A Besta está pronta para a nova geração.

Já se vão 35 anos desde que conheci a banda britânica Onslaught com o fantástico “Power from Hell” (1985), na época classificando aquela poderosa massa sonora como power metal, até por ser uma banda europeia, mas com uma nítida tendência de possuir em seu acervo musical o melhor das características do thrash metal.  E por causa de interrupções ao longo dos anos em suas atividades, “Generation Antichrist” é apenas o sétimo trabalho de estúdio da banda, que esta chegando ao mercado via AFM Records, que mais uma vez, gentilmente cedeu ao Headbangers Brasil uma cópia de um de seus lançamentos para que esse review fosse possível.

A princípio temos uma daquelas típicas mudanças de formação em uma banda que pesa demais, para o bem ou para o mal, que é a troca do vocalista. A responsabilidade de ocupar o lugar de Sy Keeler ficou a cargo do ex-“Bull-Riff Stampede”, Dave Garnett. Mas já vou adiantando que Dave fez um ótimo trabalho, colocando seu toque pessoal nas novas composições, evitando por completo a sensação de uma mera imitação para manter o padrão do Onslaught. Mas vamos ao disco.

Rise to Power” começa através de uma intro de um rádio tentando ser sintonizado e quando o dial é encontrado o que sai pelos alto falantes de forma esmagadora é um rife lento e pesado aliado o timbre demoníaco de Garnett, que se apresenta pela primeira vez em grande estilo. A curta primeira faixa já vai emendando direto em “Strike Fast Strike Hard”, que é muito rápida, bumbos na velocidade da luz, com rifes capazes de torcer o pescoço do banger mais desavisado que tentar acompanhar o ritmo sem estar preparado. Que começo, tudo no melhor estilo de um metal moderno, pois o Onslaught consegue aliar o peso do heavy tradicional com a pancadaria técnica do thrash metal como poucos.

Uma metralhadora sonora cadenciada está presente em “Bow Down To The Clowns”, o rife é mortal, impulsionado pela cozinha impecável composta pelo baixista Jeff Williams e o baterista James Perry. Os backings vocals são fortes e são convidativos, faz você querer gritar também. A faixa título começa com alguém literalmente pregando de uma forma bem singular – procure prestar atenção no que ele fala – pelo menos até o rife monstruoso entrar em ação de uma forma brutal e devastadora. O refrão é alto e cheio de ganchos que vão ser muito úteis nas (quando possível) futuras apresentações ao vivo da banda, sendo um convite perfeito para interagir com os fãs. Pode anotar, “Generation Antichrist” vai se tornar um clássico do Onslaught.

All Seeing Eye” é um thrash tradicional de ritmo médio, se quiser respirar um pouco, aproveite agora, pois a velocidade voltará a toda durante os solos caóticos. “Addicted To The Smell of Death” aceleram o ritmo em tempo integral novamente, com variações muito legais nas subidas e descidas dos rifes. A capacidade de aglutinar solos extremamente velozes em andamentos acelerados é umas das armas do Onslaught à muito tempo, mas nesse disco eles soam melhores que nunca. Nige Rockett realmente sabe muito bem como compor seu exercito e é um nome que deveria ser reverenciado mais vezes.

Empires Fall” começa desacelerada proporcionando aos tambores de James Perry um destaque merecido, enquanto o instrumental resgata a típica atmosfera do thrash da segunda metade dos anos 80 com muita influência do Slayer da época. Outra letra falando de religião, daquela forma bem Onslaught de ser, em “Religiousuicide”, o primeiro single, que é outro exemplo de thrash metal moderno, intransigente, rápido e incisivo, ou seja, simplesmente atropela o que estiver na sua frente. E fechando o trabalho a versão 2020 para a ótima música “A Perfect Day To Die”, que foi lançada no início do ano passado e inclusive possui até um clipe. 

Que álbum. Se a preocupação era como o Onslaught soaria com Garnett nos vocais, saiba que ele teve um ótimo desempenho. Na verdade, toda a banda esteve absolutamente perfeita e não há uma música ruim em “Generation Antichrist”, o que significa que há uma nova Besta a solta. Definitivamente se tem alguma que se salva nesse terrível ano de 2020, por todas as razões que estamos cansados de saber quais são, é o alto nível dos lançamentos que as bandas de thrash metal estão proporcionando aos fãs do estilo e “Generation Antichrist” certamente faz parte dessa leva de grandes álbuns. Não pense duas vezes e compre o seu.

Nota: 4,5/5

Onslaught:

David Garnett – Vocals

Nige Rockett – Guitars

Wayne Dorman – Guitars

Jeff Williams – Bass

James Perry – Drums

Tracklist:

01 – Rise to Power

02 – Strike Fast Strike Hard

03 – Bow Down to the Clowns

04 – Generation Antichrist

05 – All Seeing Eye

06 – Addicted to the Smell of Death

07 – Empires Fall

08 – Religiousuicide

09 – A Perfect Day to Die (2020 Version)

Fique ligado:

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