E chegou finalmente a semana que muitos estão aguardando: a semana em que acontecerá o Bangers Open Air em São Paulo. O festival acontece nos dias 03 e 04 de maio e contará com diversas bandas que estão sendo muito aguardadas pelos fãs.
Algumas são muito bem conhecidas pelo público brasileiro – e outras nem tanto. E é justamente de uma banda não tão conhecida que venho falar hoje: os alemães do The Lord of the Lost.

Então pegue o seu fone de ouvido, sua bebida favorita, sente-se numa cadeira confortável e comece a ler com o coração e a mente abertos, pois não vou falar de uma banda qualquer!

Para quem respira heavy metal, a Alemanha é uma terra sagrada — berço de gigantes como Helloween, Kreator e Scorpions. Mas além dos nomes clássicos, há bandas contemporâneas que vêm moldando novas facetas do som pesado. Uma delas é o Lord of the Lost, de Hamburgo — e se você ainda não se aprofundou no trabalho deles, está na hora de corrigir isso.

Fundado em 2007 pelo vocalista e multi-instrumentista Chris Harms, o Lord of the Lost começou como um projeto solo e logo se transformou em uma banda completa. Musicalmente, eles são difíceis de rotular: misturam elementos de metal gótico, industrial, dark rock, e até pitadas de metal sinfônico e glam. Pense em uma linha que conecta Type O Negative, Marilyn Manson e HIM  — mas com uma assinatura própria.

Peso, melodia, drama

O que torna o Lord of the Lost especial é a capacidade de equilibrar peso e melodia. Riffs fortes convivem com refrões melódicos e, às vezes, com bases eletrônicas que soam modernas sem parecer artificiais. Os vocais de Chris Harms transitam entre o gutural, o canto operático e tons mais graves e melancólicos — uma versatilidade que poucos vocalistas da cena conseguem alcançar.

Álbuns como Thornstar (2018) e o duplo Judas (2021) mostram bem essa diversidade: são trabalhos conceituais, densos e emocionalmente carregados, abordando temas como religião, existencialismo e liberdade pessoal. Para quem curte um metal que provoca tanto o intelecto quanto o instinto, Lord of the Lost é uma pedida certeira.

Em 2022, o álbum Blood & Glitter veio para chacoalhar ainda mais: apostando numa vibe glam, misturada com metal moderno, foi uma ode à liberdade de expressão — tanto sonora quanto visualmente. O disco foi lançado de forma quase surpresa, poucos meses antes de eles representarem a Alemanha no Eurovision 2023 — um feito incomum para uma banda de metal.

Vontade de fazer o que se gosta – por que não?

Além disso, não podemos deixar de citar um dos marcos da carreira da banda, o triplo álbum de covers Weapons of Mass Destruction, que por si só já renderia um longo texto. Uma obra-prima das covers, eu diria.
Quais outras bandas poderiam ser tão sinceras ao homenagear suas influências e entregar um trabalho tão competente e sincero?

Os discos reúnem versões de músicas de diversos gêneros e épocas, todas adaptadas ao estilo da banda, forte e, ao mesmo tempo, despojado, enfatizando a habilidade da banda de reinterpretar canções de forma autêntica, rompendo barreiras de gênero musical.

O álbum abre com “Shock To The System” de Billy Idol e traz covers de artistas como Judas Priest, Sia, Bishop Briggs, Ultravox, Michael Jackson e Keane. Destaca-se ainda a versão sombria de “Smalltown Boy” (Bronski Beat) e a participação de Anica Russo em “(I Just) Died In Your Arms”. O trabalho se encerra com uma interpretação emotiva de “House On A Hill” do The Pretty Reckless. Diverso, potente e maravilhoso! Também podemos desfrutar de homenagens ao Roxette, Iron Maiden e uma versão em finlandês de “Cha Cha Cha” de Käärijä.

Participação no Eurovision 

Agora, você deve estar pensando: “Eurovision? Isso não é muito pop?”

É verdade: o festival é famoso por sua estética pop, mas a participação do Lord of the Lost foi quase um ato de resistência. Com “Blood & Glitter”, eles levaram para o palco europeu uma explosão de metal com glitter, quebrando estereótipos e mostrando que o heavy metal também pode ser teatral, acessível e ainda assim brutalmente honesto. Mesmo não vencendo o concurso, conquistaram novos fãs pelo continente e além — e mostraram que o metal pode (e deve) ocupar espaços diversos.

Uma experiência visual com muitos fogos

Outro diferencial do Lord of the Lost é a preocupação com a estética. Desde os figurinos extravagantes até os videoclipes cinematográficos, cada projeto da banda é uma experiência audiovisual completa. Visualmente, eles misturam o gótico clássico, o cyberpunk, o fetichismo e o glam rock, criando um universo próprio que amplifica a mensagem das músicas.

Se você curte bandas que fazem do palco uma extensão da arte — como Behemoth, Ghost ou até o velho Alice Cooper —, provavelmente vai apreciar o espetáculo que é um show do Lord of the Lost.

Além da música: autenticidade e ativismo

Chris Harms e sua banda também se destacam pela postura ética. Eles falam abertamente sobre aceitação, respeito à diversidade e liberdade de expressão — sem soar forçado ou oportunista. Tudo isso aparece nas letras e nos posicionamentos públicos do grupo. Para muitos fãs, especialmente da cena alternativa e LGBTQIA+, o Lord of the Lost representa um espaço de acolhimento dentro do metal.

Essa autenticidade é algo que não se compra: ou você tem, ou não tem. E o Lord of the Lost, definitivamente, tem de sobra.

Eles vêm ai…
Dentro de alguns dias, vocês poderão conferir todo esse talento ao vivo.

Por se tratar de um show em festival, o setlist será reduzido, mas podemos esperar a maioria dessas músicas que estão sendo tocadas nesses shows na América Latina:

Lord of the Lost definitivamente não é a banda mais extrema ou brutal da Alemanha — mas é uma das mais inteligentes, versáteis e visualmente impactantes da cena atual. E no final, isso é exatamente o que mantém o metal vivo: renovação, paixão e coragem de ser diferente.