“A verdadeira old school

E lá se vão trinta anos do lançamento do primeiro full-length do Cadaver, o mortal “Hallucinating Anxiety” e chega ser impressionante a forma que “Edder & Bile” soa como uma continuação natural do trabalho lançado em 1990. A mente pensante por trás do Cadaver, Anders Odden, simplesmente ignora a tal da ‘lei da evolução musical’, que existe e é importante sim, mas que as vezes é usada como desculpa para suavizar o som ou deixar que uma produção muito caprichada esconda certas imperfeições. No caso do Cadaver esse problema não existe.

Morgue Ritual” começa já colocando as cartas na mesa de maneira devastadora. O castigo imposto pelo baterista Dirk Verbeuren (ex- SOILWORK) ao seu kit é desumano e a massa sonora que sai pelos autofalantes beira um ataque nuclear. A música é tão insana que chega a intimidar o ouvinte. Em “Circle of MorbidityJeff Becerra (Possessed) aparece como convidado para ajudar a espalhar o caos sonoro. Os urros ecoam em meio a passagens com quebras mais acentuadas, porém sem perder potencia. “Feed the Pigs” traz outro convidado, Kam Lee da cultuada banda Massacre e a velocidade da luz entra em cena. Os rifes são muito incisivos e os bumbos não tem um segundo de paz.

Final Fight” é tão agressiva quanto as anteriores, mas aqui os vocais parecem transmitir mais desespero e loucura. E a coisa toma um rumo ainda mais profundo com “Deathmachine”, que é uma verdadeira aula de como alinhar as linhas de baixo e bateria em uma música extrema. A cadencia proposta no andamento intermediário é muito densa e depois descamba para o extermínio mais uma vez. “Reborn” entra atropelando tudo e fazendo o possível para destruir algumas paredes. As variações podem ser sentidas e um pobre mortal, não acostumado com esse tipo de som, pode sofrer danos irreparáveis em sua audição despreparada. O cataclismo que o Cadaver oferece é destruidor.

Não há tempo para descanso ou pausa, um novo ataque chega com “The Pestilence”, ora com sua cadencia ‘racha mármore’, ora aumentando a velocidade nos rifes e nas pancadas na caixa. A faixa título oferece um ritmo mais contido em algumas partes, mas igualmente devastador. O som se recusa a abrir mão de linhas mais rápidas e essa mistura soa sensacional. “Years of Nothing” possui um intro progressiva, mas quando ganha intensidade é melhor você sair da frente para não ser pulverizado. O solo é encaixado no pesado andamento como se fosse um flagelo e os rifes, marcantes, proporcionam a devida base para a destruição ser completa. “Let Me Burn” começa com guitarras dobradas e outra sessão de tortura para os bumbos – o trabalho de Dirk Verbeuren nesse disco precisa ser ressaltado, sempre.

Muito se fala de raízes, manter suas origens, ser ‘old school’, mas poucos trabalhos fazem jus a esses adjetivos como “Edder & Bile”. O álbum se vale das possibilidades e modernidades que os estúdios de hoje em dia oferecem para realizar uma produção de qualidade, mas o som em seu estado bruto, caótico, mortal e devastador como o Cadaver registrou nesse disco, muito poucos conseguem transmitir. Definitivamente esse trabalho é death metal matador feito à moda antiga. Confira.

Nota: 4/5

Tracklist:

  1. Morgue Ritual
  2. Circle of Morbidity
  3. Feed the Pigs
  4. Final Fight
  5. Deathmachine
  6. Reborn
  7. The Pestilence
  8. Edder & Bile
  9. Years of Nothing
  10. Let Me Burn

 Line-up

Anders Odden – Guitars, Bass & Vocals

Dirk Verbeuren – Drums

Guests:

Jeff Becerra

Kam Lee

 

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