Pegando carona no sucesso de bandas como Rebanhão, o Oficina G3 surgiu em 1987 com um som mais pesado e guitarras virtuosas remetendo à músicos como Eddie Van Halen e Yngwie Malmsteen. Após a estréia com um disco ao vivo em 88 e o álbum Nada É tão Novo, Nada é Tão Velho de 93, o Oficina lançou uma obra prima, com elementos do hard rock e heavy metal oitentista, sem contudo abrir mão de letras inspiradas e com mensagens de salvação.

O disco abre com Davi, relatando a conhecida história de Davi e Golias, com uma mensagem de esperança em meio às dificuldades. A segunda faixa, , um blues pesado, sem muita originalidade, porém com arranjo correto e sem comprometer. Magia Alguma é uma balada poderosa, que valorizou ainda mais a voz de Luciano Manga, o segundo melhor vocalista que a banda já teve. Se você acha que o primeiro lugar nos vocais da banda fica com o PG, lamento desapontá-lo. Ouça Espelhos Mágicos (com riff devastador e cavalgada à la Iron Maiden), Novos Céus (balada com levada de violão cativante), Your Eyes e Rei de Salém e irá se surpreender com a voz mais bonita da banda, a de Juninho Afram.

Aliás, o cara nessa época era seguramente o melhor guitarrista do país, e olha que tínhamos Edu Ardanuy e o “tesouro” Kiko Loureiro no auge. Duvida? Pois ouça a sua interpretação para Vencendo Vem Jesus (aqui intitulada Glória Instrumental), emendando com a versão cantada (Glória) e tire suas conclusões. A canção em questão foi composta em 1861 por Julia Ward Howe como uma canção nacionalista americana (chamada The Battle Hymn Of The Republic), adaptada no Brasil para os hinários mais populares (Cantor Cristão com nº 112, Harpa Cristã com nº525 e Hinário Adventista com nº 152) com ligeiras alterações na letra. Independente da diferença entre as versões, todos conhecem o refrão dessa canção (executada massivamente nas igrejas mais históricas e tradicionais)  e com o Oficina ela se tornou um clássico no heavy metal cristão, causando inclusive algumas polêmicas com os conservadores. E não pára por aí. Profecias tem um brilhante arranjo e refrão perfeito para cantar no último volume. A faixa título é quase que um clone da Rising Force ( a banda de Yngwie Malmsteen), com pitadas de Dr Sin.

Por tudo isso, esse disco se tornou um marco no meio cristão, rompendo barreiras, trazendo o rock n’ roll pesado para o meio e mostrando que dá pra adorar a Deus com ordem e decência, ouvindo som de qualidade e tocando em alto nível. Simplesmente o melhor trabalho dos caras, a menos que você só tenha conhecido a banda na era PG.

NOTA: 4,5 / 5