Fala, galera! Beleza? Biel Furlaneto na área, e hoje nossa coluna vem carregada de nostalgia e saudade.
No dia 16 de maio de 2025, completaram-se 15 anos da partida de uma das vozes mais marcantes da história do metal. Um gigante de 1,63m que “inventou” o símbolo do rock e interpretou alguns dos maiores clássicos da música pesada.
Hoje vamos além do arco-íris, atravessando céu e inferno, nos levantaremos, gritaremos e até conversaremos com estranhos para mostrar que nosso baixinho pode não ser mergulhador, mas é sagrado!
Neste Além do Óbvio, falaremos de todas as fases do Dio. Do ELF à carreira solo, passando por Rainbow e Black Sabbath, claro.
Horn’s Up!

Bora lá?

Shame On The Night

Álbum Holy Diver (Solo, 1981)
Quando se fala em Holy Diver, vem à mente a avalanche de clássicos que o álbum carrega. Além da faixa-título, temos Rainbow in the Dark e Don’t Talk to Strangers, por exemplo. Lá no final, você encontra essa faixa poderosa e emotiva, com Dio explorando um registro mais grave e teatral, quase narrativo, que enfatiza o peso da letra. A música se distancia dos hits mais energéticos do disco, apostando em um tom mais atmosférico, quase doom.

Sensitive To Light

Álbum Long Live Rock ‘n’ Roll (Rainbow, 1978)
Antes do Sabbath, da carreira solo e tudo mais, Dio se juntou a Ritchie Blackmore no Rainbow para fazer história. A faixa-título do álbum é a joia maior, mas lá no final temos um rock ‘n’ roll potente, cheio de energia, com a voz de Dio se fundindo aos riffs de Blackmore. É um belo exemplo do que seria o Dio no Deep Purple, por exemplo.

Love Me Like A Woman

Álbum ELF (ELF, 1972)
Em 1972, Dio ainda era Ronald Padavona e cantava um blues rock gostoso. Muito piano, muita guitarra com aquele riff característico do estilo, refrão crescente e um registro excelente dos primeiros passos (ou gritos) de quem viria a ser um dos maiores de todos os tempos. Vale destacar que aqui, além de cantor, Dio também tocava baixo.

Over and Over

Álbum Mob Rules (Black Sabbath, 1981)
Uma música do Sabbath que fala de amor. Não, você não leu errado. Embora mantenha as características sonoras da banda, Dio entrega muita emoção numa performance quase inacreditável. Um solo primoroso de Tony Iommi adiciona mais uma camada de sentimento a essa faixa magnífica.

Fever Dreams

ÁlbumMagica (Solo, 2000)
Terceira faixa do álbum conceitual Magica, traz um riff um pouco mais moderno do que costumamos ouvir nas músicas do Dio, o que não diminui sua qualidade. Mais uma ótima apresentação vocal, dessa vez fazendo menos esforço para alcançar as notas altas. Dizem que a história de Magica seria uma trilogia, que Dio infelizmente não chegou a concluir.

Sixteenth Century Greensleeves

ÁlbumRitchie Blackmore’s Rainbow (Rainbow, 1975)
O primeiro trabalho de Dio com o Rainbow é constantemente lembrado pela música “Man on the Silver Mountain”, mas há muito mais nas entrelinhas. Uma delas é essa faixa, com Blackmore fazendo magia na guitarra e Dio com sua potência característica — um prato cheio para fãs da dupla.

Just Another Day

Álbum Sacred Heart (Solo, 1985)
Chegando com o pé na porta, essa faixa lembra muito o Judas Priest e traz um Dio cantando com mais raiva do que de costume. A banda toda incorpora essa velocidade e crueza de forma visceral. Destaque para o refrão belíssimo.

Black

Álbum – Angry Machines (Solo, 1996)
Pouco mencionado, este álbum traz em “Black” uma pegada quase industrial de tão pesada. O canto tem uma carga que lembra um drive mais agressivo nos versos e um refrão quase à la Alice in Chains, arrastado nos vocais. Muitos fãs não curtiram essa abordagem, mas vale ouvir para confirmar sua opinião.

Sins Of A Father

ÁlbumDehumanizer (Black Sabbath, 1992)
Arrastada e pesada, lembra até a época de Ozzy no Sabbath. Mas o diferencial está na voz do baixinho. Mais uma música cantada com raiva, enquanto a banda acompanha de forma feroz. Destaque também para a letra cheia de metáforas existenciais.

Breaking Into Heaven

Álbum The Devil You Know (Heaven and Hell, 2009)
Finalizamos com o último registro de estúdio de Ronnie James Dio, que era basicamente o Black Sabbath com outro nome. Um épico pesadíssimo, uma das canções mais densas e apocalípticas do disco. O título já diz tudo: sobre invadir o paraíso, romper limites impostos por uma autoridade celestial, questionar dogmas e enfrentar o destino de frente, custe o que custar. A música cresce lentamente, numa progressão climática, até se tornar um verdadeiro hino de resistência épica. É o fim do álbum e também um testamento sonoro de Dio.
Sua voz permanecia impecável, sem dar qualquer sinal de que sua jornada seria interrompida por um câncer no estômago. Em novembro de 2009, Dio foi diagnosticado e, em maio de 2010, pouco mais de um ano após o lançamento de The Devil You Know, o mago partiu rumo à eternidade.

Bônus

Escolhi dois shows como bônus para mostrar a potência, o carisma e o tamanho do nosso eterno baixinho.
Primeiro, uma apresentação do Black Sabbath no Rio de Janeiro durante a turnê do álbum Dehumanizer em 1992. Com filmagem profissional (TV Gazeta na época), é um belo registro de uma das turnês de um dos álbuns mais subestimados do Sabbath:

O segundo é o show do Heaven and Hell no Wacken, em julho de 2009, um dos últimos antes do diagnóstico, mas já com dores, segundo o baterista Vinny Appice.
Certa vez, Vinny disse à Ultimate Guitar: “Não sabíamos que ele estava doente naquela última turnê, em 2009. Porém, ele já reclamava para Tony, na lateral do palco, sobre dores no estômago. Coisas do tipo ‘ugh, estou com gases’ e ‘ai, meu estômago’. Achávamos que era algo pequeno, nada sério.

Essa frase só torna o show ainda mais especial, pois ali estava uma lenda viva, enfrentando todas as dificuldades e, mesmo assim, sendo o astro que sempre foi.

Dio não inventou os mitos — ele os cantou como se tivesse vivido cada um, com uma voz capaz de abrir os portões do céu ou despertar os demônios do inferno. Que continuemos sempre nos levantando e gritando o quão especial foi Ronnie James Dio.

Gostou? Aproveita e conta pra gente qual banda você quer ver aqui no Além do Óbvio na próxima!

Valeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu