Este ano a donzela mais amada do mundo, Iron Maiden, completa 50 anos e, para a loucura de seus devotos, a turnê Run For Your Lives deu seu “start” no último dia 27 em Budapeste, na Hungria, com um setlist que dividiu opiniões.
Em 18 músicas e quase duas horas de show, seus “9 discos” clássicos foram apresentados. Palco novo, baterista novo, Eddie novo… uma salada de novidades que deixou o fã eufórico (e bravo ao mesmo tempo).
O Halestorm subiu ao palco às 19:25 aquecendo a galera para o evento principal. Um set de 10 hits, mostrou que Lizzy vai direto ao ponto quando o assunto é entreter. Mas a explosão mesmo veio em I Miss the Misery.

Às 20:50, luzes amarelas. O blood brother sabe bem o que isso significa: 10 minutos para o início do apocalipse! Logo em seguida, os primeiros acordes de Doctor Doctor começam. Nada poderia ser revelado antes da hora. Muitas apostas foram feitas pelo público – uns sonharam alto demais, e acabaram se queimando mais que o próprio Ícaro – outros foram mais realistas, de acordo com o que a banda vinha fazendo.
The Ides Of March inicia e no telão principal, uma animação contando o início do percurso da banda, saindo do East End de Londres, mostrando marcos históricos donzelísticos, emendando com a intro de Murders in the Rue Morgue. O tom estava dado: a tour dá seu pontapé inicial retratando o “Jurassic Period”.
A jaqueta de couro de Bruce Dickinson faz lembrar muito a postura de Paul Di’Anno. Linda lembrança.
Wrathchild, é aquela carimbada que a gente sabe que vai aparecer toda vez que a banda mencionar tocar algo dos primórdios, seguida da incrível Killers. Só isso já vale o ingresso.
Simon Dawson é apresentado oficialmente como novo baterista. E musicalmente falando é um choque: não tem mais aquela bateria imensa (e nem o Sooty, claro). Seu kit é simples e muito eficiente. Ele seguiu o mesmo estilo do kit usado com o British Lion, o que me surpreendeu bastante. E ele foi preciso, orgânico, pesado, humano e muito diferente de seu antecessor. Phantom of the Opera encerrou o bloco paleolítico da banda.

O primeiro “walking Eddie” entra em Killers. Tem a skin do pôster de divulgação. Simula machadadas em todos, brinca com Janick… espetáculo mantido até aqui. Mas o que foi diferente? Bom, tudo. Chegamos ao fim da era dos bandeirões temáticos, ou backdrops. Finalmente a tecnologia convenceu Steve Harris de sua praticidade e versatilidade. Telões por todo o palco mesclavam cenários estáticos com animações vivas, tornando a experiência de assistir ao show do Iron Maiden algo jamais vivido. Aliás, fica a dica: optem por lugares mais distantes, pois vale a pena. Parece um filme no cinema, onde se você sentar muito perto, perde detalhes laterais.

O desfile de hits começa aqui: The Number of the Beast, Clairvoyant (que acabou com a lógica do fã que achou que as épocas estavam sendo retratadas de forma aproximada), Powerslave, 2 Minutes to Midnight e claro, ela, a memorável Rime of the Ancient Mariner.
Run to the Hills inicia sua batida, mostrando que o show se encaminha para o “começo do fim”. Em seguida, uma surpresa: Seventh Son of a Seventh Son. Isso foi de cair o queixo. Um terceiro épico! Palmas para esses senhores que tiraram suspiros dessa fã chata (e passadora de pano ao mesmo tempo).
Para quem sentiu estranheza de não ver nada do Piece of Mind, Trooper entra em cena, mas não sozinha, o Eddie uniformizado vem junto. Hallowed Be Thy Name volta ao repertório com a glória que merece, e ao som de SCREAM FOR ME BUDAPEST, o hino Iron Maiden começa. E bem aqui algo que me faria ir embora (caso eu não fosse mão de vaca) aconteceu: o Eddie que sai de trás da bateria era virtual. Sim, ele era bem feito, os telões deram uma proporção incrível para ele, mas não consigo. Eddie sempre foi parte da banda, parte do culto, poxa, ele era o sexto membro antes da entrada de Janick Gers. Óbvio que esse é o meu ponto de vista, mas em questão de beleza e praticidade, nota 10 para ele. Enfim, mudanças vieram e só nos resta aceitar.

Show finalizado, é hora do bis. Barulhos de bombas explodindo, ataques aéreos, e o motor da hélice: Churchill’s Speech e Aces High, mais uma vez no final do set. Fear of the Dark aparece, quase nos acréscimos do segundo tempo, finalizando com Wasted Years.
Achei um repertório muito bom, mas muito aquém do que imaginávamos. Óbvio que a nossa expectativa é sempre maior que o que eles entregam, até porque nós sonhamos e eles lidam com a realidade de uma banda de meio século, com senhores quase setentões tendo que reaprender certas músicas e adaptar, já que temos um terceiro guitarrista. Mas uma coisa é inaceitável: excluir um álbum da história? O que é isso, gente?! Por acaso a banda tem vergonha do que criou em No Prayer For the Dying?
Uma tour comemorativa de 50 anos já começa errada quando retrata apenas uma parte, porque parece que o que foi feito além disso não tem relevância. Então a banda assumiu publicamente que No Prayer For the Dying não é relevante? E Tailgunner? E Bring Your Daughter to the Slaughter? Holy Smoke, Hooks In You… e vejam que eu não estou nem falando das mais obscuras. Isso é para jogar fora?

Foram 9 discos contemplados para resumir a história da banda (o que eu acho infundado), e desses 9 a banda ainda foi capaz de não achar nenhuma música do 8°? Então o que eles fizeram em 1990, hora extra na Terra? Até eu que passo um pano maior que lençol king size para eles, não tenho como defender.
E o mais triste é que acredito que isso não mude: primeiro porque por mais que Simon Dawson tenha entrado (muito bem) para a banda, os caras ainda estão lá, velhos e acomodados e segundo, porque eles vão ouvir muitas reclamações, inúmeras, na verdade. Mas todos os shows continuarão lotados, inclusive os que não foram marcados ainda. Porque a galera que comprou no ano passado, não vai pedir o dinheiro de volta agora, mas se caso eles nos ouvirem, que repensem o setlist.
Eu me sinto meio idiota em ter defendido esse disco tantas vezes em discussões, enquanto agora, a própria banda o renega. E acredito que esse seja o sentimento da maior parte das pessoas que se revoltaram com isso. Passado o desabafo, adorei ter visto Adrian Smith com as icônicas guitarras Lado e Ibanez Destroyer.
Por hora é só, blood brother. Não dá pra falar sobre sentimentos ou sensações porque eu não estava lá, mas confesso ter chorado ao ver Ides of March começando o show. E para você, qual seria o “dream set” para comemorar os 50 anos do Iron Maiden?
Run For Your Lives Tour 2025/2026
01 – The Ides of March
02 – Murders in the Rue Morgue
03 – Wrathchild
04 – Killers
05 – Phantom of the Opera
06 – The Number of the Beast
07 – The Clairvoyant
08 – Powerslave
09 – 2 Minutes to Midnight
10 – Rime of the Ancient Mariner
11 – Run to the Hills
12 – Seventh Son of a Seventh Son
13 – The Trooper
14 – Hallowed Be Thy Name
15 – Iron Maiden
Encore
16 – Aces High
17 – Fear of The Dark
18 – Wasted Years
Halestorm Support Band EU Tour 2025:
01 – Fallen Star
02 – Mz. Hyde
03 – WATCH OUT!
04 – Darkness Always Wins
05 – Familiar Taste of Poison (1° verso e refrão)
06 – Rain Your Blood on Me
07 – Freak Like Me
Drum Solo
08 – I Miss the Misery
09 – Love Bites (So Do I)
10 – Everest
Texto por: Amanda Basso