Fala, galera! Biel Furlaneto na área, de volta após uma folga em que a minha querida “Blood Sister” Amanda Basso me substituiu falando das pérolas do Van Halen!
Se comportaram né?
E hoje eu retorno com uma responsa gigante (apesar das músicas curtas) no Headbangers Brasil, pois é hora de falar do maior nome de um estilo: os quatro desajustados que se juntaram em 1974 e fizeram explodir o punk rock para o mundo.
Você certamente já ouviu Blitzkrieg Bop em algum jogo de skate famoso, ou já dançou ao som de Pet Sematary em alguma festa por aí. Certamente já “quis ser sedado”, já “acreditou em milagres” e até mesmo já ficou triste vendo que “todo mundo hoje tem um coração venenoso”.
Hoje, a ideia é te mostrar que os gigantes do punk rock têm muito mais a oferecer a você, caro leitor. Coloca sua calça rasgada, sua jaqueta jeans e all star sujo e saia chutando tudo com essa playlist arrebatadora que vem a seguir.
Bora lá?
Bye Bye Baby
Começamos aqui com duas exceções em uma: uma balada que tem um tempo considerável (quatro minutos e meio é uma eternidade na discografia do Ramones). Música que Joey compôs após o fim de um relacionamento, mostra toda a sua dor saindo daquela voz característica — que permanece inesquecível até hoje. Destaque para o solo cheio de sentimento de Johnny Ramone. Está no geralmente massacrado álbum Halfway to Sanity (1987).
É pra fazer o punk chorar. Mas, pelo menos dessa vez, não foi a Ku Klux Klan que levou.
Chop Suey
Quando a gente pensa em Ramones como trilha sonora, logo vem à mente Pet Sematary, que foi trilha do filme de mesmo nome. Mas e se eu te disser que existe uma opção menos badalada que também é excelente? A dançante música, xará do petardo do SOAD, mostra o que a banda tem de melhor: muita diversão. Está presente na trilha sonora do filme Get Crazy – Na Zorra do Rock, além de estar na versão expandida de Pleasant Dreams (1981).
Street Fighting Man
Presente no também pouco falado Too Tough to Die (1984), é uma música cantada com raiva pelo vocalista Joey Ramone, com riffs mais pesados do que os que costumamos ouvir nos mega-hits que a banda produziu. O instrumental, sempre simples e cru, também se destaca — com atenção especial para a bateria do então estreante Richie Ramone.
Suzy Is a Headbanger
Claro que você sabe que a Sheena é uma punk rocker, mas sabia que a irmã dela, Suzy, é uma bela headbanger? Ok, a história da irmã eu inventei, mas a qualidade da música eu garanto que é verdade. Novamente, a simplicidade toma conta de tudo. Um riff de guitarra quase hipnótico de Johnny e uma cozinha bem conduzida por Dee Dee no baixo e Tommy na bateria. Presente no segundo álbum da banda, Leave Home (1977).
All The Way
Qualquer música do Ramones que comece com o sagrado “1, 2, 3, 4!” já vale o ingresso. Essa tem um pequeno riff antes da contagem, mas a “aura” (palavra da moda, né?) que se instala logo após o ritual é algo que não se explica, apenas se sente. A música passa a ter uma pegada mais acelerada, com Joey tomando conta do espaço sem maiores dificuldades. Como ela está quase no final do álbum End of the Century (1980), lar de hinos como Do You Remember Rock and Roll Radio, Rock and Roll High School e Baby, I Love You, provavelmente passe despercebida. Mas definitivamente não deveria.
Freak of Nature
Um riff pesado para os padrões dos clássicos da banda, é uma faixa mais energética do que quem conhece apenas os hits está acostumado a ouvir. Destaque para a letra completamente marginalizada, cantada com vontade por Joey. Essa você encontra no álbum Animal Boy, nono trabalho da banda lançado em 1986.
She Belongs to Me
Dando mais uma passada no álbum Animal Boy, me deparei com essa música lindinha aqui. Lembra aquelas baladas sessentistas com violão e refrão em coro. Uma letra divertidíssima ajuda a compor o cenário, regada a ameaças físicas e um amor que beira (pra ser bem bonzinho) o possessivo. Destaque para o refrão grudentinho e delicioso. Essa vale deixar naquela lista de favoritos da vida.
Punishment Fits the Crime
Falar do clássico Brain Drain (1989) e não focar em I Believe in Miracles, Pet Sematary e Merry Christmas (I Don’t Want to Fight Tonight) é uma missão ingrata — mas prazerosa, se você fizer. Destaquei uma faixa que, pasmem, não é cantada por Joey Ramone! Apesar de estar muito presente no refrão, dessa vez a voz que dá brilho à música é do baixista Dee Dee Ramone. Tem uma pegada muito diferente do habitual, sendo uma daquelas músicas de versos instrumentalmente mais simples que crescem bastante no refrão. Outra pérola escondida.
Havana Affair
Não teria como encerrar essa matéria sem falar da pedra fundamental do punk rock. O marco zero. Quando o Ramones lançou seu autointitulado álbum de estreia em 1976, o mundo viu nascer clássicos como Blitzkrieg Bop, Judy Is a Punk, Beat On the Brat e I Wanna Be Your Boyfriend. Lá pro final do álbum, uma faixa tão crua que beira o irresponsável, com a ainda jovem voz de Joey tentando achar uma afinação, guitarras distorcidas chiando, um baixo reto e uma bateria que parece só ter três peças. A simplicidade e a potência da essência do punk rock original resumida em 1 minuto e 57 segundos.
Born to Die in Berlin
Se a faixa anterior foi sobre o início, terminamos a matéria com o canto do cisne da banda, sendo a última faixa do último álbum dos Ramones (Adios Amigos, 1994). Uma banda muito mais encorpada se comparada ao álbum de estreia, com uma sonoridade um pouco mais moderna, mas ainda com a atitude e presença de sempre. A voz inconfundível de Joey dá o tom dessa faixa um pouco mais pop. Por estar presente no mesmo álbum do último grande hit, I Don’t Want to Grow Up, provavelmente passe despercebida por você, mas eu te indico dar uma boa conferida não só na faixa indicada, mas em todo o álbum.
Bônus
Geralmente os bônus do Além do Óbvio se referem a algum álbum de membro da banda ou alguma apresentação específica, mas como estamos falando de uma banda que representa, mais do que tudo, dizer “foda-se os padrões”, a dica da vez é o documentário End of the Century – The Story of the Ramones, que mostra a história nua e crua da banda, com todas as suas divergências, dramas, excessos e magia. Pode ser visto de graça e legendado no YouTube, pelo link abaixo.
Então é isso! Agora você já está pronto para ir à Renner buscar sua camisa nova do Ramones!
Conta pra gente nos comentários o que você achou e também qual é a próxima banda que você quer ver aqui no Além do Óbvio!
Adios, amigos!!!