Sem perder sua identidade.

Tem horas que é um bocado difícil, principalmente para quem viveu aqueles dias, pensar que os álbuns lançados durante os anos 90, ao longo dessa década, completarão 30 anos. Foi em 1992 que conheci essa banda holandesa através do matador álbum “Cross the Styx”. Muitas coisas se passaram e o único remanescente daquela época é Aad Kloosterwaard, mantendo o espírito do death metal tradicional dessa vez com o álbum “Deformation of the Holy Realm”, o 14º da banda, via  gravadora Massacre Records.

Misturando com propriedade velocidade, brutalidade e uma atmosfera macabra com passagens envolvendo cantos gregorianos, o Sinister nos apresenta um trabalho muito interessante, sem abrir mão das suas origens, mas conseguindo construir um ambiente profano e até certo ponto, atual.

A faixa intro, “The Funeral March“, prepara a atmosfera sombria, quase épica, para que a destruição insana de “Deformation of the Holy Realm” exploda seus pobres autofalantes. Um Instrumental denso construído com a bateria sendo espancada sem piedade, rifes objetivos e os grunhidos de Aad Kloosterwaard. Sem tempo a perder “Apostles of the Weak” entra em cena com variações rítmicas determinadas pelas viradas do baterista Toep Duin. Um coro na segunda camada vocal dá um toque sinistro à faixa em determinados momentos.

Uma cadência no melhor estilo quebra pescoço apresenta “Unbounded Sacrilege”, uma digna faixa do tipo rolo compressor com espaços propositais na dinâmica melódica, que mantém o ‘punch’ o tempo todo. A velocidade vem a toda força com “Unique Death Experience”, um trabalho digno de nota para Toep Duin, que não deixa um milésimo de segundo sem ser preenchido pelo seu instrumento, bumbos massacrantes e viradas precisas. A variação dos rifes oferecidos pelos guitarristas Michał Gralak e Walter Tjwa também precisa ser destacada.

Scourged by Demons” tem uma intro com sinos ou algo parecido e um breve coro angustiante. Mas a artilharia entra pesada e incisiva com outro trabalho bem significativo do instrumental do Sinister. Uma entrada orquestrada seguida de um rife rápido inicia “Suffering from Immortal Death”, que proporciona aquela variação muito característica e presente no Death Metal dos anos 90, alternâncias entre ritmos quebrados e velocidade. 

O canto gregoriano é destaque na intro de “Oasis of Peace – Blood from the Chalice”, mas só por pouco tempo, pois uma hecatombe sonora é destilada sem dó alguma, para depois proporcionar espaço ao guitarrista Michał Grall impor seus rifes. “The Ominous Truth” começa chamativa com uma serie de efeitos, rifes pesados e uma bateria mais uma vez dominante, para depois a variação de andamentos e peso se consumar e manter o bom nível da música. A singular faixa instrumental “Entering the Underworld” com seus efeitos diversos encerra o disco de forma fúnebre.

Existem alguns momentos ao longo do álbum que se destacam, como as introduções e os interlúdios. O uso de cantos gregorianos sem exageros e as orquestrações foram muito bem colocados. Os trabalhos de mixagem e produção também são excelentes. E o principal, o instrumental é impecável. Criticar um álbum de banda de death metal com a tradição do Sinister por não ter algo ‘novo’ ou ‘moderno’, em minha opinião é pura perda de tempo. A capacidade de se reinventar e utilizar as suas características dentro do seu próprio estilo, é o diferencial para bandas como o Sinister. Você sabe o que esperar, e mesmo assim se surpreende. Confira.

Nota: 4/5

Sinister:

Aad Kloosterwaard – Vocals

Michał Gralak – Guitars

Toep Duin – Drums

Ghislain van der Stel – Bass

Walter Tjwa  – guitar

Tracklist:

1.The Funeral March 

2.Suffering from Immortal Death                 

3.Unique Death Experience                 

4.Apostles of the Weak               

5.Deformation of the Holy Realm                 

6.Scourged by Demons                

7.Unbounded Sacrilege      

8.The Ominous Truth

9.Oasis of Peace – Blood from the Chalice             

  1. Entering the Underworld