Fala, galera! Tudo certo? Biel Furlaneto na área e hoje eu vou contar uma pequena história que explica a escolha da banda da semana.

Minha trajetória no HBR começou exatamente no dia 10/09/2024, quando minha irmã, colega de site e ídola Amanda Basso me mandou a seguinte mensagem às 11h22 da manhã:

– Biel, topa fazer uma cobertura de emergência amanhã? Vai ser no Carioca Clube, em Pinheiros.

Perguntei qual era a banda e, ao saber que era o Therion, aceitei — mais para ajudar a Amanda do que por gostar da banda, que, sinceramente, eu nunca tinha ouvido falar até aquele momento.

Depois de um verdadeiro “intensivão” de um dia ouvindo o som dos caras, fui ao show, escrevi a resenha, a galera curtiu, e o Augusto — chefe do HBR (e hoje meu brother) — me convidou a integrar a equipe. Se quiser conferir essa coluna, é só clicar AQUI.

Outro dia, conversando com o Augusto, ele me soltou:

– Por que você não faz um Além do Óbvio do Therion, que foi a banda que te trouxe pra cá?

E cá estamos, com a edição mais desafiadora da coluna até agora. Abaixo, selecionei 10 músicas pouco conhecidas em número de reproduções, mas que definitivamente merecem sua atenção.

Bora nessa?

Adulruna Rediviva – Gothic Kabbalah (2007)

Vamos começar com uma música de quase 14 minutos, porque se é pra entrar de cabeça nesse universo épico, que seja com tudo. Vale dizer: metal sinfônico é praticamente sinônimo de grandiosidade. Essa faixa mostra tantas camadas em 13 minutos que parece um verdadeiro resumo da proposta da banda. Tem riff potente, violão delicado, atmosfera fantasmagórica… é um conto épico em forma de música — e ainda fecha o álbum com maestria.

The Wondrous World of Punt – Sirius B (2004)

Lembrando do show, me veio à cabeça o quanto a faixa-título desse álbum foi celebrada ao vivo. Resolvi explorar mais esse disco e encontrei essa pérola. Começa com um coral acompanhado por órgão, evolui para uma sinfonia sombria, e então mergulha em um dueto lindamente adornado por violão e violino. Me remeteu àquelas trilhas emocionantes de Cavaleiros do Zodíaco — tipo quando os Cavaleiros estão no chão, morrendo, e escutam a voz da Athena. O trio vocal Thomas Vikström, Snowy Shaw e Lori Lewis entrega a dose exata de drama. No final, como se o Seiya ressurgisse, a música ganha velocidade e ainda mais intensidade.

Black Fairy – A’arab Zaraq – Lucid Dreaming (1997)

O que me fisgou aqui foi o fato de não parecer Therion no início. Sem os teclados e corais usuais, ela começa com um riff direto, quase um hard rock, lembrando uma mistura de Accept com os momentos mais melódicos do System of a Down. O refrão ainda carrega a identidade da banda, mas o resto da faixa soa completamente fora do padrão sinfônico. Ideal pra apresentar pra aquele amigo que torce o nariz pra sinfônico — e mostrar que o talento da banda vai além de corais e orquestrações.

The Wild Hunt – Vovin (1998)

Presente no álbum mais popular da banda (o mesmo de “The Rise of Sodom and Gomorrah”), essa música começa com um gás que lembra Helloween. É power metal na veia, com a assinatura sinfônica do Therion inserida com sutileza. Riffs afiados, bateria direta e vigorosa. Um prato cheio pra quem curte peso e melodia equilibrados.

An Arrow from the Sun – Lemuria (2004)

Essa aqui me pegou pela vibe sombria e crescente. Desde o início, a música já estabelece um clima dramático, que vai evoluindo até explodir num refrão marcante, com um dueto poderoso. Quando falam de Lemuria, geralmente destacam a faixa-título ou “Uthark Runa”, mas essa aqui não fica nada atrás.

Maleficium – Leviathan III (2023)

Vamos ao trabalho mais recente da banda, parte de uma trilogia conceitual encerrada neste terceiro volume. Uma faixa pesadíssima, com riffs rápidos e um refrão harmônico. A dramaticidade vem forte, especialmente com o refrão cantado em latim — puro Therion raiz.

Helheim – Secret of the Runes (2001)

Com uma aura inicialmente assustadora, a música traz um duelo entre voz masculina grave e uma voz feminina aguda e desesperada. A guitarra é um show à parte, com arranjos dobrados de arrepiar. Vale lembrar que esse álbum marca o início dos trabalhos conceituais da banda, tendo como tema a mitologia nórdica.

Dagger of God – Beloved Antichrist (2018)

Como escolher uma faixa em um álbum com 46 músicas? Missão quase impossível. Mas essa me ganhou. A introdução é densa, quase cinematográfica. A orquestra abre caminho para uma performance teatral intensa, com elementos de música erudita, guitarras discretas e coros que aumentam a tensão narrativa. O destaque absoluto vai para a soprano italiana Chiara Malvestiti, que transforma a faixa numa verdadeira ópera.

Megalomania – Of Darkness… (1991)

Do álbum de estreia, essa é a faixa que mais destoa de tudo o que já citamos. No começo, parece algo do Venom, com riffs sujos e rápidos e uma bateria enlouquecida. Depois a coisa desacelera um pouco, mas a pegada continua pesada, com uma vibe mais thrash, à la Megadeth. O vocal é surpreendentemente gutural — um choque pra quem está acostumado ao lirismo dos trabalhos mais recentes. É porradaria do início ao fim.

Darkness Eve – Lepaca Kliffoth (1994)

Carinhosamente apelidada por mim de “Sepultherion”, essa música lembra bastante os primeiros anos do Sepultura. Peso, distorção, agressividade. No fim, aparece um teclado meio deslocado, mas que antecipa o caminho sinfônico que a banda seguiria. Uma aula de Death Metal com pitadas do que viria pela frente.

BÔNUS TRACK – Cover Songs 1993–2007

Pra mostrar a versatilidade do Therion, escolhi esse álbum de covers como bônus. De Metallica a ABBA, passando por Iron Maiden, Scorpions e Venom, é uma verdadeira viagem por 14 anos de releituras. O mais bacana é que os covers respeitam o estilo que a banda tinha na época em que foram gravados, refletindo a evolução sonora do grupo. Vale demais conferir!

Pois é, meus amigos, chegamos ao fim de mais um Além do Óbvio. Quero agradecer de coração a você que acompanha a coluna, que comenta, compartilha e manda aquele feedback — isso aqui só faz sentido por causa de vocês.

Agradeço também à equipe do Headbangers Brasil pela parceria de sempre. Que seja eterno enquanto durar!

Conta pra gente o que achou da lista — e quais bandas você quer ver por aqui nas próximas edições.

Semana que vem tem mais.

Valeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu! 🤘