Originária de Illinois, o Whitecross chega com tudo nesse novo disco. Já no refrão da música de abertura a pedrada The Way We Rock, o quarteto liderado pelo guitarrista Rex Carrol dá o tom do que está por vir dizendo: “É assim que nós agitamos Oh, como nós arrasamos!! É assim que nós agitamos Você não sabe que nunca, nunca iremos parar”
Se você acha que parou por aí, observe uma das estrofes dessa mesma canção: “Nós somos os guerreiros do exército do céu – Nós espalhamos a mensagem em todos os lugares – E agora nos levantamos e levantamos nossos punhos no ar”
Mesmo parecendo uma estrofe criada para agradar fãs de Manowar, o Whitecross não soa canastrão ou piegas, tamanha a convicção com que proferem tais versos. Mas vamos ao que interessa: as músicas.
Abrindo em grande estilo, a já citada The Way We Rock agrada aos saudosistas de plantão, pois remete imediatamente aos tempos de Triumphant Return de 1989. Rompendo um hiato de 20 anos, Rex e seus comparsas evocam os tempos áureos com Lion of Judah, um rockão com riff ardido e enérgico com excelente refrão e solo de guitarra visceral. As guitarras aliás são um show a parte, pois Rex Carrol é desde os anos 80, seguramente um dos guitarristas mais subestimados e injustiçados do planeta. Se duvida, ouça a próxima faixa, que atende pela alcunha de Jackhammer e tire suas próprias conclusões. Com todo o controle artístico a cargo do guitarrista (incluindo produção e masterização), a banda segue fiel aos seus padrões e aos seus objetivos, que é levar a mensagem da Bíblia ao maior número de pessoas possível. Os vocais agora estão sob o comando de Dave Roberts, do Zeppelin Project e Saints & Sinners, e ele não decepciona como podemos constatar na excelente Man In The Mirror. Lógico que toda banda é quase que obrigada a conviver com as viúvas ao trocar de vocalista, mas Dave manda muito bem e vale lembrar que são 19 anos sem Scott Wenzel. Blind Man remete a Going To California do Led Zeppelin, num gostoso clima folk. Em seguida a faixa título, Fear No Evil, com um início lembrando Hells Bells, de outra banda lendária que você conhece bem.
Chegamos na metade do disco e até agora sem pretensão de pular nenhuma faixa. 29000 parece ser inspirada em Give Me All Your Love do Whitesnake, especialmente por causa da levada de bateria do competente Michael Feighan e o baixo preciso de Benny Ramos. Saints of Hollywood mescla bem riffs potentes com interlúdios mais lentos, sem se tornar maçante em nenhum momento assim como na arrasadora e moderna Vendetta, que lembra demais o primeiro disco do Velvet Revolver (aquele mesmo, do Slash), principalmente por causa dos vocais de início. As 2 últimas canções tem uma vibe bem diferente para quem acompanha o Whitecross, já que as faixas que encerram o disco parecem uma homenagem (linda por sinal) aos Beatles, finalizando de maneira surpreendente e ao mesmo tempo apoteótica esse discaço de Hard Rock. É revigorante escutar o Whitecross mesmo após 19 anos de ausência, pois é uma banda que sabe se reinventar sem perder a essência de seu som e de sua mensagem.
Como o próprio Rex afirma ao ser questionado sobre seus planos futuros: “Continuar amando a Deus, amar as pessoas, amar a banda, amar os shows, amar tocar até me colocarem no chão em um caixão em forma de guitarra.”
RESENHA POR DIOGO FRANCO
NOTA 5 / 5