Com 5 discos e um Ep lançado, o Skagarack é uma banda oriunda da Dinamarca, praticamente desconhecida no Brasil. Isso é realmente uma pena, pois os caras são verdadeiros lutadores no cenário Hard/Aor mundial. De 1986 à 1993 a banda viveu seu auge criativo, chegando a figurar em programas musicais e revistas, cujas publicações sempre buscavam trazer novidades para o público amante do som oitentista que dominava as paradas da chamada “década dos excessos”. Com o despontar do grunge no início dos anos 90 (o que levou muita banda do chamado Hair Metal a se readequar musicalmente ou “dar um tempo”), o Skagarack viu seu sonho de atingir o estrelato ruir do dia pra noite, haja vista a banda ter ficado 30 anos parada após seu disco de 93, o irregular e “moderninho” Big Time. Após esse longo hiato, a banda resolveu voltar com um disco que remetesse às suas raízes, o maravilhoso Heart And Soul de 2023. Falando sobre os principais pontos de sua carreira, o vocalista Torben Schmidt concedeu uma entrevista honesta e divertida ao Headbangers Brasil, conduzida pelo nosso colaborador Diogo Franco, onde contou sobre seu processo de criação, suas influências, sues momentos marcantes com a banda e até mesmo sobre o significado do estranho nome escolhido para sua banda e de quebra “se convidou” a tocar no Brasil, numa singela prova de simpatia e revelando total ausência de estrelismo. Chega de papo então: Coloque o som dos caras pra rolar aí na sua plataforma preferida e curta essa entrevista extremamente agradável. Boa leitura!!
Headbangers Brasil – Como foi sua formação musical e seu início na música?
Torben Schmidt: Comecei a tocar violão quando tinha uns 15 anos, e peguei o jeito bem rápido, porque eu era bem ansioso, então eu praticava todo dia e acho que eu tinha algum talento, haha. Eu só sabia que queria tocar música.
HBr – Como era o cenário na época em que você começou a tocar? E como é o cenário musical na Dinamarca hoje?
TS: Naquela época (e isso foi há muito tempo) você tinha que descobrir tudo mais ou menos sozinho, não havia YouTube ou mídia social para afligir sua mente, então, quando comecei a tocar em bandas, ensaiávamos bastante, e era bom, foi assim que descobri que sabia cantar.
Com relação a toda a cena musical aqui na Dinamarca hoje, acredito que seja muito boa, temos muitos clubes, locais (e festivais durante o verão).
HBr – Quais foram suas principais influências musicais?
TS: as primeiras influências foram Deep Purple, Rainbow, Led Zeppelin, e eu diria que do lado mais melódico Foreigner e Bad Company.
HBr – Muitos amantes do AOR não aceitam esses encontros de músicos promovidos pela Frontiers. O que você diria que é positivo e negativo nesses supergrupos?
TS: Às vezes parece um exagero…, realmente precisamos deles? Obviamente alguns são muito melhores que outros, mas para ser honesto, eu realmente não percebo o que está acontecendo, já que muitos deles se parecem demais uns com os outros. haha
HBr – Uma das minhas críticas ao AOR atual é a produção. Quase não há um ambiente típico dos anos 80 atualmente, o que geralmente significa que o clima não é capturado. Como o Skagarack torna a produção interessante para os fãs que cresceram ouvindo bandas como Foreigner e Journey, que não tinham um som tão direto quanto as bandas dos anos 2000?
TS: A ambiência na bateria é incrível, se você tem uma ótima sala de gravação, ela meio que cola toda a mixagem.
Antigamente, usávamos grandes salas de gravação/estúdios e também longos reverbs. Eu apenas tento gravar e mixar do jeito que a música pede. Sinceramente, não ouço nenhuma das novas bandas e suas produções, mas o que ouvi soa bem embalado e talvez superproduzido demais na minha opinião, também muitas das produções soam bem parecidas.
HBr – Qual foi o melhor e o pior momento que você passou na sua carreira?
TS: O melhor seria o lançamento dos 2 primeiros álbuns, foi incrível ser tocado no rádio e na TV, vender muitos álbuns e tocar ao vivo em grandes festivais etc., a coisa toda foi muito especial. Também estávamos muito orgulhosos do álbum nº 3, A Slice Of Heaven, mas naquele período toda a cena mudou quando o Grunge veio dos EUA.
O pior seria a política dentro da gravadora com a qual assinamos em 1985: o vice-presidente da gravadora (que era o nosso cara na empresa, O homem que nos contratou) deixou a empresa, então as coisas ficaram mais difíceis, e ainda por cima ganhamos um péssimo empresário dos EUA, que era absolutamente inútil e nos custou dinheiro…
HBr – Como tem sido a recepção do público ao novo álbum, Heart And Soul?
TS: Tem sido muito boa, na verdade, algumas das avaliações mencionam que nosso álbum é mais interessante do que muitos outros lançamentos atuais, eu levo isso como um elogio, haha, presumo que seja porque são músicas mais diversas, talvez. Quando tocamos ao vivo, as pessoas obviamente querem ouvir todos os antigos “hits”, mas também tocamos 3 ou 4 novos, e eles caem muito bem.
HBr – Na América do Sul, o Hard Rock dos anos 80 parece estar voltando a cair nas graças do público, dada a presença de diversas bandas do estilo em grandes festivais como o Rock In Rio, que trouxe o Journey, o Summer Breeze (atual Bangers Open Air) que contou com a The Night Flight Orchestra, Eclipse e H.E.A.T. Na sua opinião, o que falta para o Skagarack ser levado ao público brasileiro?
TS: O promotor certo, eu acho. haha Adoraríamos ir ao Brasil. Se você tiver bons contatos, nos avise.
HBr – Quais são seus planos para o futuro da banda?
TS: No momento estou escrevendo / gravando novas músicas, eu realmente gosto desse processo.
HBr – Se você tivesse que recomendar uma música que resume o som da banda para alguém que ainda não os conhece, qual seria?
TS: Provavelmente Hungry For A Game, ou Always In A Line.
HBr – Estamos chegando ao fim desta entrevista e tenho uma pergunta que a maioria do público quer saber. O que significa o nome Skagarack?
TS: Skagarack é na verdade o nome do mar entre a Dinamarca e a Noruega.
HBr – Deixe uma mensagem para o público brasileiro.
TS: Obrigado por não nos esquecerem, e muito obrigado pelo apoio todos esses anos, adoraríamos ir ao Brasil e tocar!