Fala, galera, beleza?
Biel Furlaneto na área, e hoje a gente vai falar de uma banda que, apesar de poucos álbuns, simplesmente transformou pra sempre a indústria musical. Apesar de estar até hoje na ativa, o último álbum de inéditas da banda já tem quase 20 anos — e o anterior a esse tem mais de 30!
Apesar da discografia pequena, são tantos hinos que é comum que boas pérolas fiquem perdidas pelo caminho. Mas não hoje!!
Hoje vamos além de Sweet Child, November Rain, Patience, Don’t Cry e etc…
You know where you are? You´re in Além do Óbvio, baby… bora lá?
Anything Goes (Appetite for Destruction, 1987)
É meio consenso que o AFD é basicamente o maior álbum de estreia de uma banda na história. No meio do caminhão de hinos, a pesada Anything Goes acaba por ser esquecida de forma injusta. A canção é puro instinto: suja, acelerada e cheia de malícia. Dá pra sentir a vibe dos tempos em que o Guns tocava em clubes imundos de Los Angeles, antes de virar um gigante dos estádios. Puro suco da banda mais perigosa do planeta!
You’re Crazy (Appetite for Destruction, 1987)
Tem gente que só conhece a versão acústica do Lies, mas a original, lá no Appetite, é uma paulada. Direta, raivosa, quase punk. Axl canta como se estivesse cuspindo cada palavra. Dá pra entender fácil por que esse disco mudou o jogo. Eu, particularmente, já assisti alguns shows da banda, e hoje eles tocam de forma mais cadenciada, mas a violência da versão original é absurdamente interessante.
Don’t Damn Me (Use Your Illusion I, 1991)
Eu costumo dizer que, se os Illusions fossem um álbum só com os hits, seria o melhor álbum de todos os tempos. A parte ruim se isso acontecesse seria deixar de lado pérolas como essa. O riff é matador, e o refrão gruda fácil. Um tesouro escondido. É uma das letras mais pessoais do Axl. Fala sobre julgamento, liberdade de expressão e consequências. Nunca foi tocada ao vivo pelo Guns, mas já já nós voltamos nela.
The Garden (Use Your Illusion I, 1991)
Não confundir com Garden of Eden, que é bem mais animada. A música The Garden tem uma atmosfera meio psicodélica, longe dos riffs animados e da voz por vezes raivosa do Axl. A cereja do bolo é a participação do sempre excelente Alice Cooper. Slash estava inspiradíssimo e faz um solo de chorar. É como se fosse uma mistura de Estranged com Knockin’ On Heaven’s Door. Detalhe: essa tem até clipe, mas nem se compara em visualizações com a trilogia dos Illusions, por exemplo.
Coma (Use Your Illusion I, 1991)
Já há alguns anos é uma música presente nos setlists da banda, mas que claramente empolga poucos dos mais desavisados. Amigos, vocês estão prestes a embarcar em uma jornada de mais de 10 minutos de loucura, insanidade e descontrole. Musicalmente, é um campo minado: a guitarra do Slash muda de forma o tempo todo, a bateria do Matt Sorum é um ataque constante, e a música vai crescendo e diminuindo várias vezes até te engolir. Não é fácil de digerir, mas também não foi feita pra ser. É pra sentir, surtar e emergir do outro lado meio zonzo — e meio transformado. Se você não se arrepia com Axl gritando “AND SOMEONE TELL ME WHAT THE FUCK IS GOING ON, GODDAMMIT!” é porque você morreu por dentro, ou talvez esteja em coma.
Breakdown (Use Your Illusion II, 1991)
Se você já assistiu os shows oficiais do Use Your Illusion no Japão, certamente vai reconhecer a introdução, com seu banjo dando o tom. Era a introdução que tinha antes dos shows começarem no VHS/DVD. Mas o que poucos sabem é que a música vai muito além desse começo. No restante da música, Breakdown evolui para um hard rock intenso, com guitarras afiadas, bateria pulsante e um refrão que explode em emoção. A letra fala de perda, frustração e o desmoronar de algo importante — temas que casam perfeitamente com a pegada visceral da banda nessa fase.
You Can’t Put Your Arms Around a Memory (The Spaghetti Incident?, 1993)
O álbum de covers feito pelo Guns N’ Roses geralmente é lembrado por duas faixas: Since I Don’t Have You (originalmente do grupo The Skyliners) e Attitude (do Misfits). Essa música é cantada pelo baixista Duff McKagan (uma das poucas, ao lado de Attitude inclusive) que não conta com Axl nos vocais. A versão do Guns mantém toda a melancolia da composição original (de Johnny Thunders, vocal do New York Dolls), mas acrescenta aquele peso característico da banda, com guitarras afiadas e bateria marcante. A voz do Duff transmite uma sensação de frustração e solidão que bate fundo, deixando claro que não é só mais uma cover qualquer: é uma interpretação cheia de sentimento e atitude.
Street of Dreams (Chinese Democracy, 2008)
Bom, aqui, se eu quisesse, provavelmente faria uma redação tentando convencer vocês de que essa é top 3 baladas da banda. Não vou chegar a tanto, mas vou citar algumas qualidades, não sem antes lembrar que ela surgiu como “The Blues” lá no Rock in Rio 2001. A versão definitiva presente no controverso Chinese Democracy apresenta mais uma das baladas regadas a piano que só alguém sensível como Axl consegue fazer. Melancólica ao extremo, tem um solo magnífico e estoura no final de uma forma que sempre me deixa em choque. A letra é um capítulo à parte. É quase uma facada no coração, cheia de dor contida e reflexão sobre amores que não deram certo. Fala da dificuldade de desapegar, da sensação de andar por um caminho que deveria levar à felicidade, mas que só deixa um gosto amargo.
This I Love (Chinese Democracy, 2008)
Uma das grandes reclamações sobre o Chinese é seu som industrial, moderninho demais, além de ser algo que demorou um século para sair. Quanto ao tempo, de fato não tem muito o que falar, mas sobre a sonoridade eu te trago o segundo motivo para dar uma chance. Mais uma balada intensa regada a piano. Nessa, o destaque vai para os vocais de Axl que fazem a gente quase chorar. O solo de guitarra, mais uma vez, primoroso e totalmente sentimental. É uma balada sobre vulnerabilidade, dor contida e a força das emoções que não se apagam facilmente. Vale demais a chance.
There Was a Time (Chinese Democracy, 2008)
Vai ficar parecendo que as músicas rápidas do Chinese são ruins (algumas são bastante, rs, mas tem coisa boa), mas eu não tenho como não citar, pela terceira vez, uma balada. Essa tem uma vibe um pouco mais “moderninha”, por assim dizer, com guitarras pesadas e bem marcadas em vários momentos, e que certamente tem uma das vibes mais grandiosas da discografia da banda, misturando peso e sentimento de uma forma quase sobrenatural. O refrão no meio, com as vozes de Axl sobrepostas. O solo é mágico, sendo sustentado por uma bateria potentíssima. Tudo fica enorme no final. Um mix de sentimentos que invade nosso corpo e não deixa um átomo sequer alheio ao que está acontecendo. Uma apoteose de sentimentos. Raiva, frustração, arrependimento, excesso. Você sente a dor de Axl em cada palavra que sai da sua boca. É quase o cardio do dia de tão intenso.
BÔNUS TRACKS
Como bônus, vou deixar a participação de Axl Rose no album Angel Down, do ex Skid Row Sebastian Bach, lançado em 2007. Alem de Back in The Saddle, cover do Aerosmith, Axl ainda contribui cantando em “Stuck Inside” e “(Love Is) A Bitchslap”. Essa parceria trouxe Sebastian para o Brasil para abrir o show do Guns em 2010. Eu fui só por causa do Sebastian (não curtia muito Guns) e saí de lá apaixonado por Axl e sua trupe. E não vai pela memória afetiva.
Vou deixar um segundo bónus que é a nossa famigerada Don’t Damn Me ao vivo, mas não com Axl. Quando voltou para o Guns, Slash deixou de tocar os hits da banda em sua carreira solo. Por outro lado, ele desenterrou essa canção para ser cantada pelo seu baixista Todd Kerns (que eu AMO) durante os shows. Vale demais o registro, que voce pode conferir no link abaixo
Eaí, gostou do nosso Alem do Obvio??
Conta tudo pra gente aqui nos comentários.
E vale lembrar, o Guns N´Roses está retornando ao Brasil, quer saber tudo sobre, clique aqui.
Semana que vem a gente volta.
Valeeeeeeeeeeeeeeeeu!