Sem reinventar a roda, mas ainda assim surpreendente e acima da média!
Ao lançar Eldorado, em 2023, Edu Falaschi dá aos seus fãs a segunda parte de uma trilogia iniciada com Vera Cruz, o bom, porém irregular disco de 2021. Claro que alguns clichês do Power Metal estão presentes aqui, a semelhança com o Angra fase Temple of The Shadows é inevitável, mas aqui temos nossos sabores que trazem um frescor há muito necessário em bandas do estilo.
A jornada começa de maneira épica com a faixa Quetzalcóatl, nome da famosa Serpente Emplumada da Cultura Asteca. As letras contam a história de Jorge e fazem várias referências ao período Asteca, sempre com um ar histórico presente em cada canção ou interlúdio. A segunda faixa, intitulada Señores Del Mar (Wield the Sword) traz a participação especial do vocalista da banda Mago de Oz, José Andrëa ao lado de Falaschi. A música começa com um violão flamenco muito bem executado pra depois descambar naquilo que se espera de ambos os vocalistas: aquele metal melódico cheio de bumbos duplos e solos velozes, perfeitos pra se tornar um clássico do estilo e tocar nas feiras medievais, que estão em moda ultimamente.
Sacrifice inicia e logo tenho que olhar de novo para o som pra me certificar de que não é o Symphony X que começou a tocar por engano. Claro que os fãs do Angra vão acusá-lo de não ousar muito, mas a faixa é inegavelmente bem construída e bem tocada e com certeza renderá bons momentos ao vivo. Empty Shell é a primeira balada do disco, linda forte e cativante com excelente refrão, mostrando um pouco da faceta mais Hard Rocker de Edu. O som vigoroso e potente de Tenochtitlán dá o tom em seguida, num Speed Metal que parece um Helloween com veia Thrash que possui o Malmsteen como guitarrista. A faixa título é a melhor do disco, cheia de nuances diferentes, ora balada, ora soturna com um quê de Queensrÿche, ora meio Dream Theater, caso o mesmo tivesse um bom vocalista. O Power Metal segue presente em Reign Of Bones, com ótimos teclados e convenções marcantes.
A música possui um interlúdio bem curioso, onde a cantora indígena Sara Curruchich canta em Kaqchikel, língua nativa maia. A faixa Suddenly é uma balada emotiva e tocante, e sua versão em espanhol aparece como última faixa do disco com o nome de Vem a Mi. A versão espanhol é muito mais bonita do que em inglês, diga-se de passagem.
O encerramento poderia ser com a faixa Wings of Light e sua introdução parecida com um hino de algum país escandinavo. Porém, o disco encerra com uma baladinha insossa, pretensiosa e água com açúcar chamada In Sorrow, cujo título deve ser alguma referência ao modo como a faixa faz o ouvinte se sentir, em dores. No geral é um disco bem coeso, bem produzido e composto. A banda que o acompanha é excelente e Edu parece exorcizar de vez seus tempos de Angra, fazendo um disco honesto, pesado, alegre e profundo, que com certeza soará ainda melhor ao vivo.
NOTA: 4 / 5
TEXTO POR DIOGO FRANCO
