Ah, o thrash metal. Um gênero que nunca morre – ele apenas fica mais cabeludo, mais técnico ou, no caso do Heathen, mais… nostálgico. Em Bleed the World Live, os veteranos da Bay Area retornam com um disco ao vivo que tenta capturar a energia de palco e a fúria sonora que os consagraram, ainda que com resultados um pouco desiguais.

Gravado durante a turnê de divulgação do álbum Empire of the Blind (2020) e misturando clássicos da era Breaking the Silence com faixas mais recentes, o álbum tem coração, suor e solos em abundância. A performance da banda é sólida — que atualmente é formada por David White – Vocal, Kragen Lum – Guitarra, Kyle Edissi – Guitarra, Jason Mirza – Baixo e
Ryan Idris – Bateria. Elegância em seus riffs, técnica refinada e peso são qualidades notadas na dupla de guitarras nesse registro. A cozinha rítmica é firme e dá conta do recado, mesmo que em alguns momentos pareça faltar aquele soco no estômago que esperamos de um bom disco ao vivo.

O vocal de David White é um capítulo à parte. Carismático e competente, ele entrega o que pode, mas há momentos em que a idade começa a pesar um pouquinho — nada trágico, mas perceptível. É como aquele vocalista que ainda alcança os agudos… mas agora, com aquele empurrãozinho do técnico de som.

A produção do disco é honesta, mas não empolgante. O som é limpo demais para um álbum ao vivo, com a plateia soando como se estivesse participando à distância. Faltou sujeira, aquela imperfeição que dá vida e nos faz sentir no meio da roda de mosh com o cotovelo de um desconhecido colado na nossa costela.

Dito isso, Bleed the World Live não é um desastre — longe disso. É um lançamento decente, especialmente para os fãs de longa data que querem matar a saudade ou completar a coleção. Só não espere um novo Live After Death ou um Decade of Aggression, o Heathen ainda tem lenha pra queimar, mas aqui o fogo ficou mais brando do que incandescente. Eu aqui destacaria Dying Season, pois o Heathen mantém a pegada ao vivo, Opiate of the Masses que continua sendo um hino necessário até mesmo para os dias de hoje e Empire of the Blind, que em palco soa ainda mais poderosa.

Bleed the World Live é um brinde respeitável ao legado do Heathen, mas falta aquele tempero caótico que transforma um bom show em um momento épico. É como um mosh pit com segurança demais: divertido, mas sem risco de sair com um dente a menos. E convenhamos… isso é parte do charme.

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NOTA: 3 / 5