“Destruidor”

O panzer alemão está de volta. O Sodom acaba de lançar seu novo álbum de estúdio intitulado “Genesis XIX” via o selo SPV/Steamhammer. Mas antes de falar sobre esse trabalho, quero expressar minha alegria em ver essa grande banda contando com DOIS guitarristas. Assim como no caso do seu compatriota Rage, um músico a mais na função do instrumento das seis cordas faz toda a diferença do mundo para certas bandas.  E aqui é esse o caso.

Lembro-me muito bem dos comentários sobre os primeiros trabalhos do Sodom, principalmente que eles não eram técnicos o suficiente para se impor dentro do thrash metal. Tremendo engano e quem duvidou do Sodom, viu todos os seus fracos argumentos cair por terra quando o fantástico álbum “Agent Orange” foi lançado. Desde então a capacidade de Tom Angelripper jamais foi questionada outra vez e eis que temos um novo trabalho destruidor em mãos.

A intro de pouco mais de um minuto “Blind Superstition” tem o DNA do Sodom e prepara o ambiente para o massacre que vem a seguir com “Sodom & Gomorrah”. Se a velocidade da luz chamar o Sodom para um racha vai se dar mal e ainda por cima  pode  sofrer graves escoriações. A música é mais do que rápida e muito potente. As viradas proporcionadas pelo batera Toni Merkel são agressivas e os rifes saltam pelos auto falantes. “Euthanasia” não deixa o ritmo cair, porem seus rifes são mais ‘ganchudos’. A cozinha atua de uma forma tão estúpida, que fica difícil acompanhar o andamento sem que o pescoço exija o headbanger.

“Genesis XIX”, a faixa título, começa com distorções homogêneas a base de algumas alavancadas. Quando o rife principal se incorpora a melodia a coisa fica densa e depois é pé no fundo com velocidade a toda. “Nicht Mehr Mein Land” a princípio soa como uma hecatombe mundial. Depois o ritmo é totalmente quebrado por uma base cadenciada e sólida como aço. O peso é monstruoso e você sente o ganho da banda com uma segunda guitarra. Perto do final o caos sonoro volta com tudo, que maravilha.

Glock N’ Roll” tem um andamento ditado pelas linhas de baixo/bateria (sensacionais por sinal) e as guitarras simplesmente preenchem os espaços com rifes e solos muito bem sobrepostos. A faixa “The Harponeer” é a próxima e o baixo de Tom cita algumas notas enquanto a melodia vai ganhando intensidade. Uma saraivada de rifes vem a seguir e já dá até para ver essa música sendo executada ao vivo (quando isso for possível) e vários clarões surgirem nas pistas. As quebras nos andamentos proporcionam passagens variadas e igualmente esmagadoras. Sem dúvida alguma, um dos grandes destaques do disco.

A intro de “Dehumanized” se repete conforme elementos mais pesados são incorporados, até que a aceleração chega com tudo e daí é melhor sair da frente para não ser atropelado. O arranjo faz jus ao uso das duas guitarras, e se faz valer de todos os meios para o peso sobressair com o mesmo destaque que a velocidade imposta pelos músicos. Já “Occult Perpetrator” começa envolta com um ar misterioso até que, uma cadencia do tipo ‘racha mármore’ é colocada a disposição do ouvinte. Haja pescoço para acompanhar essa massa sonora. Mas faz o seguinte, coloca o volume no máximo e aproveite.

Dedilhados introduzem “Waldo & Pigpen”, mas estamos falando do Sodom e essa breve calmaria não vai durar para sempre. E não mesmo, pois após uma seção mais arrastada, a velocidade de dobra entra em ação mais vez. Rifes rápidos e inclusões precisas só valorizam ainda mais essa faixa. Uma linha de baixo conduz “Indoctrination” a caminhos ainda mais violentos com backings fortes no refrão. E fechando esse ótimo “Genesis XIX” temos “Friendly Fire”, bem conhecida por todos que acompanham a banda, pois até possui um clipe de divulgação. Nenhuma surpresa aqui, simplesmente a sonoridade do Sodom sendo demonstrada com muita eficácia em outra ótima música.

Não vou esperar a tal recepção da crítica especializada ou saber o quanto o disco vendeu, para daí dizer que esse é um dos melhores trabalhos da discografia do Sodom. E aposto que qualquer um que aprecie o som desses alemães vai concordar que é um disco muito especial. E vou reforçar o que disse lá no começo: O Sodom com duas guitarras é outro papo. Compre sem pensar duas vezes.

Nota: 4,5/5

Tracklist:

  1. Blind Superstition
  2. Sodom & Gomorrah
  3. Euthanasia 8
  4. Genesis XIX
  5. Nicht Mehr Mein Land
  6. Glock N’ Roll
  7. The Harponeer
  8. Dehumanized
  9. Occult Perpetrator
  10. Waldo & Pigpen
  11. Indoctrination
  12. Friendly Fire

Sodom:

Tom Angelripper – bass, vocals

Frank Blackfire – guitars

Yorck Segatz – guitars

Toni Merkel – drums

Fique ligado:

https://sodom.lnk.to/GenesisXIX