Na sexta feira passada eu tive uma experiência que a muito queria ter, que é retornar a um espaço na minha amada e querida Niterói que foi estupidamente importante tanto para a minha formação como “roqueiro” que eu sou hoje, como a de muitos no cenário “do lado de cá da poça” (apelido carinhoso para a Baía de Guanabara), o antigo Espaço DCE – Uff, que hoje em dia é conhecido como Barricada – Centro Cultural Marginal Fernando Calado, um espaço de resistência aonde jovens mantém um local de encontros, debates e shows, como um dia foi, quando o Diretório Central dos Estudante da Uff funcionava naquele espaço.

Lembro do meu “eu adolescente” indo para o mesmo espaço, para ver o antológico show de 1998, oo penúltimo show da Dorsal Atlântica no mesmo local, bem como ver Korzus, Imago Mortis e tantos outros nomes do nosso Underground naquele local e que estaria retornando para uma noite de muito Punk, Hardcore, com o Lenhadores da Galáxias, vindos da Ilha do Governador, do Imundos, direto de Campo Grande, do Bruthus, vindo de Nova Friburgo e do pessoal do Switchback, de Niterói mesmo e posso falar pra vocês que foi uma noite incrível.

Depois de toda a nostalgia acima, vamos falar do evento em si, a banda que começou os trabalhos foi o quarteto da Ilha do Governador Lenhadores da Galáxia, que com o seu fortíssimo Punk, tem em suas letras um berro de Igualdade, Direitos para a comunidade LGBTQIAP+, AntiFascismo, AntiHomofobia, AntiMisoginia, ou seja, usando a arte deles de forma mais do que correta para chamar a atenção de quem parar para ouvir para essas questões e eu deixo a dica para ouvirem sim o material da banda, que é de muito bom gosto dentro do Punk Rock, vale demais conhecer o som do Lenhadores da Galáxia.

Aquele tempo de recolher instrumento, passar o som levemente, a gente dar aquela volta pelo local, conversar com o pessoal, umas geladas a mais, nada muito diferente do que encontramos no Underground, o pessoal de Campo Grande do Imundos veio pro palco com sede e vontade de mostrar um Hardcore pesadíssimo, rápido e também com letras voltadas para alguns erros dos nossos costumes e cunho social pesado, o som dos caras foi impetuoso com todos lá, agitando ainda mais a galera, uma banda que vale demais conhecerem, com um som poderoso, riffs fortes e uma musicalidade muito boa.

Depois do Imundos quem foi para o palco do Espaço Barricada foram os Friburguenses do Bruthus, que com o seu Hardcore bem pesado, com levadas mais cadenciadas, muitos comentaram comigo que, com todos os “pormenores”, o som do Bruthus chegaria perto do que o Matanza fazia em seu tempo áureo, eu vou falar que o som das bandas até tem uma certa proximidade sim, mas o Bruthus tem uma personalidade só deles, que faz com que a banda tenha um lance só deles e que é isso que me fez curtir a música, então, ouçam e tirem as suas conclusões, eu curti demais, sem contar que os integrantes também são muito simpáticos.

Depois desse belo tempo de qualidade com o Bruthus, hora dos donos da festa invadirem o Barricada e mostrarem o por quê Niterói foi considerada, por durante muito tempo, a Cidade do Rock e o Switchback não deixa isso a desejar, nunca. A banda, que dessa vez, por conta de problemas com o baixista, teve as 4 cordas sendo tocadas por Marcelo Val (Tellus Terror) na sexta feira e o mesmo cumpriu bem o papel de guiar a cozinha da banda, que com o seu som pesado, quebrado e até mesmo com um bom groove, o Switchback mostrou que a cidade de Niterói tem qualidade e tem capacidade de ter eventos Underground com qualidade de novo, em um espaço que é Central e perto, o que favorece e muito a locomoção de todos, espero ver mais bandas vindo tocar no Barricada.