Resenha: Dissection – Storm Of The Light’s Bane (1995)

“Música extrema com harmonias elaboradas e muita melodia

Nota: 10/10.

Aclamado como um dos fundadores do chamado “som de Gotemburgo”,  o Dissection foi formado em 1989 pelo guitarrista e vocalista Jon Nödtveidt.  Hoje, considerado ícone do estilo Black Metal, a banda tem uma discografia pequena (4 discos de estúdio), mas todos considerados clássicos do gênero. Embora a popularidade da banda ainda estivesse em ascensão, em 1997 um conflito interno levou a maioria a deixar a banda. Johan Norman e Tobias Kellgren, formaram a Soulreaper, deixando o seu fundador e líder sem banda. Todos tinham princípios e valores obscuros, mas ao que tudo indica, o caso de Nödtveidt era mórbido.

Storm Of The Light’s Bane, o segundo disco do grupo, é considerado por muitos o seu melhor até hoje. Aqui a banda apresenta grande amadurecimento e aprimora o que viria a se tornar sua marca: música extrema com harmonias elaboradas e apreço por melodias. As guitarras, com seus riffs sombrios e timbres graves, dão aspecto agradável aos ruídos intencionalmente borrados produzindo imagens que, para mim, dão vida a arte da capa. As batidas são rápidas, intrincadas e precisas, enquanto os vocais de Jon Nodtveidt são dotados de um feeling maligno que puxam para o lado negro da força. A capa, acima mencionada, retrata o ceifador andando pela neve sobre um cavalo preto enquanto segura uma foice e uma ampulheta – um simbolismo que passa a ideia de que o tempo e a morte são uma e a mesma coisa. Nesse sentido, também é possível perceber que há um forte senso de unidade temática entre as estruturas e as melodias. Os destaques do álbum são: 1) Night’s Blood, que tem uma das melodias mais sinistras do disco; 2) Unhallowed, que é um assalto explosivo sem igual; e 3) Thorns of Crimson Death, que é tem uma monstruosa onda de riffs alucinantes e épicos.

A despeito de o disco ser considerado um clássico absoluto do Black/Death Metal, em 1998, Nödtveidt foi considerado culpado por participar do assassinato de Josef ben Meddour (que, segundo consta, era homossexual), ato que teria sido motivado pelo seu envolvimento com as práticas do grupo “Satânismo Anti-Cósmico” e isto colocou a banda em pausa por muito tempo.

Além disso, era membro da Ordem Misantrófica Luciferiana (hoje conhecida como Temple of The Black Light) e da gangue sueca Werewolf LegionNödtveidt apresentava diversos comportamentos maníacos, mas ninguém que o conhecia esperava que cometesse suicídio. No entanto, no dia 13 de agosto de 2006, foi encontrado morto eu seu apartamento e sua morte foi confirmada pela polícia como suicídio por tiro (na cabeça) de arma de fogo e o corpo estava rodeado por velas ainda acesas.

> Texto originalmente publicado no blog Esteriltipo