral dos fãs, com seu som característico intacto. A expectativa por “Power Up” era totalmente justificada, pois marca o regresso do cantor Brian Johnson a line-up, e de quebra acompanhado de Cliff Williams (baixo) e Phil Rudd (bateria). Para tornar a coisa ainda mais familiar, Stevie Young é o responsável pela guitarra base. E para garantir, o produtor Brendan O’Brien, que esteve presente no duplo platinado “Black Ice” em 2008, e no disco de ouro “Rock Or Bust” em 2014, pilotou a mesa de som mais uma vez.

Vamos ouvir faixa a faixa esse que é, sem dúvida alguma, um dos álbuns mais esperados do ano. “Realize” abre com o som hard rock pesado pelo qual eles são mundialmente conhecidos. Brian se mostra em grande forma e o instrumental preciso, como já era de se esperar. A base sólida está ali e Angus inspirado em suas entradas. “Rejection” segura um pouco na cadencia e já vou aconselhando, mantenha seu volume bem alto e aprecie cada detalhe, pois é uma lenda viva se apresentando. O rife consistente entra na cabeça e você não quer mais que ele pare.

“Shot in the Dark“, o primeiro single do álbum, foi o cartão de visitas de “Power Up” e aqui a faixa pode ser melhor degustada em meio ao banquete completo. Essa música possui o espírito do AC/DC, pois carrega praticamente todas as qualidades, que esse monstro da música pesada construiu ao longo da sua carreira, apesar de só ter pouco mais de três minutos. “Through The Mists Of Time” destaca a linha de baixo de Cliff Williams, que conduz um ritmo descontraído. O refrão é sensacional e o solo de Angus cativa a imaginação do ouvinte com inserções precisas.

Hora do AC/DC colocar em prática sua mistura inconfundível de blues com groovy em “Kick You When You’re Down”. Imagine-se em um lugar bem antigo e pequeno, como um saloon, com mesas redondas de madeira, um palco minúsculo e todas as poucas pessoas levantando seus copos para acompanhar o coro no refrão. “Witch’s Spell” tem os melhores backings do álbum e perceba que Angus coloca sua assinatura por toda a harmonia e um solo incendiário. “Demon Fire” entra na sequencia segurando a vibe em alta, com o vocal de Brian se juntando ao rife para acelerar as coisas. As escalas rápidas são contagiantes e o refrão é daquele tipo que vai ficar na sua cabeça por dias.

“Wild Reputation” abre com sons graves e lentamente evolui para uma canção bem rock n roll. A cadência tem o selo de qualidade dos australianos, com Angus encaixando notas precisas dentro do ritmo, que é comandado pela cozinha. Brian se utiliza mais uma vez de tons graves e os backings são perfeitos. “No Man’s Land” traz um pouco de ares confederados mais uma vez para “Power Up“. Mais um vez os backings brilham e o som, com um Q de slide guitar, coloca um charme na faixa que a torna irresistível. Não lute contra esse ritmo, relaxe, balance sua cabeça e bata os pés. Isso é AC/DC, meu caro.

A dinâmica da bateria de Phil Rudd dita o andamento de “Systems Down”, que tem pitadas de elementos muito usados pelo AC/DC nos meados dos anos 80, como o rife destacado ao lado do solo. “Money Shot” sugere um rock n’ roll simples e básico, mas que na mão do AC/DC se transforma em um canhão sonoro. As passagens são repletas de vibração, com o trabalho das guitarras reforçando o conjunto final, principalmente no solo de Angus, um dos melhores de “Power Up“. O álbum se encerra com as partes mais técnicas proporcionadas pelas seis cordas e um novo coro afiado reforçando o refrão em “Code Red”.

Mesmo antes de ouvir uma nota, “Power Up” já era um trabalho vencedor e marcante, por tudo que o envolve. A formação atual por si só já era motivo para comemoração, além do disco ser uma homenagem ao inesquecível Malcolm Young. Mas a banda ainda nos proporcionou uma coleção de faixas do mais alto nível e o principal, sem mudar uma vírgula de sua história. O som em “Power Up” é AC/DC, nada mais, nada menos. Ainda bem!