Com 28 datas entre os meses de abril e maio, a turnê europeia Slashing Europe 2025 reuniu quatro bandas de peso numa jornada devastadora por diversas cidades.
No dia 15 de maio, o palco do Lido, em Berlim, foi o epicentro de um verdadeiro cataclisma sonoro. Sob o comando dos veteranos belgas do Aborted e acompanhados por Crypta (Brasil), The Zenith Passage (EUA) e Organectomy (Nova Zelândia), o line-up transformou essa noite de primavera em uma celebração escaldante do metal extremo em todas as suas formas.
A destruição começou com Organectomy, trazendo do hemisfério sul uma avalanche de Slam/Brutal Death Metal. Consegui chegar somente alguns minutos antes do show se encerrar, mas pude conferir que os neozelandeses deixaram claro que a noite seria intensa com seus vocais absurdamente guturais e riffs colossais. A precisão brutal da banda aqueceu o público berlinense e criou o clima perfeito para o que se seguiria.
The Zenith Passage entrou em seguida, elevando o nível técnico da noite com um Technical Death Metal afiado e progressivo. A execução de faixas como “Lexicontagion” e “Divinertia II” mostrou não apenas domínio instrumental, mas também uma habilidade rara de alternar brutalidade com atmosferas etéreas. A resposta do público foi imediata, com rodas eufóricas entre os que tentavam acompanhar a complexidade das composições.
E chegou a hora de conferirmos mais uma vez as mulheres da Crypta no palco. Cada show de Fernanda Lira e suas parceiras me traz sempre um “wow” diferente. É absurdo o patamar em que elas se elevam a cada ano, a cada turnê, a cada novo álbum. Eu não canso de me surpreender com a presença de palco e a qualidade sonora delas no palco. E não somente eu, mas muitas, muitas pessoas que estavam ali para conferir, visto a abundância de pessoas na plateia com camiseta da banda. Com um som que mistura Death e Thrash Metal, elas apresentaram músicas de seus dois álbuns, como “From the Ashes” e “Lord of Ruins”, que ecoaram com força pelas paredes do Lido. Entre riffs cortantes e vocais ferozes, a banda mostrou por que é um dos nomes mais promissores do metal sul-americano atual — marcando sua presença com o público alemão com carisma, técnica e potência. Nesse show, pude tanto conferir a performance da Helena Nagagata ao vivo (a guitarrista convidada para essa turnê europeia) – e foi muito natural a participação dela, parece que estava entrosada com as outras gurias há anos – e a performance da própria Fernanda Lira após sua rápida recuperação de saúde devido a uma intoxicação alimentar na tour – parece que nada havia acontecido. Sempre impecável!
Encerrando a noite com um verdadeiro massacre auditivo, Aborted subiu ao palco com sua mistura explosiva de Death Metal e Grindcore. A apresentação foi uma aula de brutalidade, com destaque para faixas do novo álbum Vault of Horrors, como “Dreadbringer” e “The Shape of Hate”. A performance foi ainda mais marcante com a participação do baterista Kevin Paradis (que passou por bandas como The Seven Gates, Mithridatic e Benighted), que trouxe uma intensidade absurda às músicas. A conexão entre banda e platéia foi bem intensa até o último acorde.
O que se viu em Berlim foi mais do que uma simples sequência de shows: foi uma experiência sensorial intensa, onde técnica, peso e paixão se entrelaçaram. A Slashing Europe 2025 provou que o metal extremo continua vivo, pulsante e em constante renovação, com representantes de diferentes partes do mundo contribuindo para manter a chama acesa.
TODAS AS FOTOS POR EDI FORTINI