Resenha: In The Woods – Omnio (1997 – Relançamento 2020)
Tracklist:
1. 299 796 Km/s
2. I Am Your Flesh
3. Kairos!
4. Weeping Willow
5. Omnio? – Pre
6. Omnio? – Bardo
7. Omnio? – Post
8. 299 796 Km/s (Bonus Track ao vivo)
Muitas vezes, é comum que bandas de maior renome aparentem ter criado algo em termos musicais, quando na realidade, aquilo já fora feito antes. É fato que poucas pessoas no mundo (Brasil incluso nisso, antes que o leitor pergunte) conhecem o trabalho do quinteto norueguês In The Woods, e não é difícil ver a banda como uma das pioneiras do Avant-Garde Metal. Em HEart of Ages (a grafia é essa mesma, como consta na capa do CD original de 1995, mas tem cara de ser erro de impressão) eles já mostravam algo realmente diferente e inovador, usando uma mistura de elementos de Metal extremo (Black Metal, em especial) com nuances Progressivas intimistas, em Omnio de 1997, eles deram um passo adiante em seu próprio estilo. E é um prazer ver que a Cold Art Industry Records acaba de lançar esta joia rara no Brasil (a primeira vez que sai aqui), em uma versão especial (chamada “Bardo Edition”).
O que Omnio vem mostrar é que o grupo resolveu explorar mais o lado Progressivo/Avant-Garde de sua música, deixando as influências extremas no passado (elas ainda surgem vez por outra, mas quase imperceptíveis, como em alguns vocais quase urrados em “I Am Your Flesh” e no ritmo da mesma), e além disso, houve a incorporação de instrumentos como violinos, violoncelos e violas, sem contar o enfoque introspectivo e denso de certos momentos a Pink Floyd e Yes, e sem que o aspecto técnico ficasse muito carregado (lembrando: Progressive Rock não significa Prog Metal). Pode-se dizer que Omnio marca uma virada para o In The Woods, e que se tornaria um tutorial para muitos.
Omnio foi produzido e mixado por Hans K. Eidskard (que também acompanhou as gravações). Logo de cara se percebe que a sonoridade está muito melhor cuidada que HEart of Ages, mais bem definida e limpa, com uma preocupação em manter os timbres instrumentais claros aos sentidos (para que os arranjos possam ser compreendidos facilmente). Óbvio que muitos irão encontrar pontos que poderiam ser melhores nos dias de hoje, mas a gravação original é de 23 anos atrás, logo, está de alto nível.
A arte gráfica merece comentários. O encarte foi todo feito em papel envernizado, e assim, mais resistente. O disco ainda possui um slipcase com letras douradas e arte diferente a cada, e vale a pena visualizar como é belo aqui.
Musicalmente, o amadurecimento da banda é sensível. Óbvio que muitos fãs poderão não ter a mesma visão que possuem do que a banda fez em HEart of Ages, mas verdade seja dita: a evolução foi clara, e Omnio é fantástico.
A gigantesca “299 796 km/s” nos leva por uma viagem Progressiva cheia de nuances e mudanças (mais de 14 minutos de duração, e cujo título se refere à velocidade da luz no vácuo), cujos contrastes entre guitarras, teclados e instrumentos acústicos são de uma riqueza enorme, além dos vocais femininos darem um molho especial. “I Am Your Flesh” tem uma pegada mais intensa e cheia de energia, quase uma versão extrema do Jethro Tull dos tempos de Aqualung, com ótimos vocais mais uma vez. “Kairos!” e “Weeping Willow” partilham dos mesmos elementos, ou seja, o uso de uma ambientação Progressiva suave com momentos mais elétricos do Metal (e ambas mostram uma base rítmica sólida, ou seja, baixo e bateria mostram trabalho). E temos a suíte “Omnio?” dividida em 3 partes: “Pre”, “Bardo” (toda instrumental) e “Post”, totalizando mais de 25 minutos de música, com uma mescla perfeita de partes Progressivas viajantes com momentos mais densos e pesados (as partes de teclados lisérgicos remetem à influências evidentes de Rick Wakeman e Richard Wright) vem fechar a versão original em alto estilo. Mas nesta aqui, do Brasil, ainda há a faixa extra “299 796 km/s” em sua versão ao vivo, que soa mais cheia de energia e peso, mas que é concomitante à de estúdio.
Desta maneira, pode-se aferir que Omnio é um disco atemporal, cujo valor não foi erodido por estes mais de 20 anos de lançamento. Resta dar parabéns ao In The Woods por fazer música de bom gosto em alto nível, e à Cold Art Industry Records por mais este lançamento de alto nível!
Facebook: In The Woods
País: Noruega
Gênero: Avant-garde Metal, Progressive Rock/Metal
Selo: Cold Arts Industry Records
Por: Professor Bones
PONTUAÇÃO: 10/10