Em todos os estilos de música costumam haver injustiças. No Rock n’ Roll não é diferente, vide o caso da década de 60, muitas vezes resumida aos Beatles e Rolling Stones, os anos 70 com a tríade Zeppelin, Purple e Sabbath e os anos 80 com o Synth Pop, o Glam e o Hard Rock, jocosamente apelidado de Hair Metal por seus detratores. O início da década de 90, ainda que marcado pelo surgimento do Grunge e seu visual despojado (pra não dizer relaxado) e despretensioso, trouxe o último respiro de bandas consolidadas no Hard Oitentista e o surgimento do que poderia ser um sopro de vida no estilo, que já respirava por aparelhos devido aos próprios excessos da década anterior.

O Harem Scarem é o típico caso de banda que nunca saiu da segunda divisão do Hard/Melodic Rock, num dos muitos casos de injustiça fonográfica cometidos pelo mercado musical. Quem é muito fã do estilo conhece, obviamente, mas é justamente desse público que parte o questionamento (muito válido por sinal): por que o Harem Scarem não atingiu o mesmo grau de fama de um Guns n’ Roses, Journey ou até mesmo Whitesnake? Essa é uma pergunta difícil de responder, pois ao ouvir o disco nos deparamos com o que há de melhor no estilo “cabelo de poodle” de ser.

A produção, a cargo de Kevin Doyle além de Pete Lesperance e Harry Hess (Guitarrista e Vocalista, respectivamente) é excelente e limpa, as composições exalam o clima oitentista até o talo, com animação típica da época. Baladas  poderosas como Slowly Slipping Away e  Honestly poderiam estar em qualquer uma das coletâneas Lovy Metal. Sons como Hard To Love, With a Little Love ( que possui uma vibe parecidíssima com Givin’ Yourself Away, do Ratt) e How Long Formam uma trinca irresistível pra ouvidos atraídos por refrões cativantes.

Esse disco é uma verdadeira obra prima do estilo. Se você se diz Hard Rocker e não conhece, corra atrás por que esse é um daqueles álbuns desconhecidos, porém indispensáveis pra qualquer amante dos anos 80. Sinceramente, esse disco não é nada recomendado para aquele cara que paga de Hardão no rolê e só coloca Sweet Child O’ Mine e Fear Of The Dark pra tocar nos points. Ouça em volume bem alto e tenha de fato a sensação de uma viagem no tempo. Se você não se sentir alegre e eufórico após a audição desse álbum, deite-se lentamente e aguarde, pois já morreu por dentro.

RESENHA POR DIOGO FRANCO

NOTA: 5 / 5