Festival Fortaleza Extreme, 10,11 e 12 de abril de 2025

Chegando à sua segunda edição, o Festival Fortaleza Extreme solidifica sua importância no universo do rock pesado de Fortaleza. Este ano, o evento produzido pela M2F — merecidamente — se dividiu em três bombásticos dias: 10, 11 e 12 de abril, respectivamente. Aconteceu na nova casa de shows da cidade, o Ophera Music Bar, espaço de médio porte, com capacidade para 600 a 800 pessoas, facilmente. Confira como foi o show na matéria que é o debut de mais um colaborador em Fortaleza, o genial George Frizzo (S.O.H., livro Fortaleza Sônica), com fotos de Julis Novaes.

Dia 01 – Quinta-feira, 10 de abril

Muita expectativa foi criada quando se anunciou a vinda dos suíços do Samael pela primeira vez a Fortaleza. Um grupo que possui uma grande fanbase na cidade e que consegue reunir novos headbangers e a velha guarda do rock extremo para reverenciá-los. Nada mais justo que isso acontecesse no Fortaleza Extreme, logo no primeiro dia.

A noite começou com os locais da Prion DC, que executaram um death/black metal brutal. Destaque para as já clássicas “Resíduo Necrótico” e “Libertados pela Morte”, presentes em seu disco de estreia Extinção das Divindades. Na sequência, o Necrophilosophy subiu ao palco com um set “curto e grosso” de apenas quatro músicas — culpa da produção? Mistério. O suficiente para mostrar que a banda está entrosada e vem crescendo no cenário local. As faixas apresentadas fazem parte do disco Contemplations of the Seven Philosophical Foundations.

A casa já estava cheia quando os norte-americanos do Suffocation subiram ao palco, colocando o Ophera em ebulição com os primeiros acordes de “Seraphim Enslavement”. O repertório variou entre clássicos como “Infecting the Crypts”, “Thrones of Blood” e faixas mais recentes como “Perpetual Deception” e “Hymns from the Apocrypha”. Um verdadeiro show de brutalidade técnica.

Para encerrar, o Samael iniciou com o hino “Black Trip”, seguido de “Celebration of the Fourth” e “Son of Earth”. Como anunciado, a banda percorreu o álbum Ceremony of Opposites faixa a faixa, na ordem original. O público delirava e cantava junto. Em seguida, vieram “Rain”, “Slavocracy”, “Until the Chaos”, “Black Supremacy” e, para fechar, “My Saviour”, do disco Passage. Uma noite memorável.

Dia 02 – Sexta-feira, 11 de abril

O segundo dia do festival teve uma pegada mais tradicional, com heavy metal e hard rock dominando a noite. Apesar de um atraso de uma hora e meia — que não se repetiu nos outros dias — os shows seguiram sem comprometer o clima.

Os jovens da Storhed, banda vinda de Horizonte (CE), abriram a noite com um show curto, porém competente. Ainda sem registros gravados, apresentaram faixas como “Rise of Chaos”, “Forgotten Promises” e “Eternal Sacrifice”, dentro de um repertório de metal tradicional bem executado.

Logo após, os veteranos da Darkside trouxeram seu thrash metal empolgante com músicas como “Relíquia Ritual”, “Cyberchrist” e “Born for War”, encerrando com as clássicas “Fragments of Time” e “Spiral Zone” — esta última aclamada pelo público.

O lendário Dave Evans, primeiro vocalista do AC/DC, transformou sua apresentação em uma verdadeira aula de rock. Com apoio da banda Power Up, tocou músicas próprias como “Bad Ass Boy”, “Sold My Soul to Rock ’n Roll” e clássicos do AC/DC como “TNT”, “Highway to Hell” e “Let There Be Rock”, encerrando com elogios ao público brasileiro.

Na sequência, o guitarrista Cesário Filho subiu ao palco mostrando impressionante domínio do instrumento, em faixas que mesclavam técnica e melodia. O show de Bruno Sutter fechou a noite com chave de ouro. Levando a sério seu papel como cantor e frontman, apresentou um setlist com clássicos de Yngwie Malmsteen e outros ícones do heavy metal, encerrando entre o público com “Paranoid” (Black Sabbath) e “Breaking the Law” (Judas Priest).

Dia 03 – Sábado, 12 de abril

“Não estou ouvindo nada de retorno de guitarra, nada!” — assim começou o terceiro e último dia, com a dupla Violated Rotten Tombs. Com um set de death grind splatter, mesmo com o tempo reduzido, empolgaram a galera que chegava e já se jogava no mosh.

De Sobral, o Just Hate manteve a energia com seu hardcore agressivo, apresentando faixas como “Aqui Jaz um Rei”, “Napalm” e “Antropofagia”. Em seguida, a banda Into Morphin, de Teresina (PI), trouxe um som mais denso, com fortes elementos de doom, conquistando o público com peso e presença.

O Dead Enemy ligou tudo no 220. Hardcore direto e enérgico, com direito a roda punk no meio do público e o vocalista Fernando totalmente integrado à galera.

Vindos de São Luís (MA), os Basttardz trouxeram velocidade e irreverência. Destaque para o hit “Pop Corn Ice Cream” e um jacaré inflável que surfou a plateia até murchar.

De longe, o mais experimental da noite foi o Sangue de Bode. Misturando black metal com elementos de rap, entregaram um show intenso e performático. O público foi sendo “engolido” pelo som da banda, como num ritual de possessão.

E então, o que dizer de um show do Ratos de Porão? Boka, Juninho, Jão e João Gordo foram um soco na cara do começo ao fim. Clássicos como “Amazônia Nunca Mais”, “Suposiclor”, “Exército de Zumbis” incendiaram a casa. João Gordo, afiado como sempre, comandou o público como um mestre. Encerraram com “Beber Até Morrer”, “Aids, Pop, Repressão” e “Crianças Sem Futuro” ao coro ensandecido:
“Não, eu não sei, eu não sei, eu não sei de naaadaaa! OUIEÁ!”

Por fim, o Facada foi o rolo compressor que destruiu tudo o que restava. Com um repertório brutal de death grind, apresentaram clássicos como “Tu Vai Cair”, “Joio”, “Cidade Morta”, “O Cobrador”, e uma faixa nova: “Instagrinder”, que estará em um split com o ROT. Aguardemos.

Agradecimentos:

M2F, pela produção e credenciamento

Julis Novais @eujulisnovais, pelas imagens que ilustram esta matéria. Confira mais fotos dos três dias nas galerias abaixo (clique para ampliar):

Dia 1 – 10 de abril

Dia 2 – 11 de abril

Dia 3 – 12 de abril