Fala, meus amigos! Biel Furlaneto aqui.
Hoje é um dia que machuca, mas também inspira.
Exatamente seis anos atrás, perdemos a maior voz do rock nacional, mas será que perdemos mesmo? Porque quando você dá o play, ele ainda está lá. Intenso, único, imortal.
Essa edição é um tributo — e a prova de que, para quem escuta de verdade, André Matos ainda canta. E sempre vai cantar.
Hoje, o objetivo é mostrar que há muita vida além de Carry On, Rebirth, Fairy Tale e afins, tudo isso com muito respeito e admiração ao nosso eterno Maestro.
Bora lá?
Theatre of Fate
Álbum – Theatre of Fate (Viper, 1989)
Um André com voz de menino, mas que já deixava claro o tamanho do talento. Uma faixa rápida e certeira, misturando power metal com elementos do heavy tradicional. Técnica vocal impecável para um “moleque” de 17 anos que já sabia que o palco era seu.
Deep Blue
Álbum – Holy Land (Angra, 1996)
Uma das faixas mais emocionais da fase André no Angra — e, infelizmente, pouco lembrada. Ele canta com sutileza, dando profundidade à canção. O crescimento no refrão, quase uma marca registrada das músicas com sua voz, está mais uma vez presente. Uma belíssima música, ofuscada por hinos como Make Believe e Nothing to Say.
Distant Thunder
Álbum – Ritual (Shaman, 2002)
O álbum (e a banda) ficaram conhecidos por Fairy Tale — merecidamente. Mas há muito mais ouro além desse conto. Esta faixa é densa, pesada e épica. O vocal? Nunca decepciona. Na versão ao vivo do RituAlive (2003), André ainda assume o piano no meio da música. É de arrepiar.
A New Moonlight
Álbum – Time to Be Free (Solo, 2007)
Releitura de Moonlight (Viper), com arranjos orquestrais e um tom dramático. Começa de forma suave, cresce com intensidade e explode de forma épica. Ainda há espaço para uma mudança de andamento no final, mais pesada. Uma obra-prima emocional e técnica.
Signs of the Night
Álbum – Soldiers of Sunrise (Viper, 1987)
Uma pequena ópera escondida num disco de heavy metal nacional dos anos 80. André é maestro e protagonista. O mais interessante é ouvir essa faixa no estúdio e depois comparar com o DVD ao vivo da banda em 2012 — dá pra sentir a evolução vocal. Subestimadíssima.
Paradise
Álbum – Fireworks (Angra, 1998)
Como todo o álbum, tem uma pegada mais pesada e menos veloz que os discos anteriores. É o Angra mostrando sua versatilidade, e André provando que liderava qualquer caminho. A bateria tem momentos com swing, quase um toque de música brasileira. As guitarras pesam, e André canta com mais raiva do que lamento. Uma faixa cantada menos com o coração na mão e mais com o punho cerrado. Mesmo assim, ele faz história.
Lasting Child
Álbum – Angels Cry (Angra, 1993)
Última faixa do disco que trouxe Carry On. É uma balada épica, dividida em dois “capítulos”. Começa com piano e a voz única de André, que entra como um trovão no céu calmo. Vai exigindo mais do que técnica — exige alma. E ele entrega tudo: narra, implora, explode. A voz ali é quase uma entidade. Encerrar o álbum com ela foi um recado: “Não estamos aqui só pra fazer metal. Queremos transcender.”
Iron Soul
Álbum – Reason (Shaman, 2005)
Um André mais teatral aparece aqui. Voz grave e contida nos versos, quase como uma prece, que depois explode em refrões rasgados e intensos. Emoção pura. Ele se adapta com maestria às mudanças de clima dessa pedrada. Para ele é fácil — para nós, impossível.
Oversoul
Álbum – The Turn of the Lights (Solo, 2012)
Mais uma pancada. Instrumental fervendo, guitarras dobradas. André entra com uma voz sóbria, quase como se estivesse conversando. E mostra que não precisa atingir o infinito pra provar o quanto é bom. Uma faixa especial do seu último álbum solo.
I Will Return
Álbum – Mentalize (Solo, 2009)
Não é tão “lado B”, mas é impossível deixar de fora.
“And if I tell you that our minds are free again
You’ll know I will return
So many stars are lightning up along the way
You’ll know I will return
Back forever”
“E se eu te disser que as nossas mentes estão livres de novo
Você saberá que eu vou voltar
Tantas estrelas estão acendendo ao longo do caminho
Você saberá que eu vou voltar
Voltar para sempre”
Ele não voltará — porque ele nunca se foi.
Está vivo em cada fone de ouvido, em cada alma que se emociona, em cada memória que sorri ao ouvi-lo.
Bonus – Separate Ways (Cover, Journey)
Album – Time to be Free (Solo, 2007)
Quem me conhece sabe: o Journey é uma das minhas bandas favoritas. Steve Perry é, pra mim, o segundo maior vocalista da história. Agora imagina alguém encarar um cover dele?
Pois é. O André fez.
E ficou MARAVILHOSO.
Pesado, imponente, cheio de alma.
Ele transforma esse clássico com a garra de quem tem o dom. É de bater palma de pé.
Quando uma voz como a de André Matos se cala, o silêncio que fica não é ausência — é eco.
Um eco que vibra em cada nota que ele deixou, em cada refrão que não precisou de hit para tocar a alma.
Passaram-se seis anos, mas a verdade é que ele nunca se foi.
Está ali, entre o piano e o agudo impossível, entre a lágrima e o arrepio.
André não era só vocalista. Era maestro, compositor, contador de histórias.
E é por isso que, mesmo que o tempo siga em frente, sua música continua nos encontrando — sempre além do óbvio.
So carry on, there’s a meaning to life…
Até semana que vem!
Valeeeeeeeeeeeu!