Confesso que não sou fã do Linkin Park e não conheço muito sobre a história da banda, mas algo me chamou muito a atenção sobre Emily Armstrong: sua voz e sua presença de palco inigualáveis.
Resolvi assistir ao show depois de ver um reel onde pude perceber essas características e, não só isso: ela é mulher. Se tem algo que estou sempre martelando sobre a cena metal é sobre a necessidade de mulheres apoiarem mulheres. Óbvio que isso não é válido somente para a cena metal, mas para todas as relações interpessoais, afinal, lidamos diariamente com a misoginia, machismo e toda gama de absurdos que acompanham esses comportamentos que há muito já deveriam ter sido extintos.
O que realmente me chamou atenção foi o comportamento extremamente machista e misógino em muitos comentários que me deparei internet afora. Estava conversando em um grupo de mulheres que faço parte, o Coletivo das Minas, e lá pude ver não só os prints de postagens, como também uma live em que um cara falava muito mal da Emily. Então decidi escrever sobre isso também.
A misoginia é muito mais destrutiva que o machismo e eu explico. O misógino odeia mulheres e tudo que venham de mulheres e seja feito por elas. O machista simplesmente vê a figura masculina superior à figura feminina. Ambos comportamentos deploráveis.
“Todo homem e toda mulher é uma estrela”, já dizia o Livro da Lei e o brilho da estrela Emily é fantástico. Eu que não era fã da banda, vou passar a ser agora que ela se tornou vocalista, até porque, temos muitas influências musicais semelhantes, dentre elas Nirvana e Led Zeppelin.
Aquele agudo rouco e estridente, sem semitonar por nem mesmo um segundo: o que é esquecer uma letra? Se é que realmente esqueceu como uns e outros disseram? Deixar o público cantar é esquecer letra? Estou ainda mais impressionada agora que estou escrevendo essa review e vendo todo o show. Inclusive vou salvar pra ver inteiro mais tarde e conseguir saborear melhor. A qualidade está incrível.
Nos meus mais de 20 anos de carreira como cantora, entre idas e vindas dos palcos, eu já errei letras inteiras e isso não fez de mim menos cantora. E olha, até onde assisti esse show, e até onde percebi, quem errou foi quem disse que ela teve uma atuação ruim, pois ela estava simplesmente perfeita!
Imagine-se sendo mulher e assumindo a posição de um homem. Imagine-se entrando numa banda consagrada e se sentindo exposta à comparações. Imagine-se não sendo homem e sofrendo machismo e misoginia. Aliás, o que é do homem, o que é da mulher? “Meninos usam azul e meninas rosa”? Patético não?
Ela foi incrível, ela está incrível em sua performance e quem pensa ou diz o contrário deveria rever os próprios conceitos.
Eu sou do pensamento de que nós mulheres precisamos nos unir cada vez mais e derrubar essa ideia de que competimos, pois isso vem do machismo estrutural que continua tentando moldar nossas atitudes e personalidade. Precisamos estar ao lado de mulheres, elogiar mulheres, erguer mulheres…
Emily não é apenas uma grande cantora, de voz magnífica e atuação impecável: ela é uma de nós, ela é uma mulher incrível que precisa do nosso apoio. Ela é uma estrela gigantesca de brilho ofuscante no corpo da Deusa e seu brilho incomoda muita gente, não é mesmo? Exaltemos esse brilho, mulheres!
Que Emily continue sendo gigantesca no Linkin Park e em todos os seus projetos e bandas!
TEXTO POR GERMÂNIA OPUS MORTIS