Bosco Sacro é um quarteto italiano formado em 2020. Seus integrantes têm atuado ativamente na cena underground italiana e europeia ao longo dos últimos anos, lançando e apresentando novas produções musicais. A banda é composta por Paolo Monti (The Star Pillow, DAIMON), Giulia Parin Zecchin (Julinko), Luca Scotti (Tristan da Cunha) e Francesco Vara (Tristan da Cunha, Altaj).
A sonoridade do grupo é inspirada pela grandiosidade sublime da natureza e das paisagens, transmitindo uma sensação de reconexão e contemplação. Sua música reflete uma abordagem devocional, onde a prática musical se torna um movimento de cura e libertação. O estilo do Bosco Sacro combina atmosferas oníricas, ritmos desacelerados e uma profundidade sonora e espiritual marcante, incorporando influências de ambient, doom e trip-hop. Uma excelente dica para fãs de artistas como Swans, Dead Can Dance (no início de carreira), Cocteau Twins, Mourning Sun, Noêta, dentre outros.
O álbum de estreia, Gem, foi lançado em 2023, consolidando as experiências individuais de cada integrante em uma nova forma de expressão musical. Com a produção de Lorenzo Stecconi – que já colaborou com bandas como Amenra, Zu, Ufomammut e Lento –, este foi gravado em uma única sessão em outubro de 2021. O processo ocorreu no AMM Monteggiori Studio, um estúdio situado em meio ao silêncio e à paisagem serena das colinas da Toscana.
Desde então, o quarteto partiu para levar sua música a outros palcos, fazendo shows pela Europa, garantindo participações em grandes festivais, como o Brutal Assault e o Frantic Fest.
Ao longo de 2024, eles se dedicaram inteiramente à criação de novas músicas. Diferente do início da banda, desta vez o grupo aprimorou seu processo de composição por meio da prática contínua e da experimentação ao vivo, explorando ao máximo a dinâmica dos ensaios presenciais. Os integrantes vivem em diferentes regiões da Itália, separados por longas distâncias e compromissos individuais, o que sempre tornou desafiador encontrar momentos ideais para se reunir e desenvolver novas ideias musicais.
Em abril de 2025, eles retornam aos nossos players com o álbum ao vivo “Live at Chiesa Armena“, trazendo a apresentação que ocorreu em uma capela para um público íntimo, em agosto de 2024, o que sintetiza esses anos de início do grupo, simbolizando a transição entre o disco de estreia e o próximo trabalho de estúdio, ainda sem data. Porém tivemos acesso antecipado ao álbum e viemos aqui trazer nossas impressões sobre essa excelente obra.
Essa apresentação nasceu de uma curta residência artística promovida pela Go Down Records, realizada em uma vila do século XVI, no nordeste da Itália, onde a banda mergulhou durante três dias intensos e produtivos na atmosfera inspiradora do local, passando momentos especiais na capela colorida da vila. Entre essas pausas contemplativas, realizaram longas sessões de ensaio, avançando significativamente na construção de seu próximo álbum e fortalecendo os laços entre os membros do grupo.
Ao final dessa experiência, o Bosco Sacro realizou uma apresentação na igreja armênia da vila, diante de um público caloroso e receptivo. Tanto as gravações do show quanto o álbum capturam a essência mágica e autêntica do momento. O repertório contou com Gem na íntegra, além de três músicas inéditas: “The Future Past”, “Dong-Dee” e “Undertow”.
E são justamente as inéditas que abrem o álbum, com uma excelente sacada, pois se trata nos faz imergir num abismo desconhecido, nos desperta a curiosidade e nos traz para o mundo mágico do quarteto de imediato.
Sobre a primeira música, “The Future Past”, a banda diz: “Essa é a composição mais rápida que já criamos e uma das nossas favoritas de todos os tempos. A música atingiu sua forma final em apenas algumas horas de ensaio e foi diretamente inspirada pelo tempo que passamos juntos durante nossa residência na Villa Albrizzi Marini (perto da região de Veneza, na Itália).
Ela começou a tomar forma em uma tarde, enquanto explorávamos em silêncio os cantos e os detalhes da pequena igreja encantada, caminhando para cima e para baixo pelo seu chão. Em determinado momento, nos pegamos cantando juntos. No dia seguinte, trouxemos essa experiência para a nossa apresentação ao vivo, especialmente no início do show: uma introdução à capella como uma maneira sutil de pedir permissão àquele espaço sagrado antes de nos entregarmos ao fluxo elétrico da música”.
Há um vídeo dessa apresentação no canal do YouTube da banda:
Ouvir o “Gem” ao vivo nos traz em parte uma sensação de ser tão bom quanto no estúdio, mas, ao mesmo tempo, sentimos algo mágico ali presente entre os acordes que provém da experiência de estarem todos ao vivo no mesmo instante e isso deixa a experiência muito especial e mágica.
Se você ainda não conhece o Bosco Sacro, eu fortemente o recomendo. É magia pura para os ouvidos.
Track list:
- The Future Past
- Dong Dee
- Undertow
- Ice Was Pure
- Fountain Of Wealth
- Be Dust
- Emerald Blood
- Les Arbres Rampants
- Bosco Sacro
NOTA: 4,0 / 5
TEXTO POR: EDI FORTINI