Fala, galera, beleza? Biel Furlaneto na área!

Hoje, nada mais justo do que falar da banda que incendiou os noticiários na última semana. Anunciando seu retorno, Geddy Lee e Alex Lifeson se juntam à baterista Anika Niles para uma celebração dos mais de 50 anos de carreira.

O que pouca gente sabe é que o trio vai muito além de Tom Sawyer, YYZ, Closer to the Heart e outros sucessos.

Hora de encarnar o Spirit of Radio para o Além do Óbvio de uma das maiores bandas de rock progressivo de todos os tempos.

Bora lá??

“Before and After” – Rush (1974)

O primeiro álbum é puro hard rock setentista, e essa faixa é uma das mais melódicas e subestimadas. Começa suave, quase psicodélica, com seu longo instrumental de dois minutos, e depois explode num riff direto e cheio de alma. Um vislumbre do que o Rush viria a ser. Geddy canta sobre deixar algo pra trás e encarar o novo com esperança. É quase simbólico: o Rush de 1974 não fazia ideia do que viria pela frente, mas essa canção soa como um presságio da metamorfose que chegaria com Neil Peart no álbum seguinte (Fly by Night). Foi totalmente ofuscada por Working Man, o grande hit do disco.

“Ghost of a Chance” – Roll The Bones (1991)

A música de amor do Rush! Sim, inclusive ela está no Além do Óbvio de Dia dos Namorados (clique AQUI para conferir). Apesar de ter figurado sempre nos shows da banda durante os anos, é uma faixa que acaba passando despercebida. A sonoridade de Ghost of a Chance é envolvente e madura, misturando guitarras limpas e cheias de textura de Alex Lifeson com um baixo pulsante de Geddy Lee e uma bateria elegante de Neil Peart, criando um clima melancólico e luminoso ao mesmo tempo. É basicamente como se o Rush trocasse o virtuosismo técnico por uma conversa sincera sobre sentimentos.

“The Twilight Zone” – 2112 (1976)

A verdade é que pouca gente vai além da epopeia de 20 minutos que dá nome ao álbum, mas lá no lado B tem essa maravilha aqui. O começo é meio Killer Queen, o que é bem legal. Na sequência, uma onda progressiva e melódica invade tudo, juntando-se ao vocal dramático de Geddy Lee. Lindíssima.

“Between the Wheels” – Grace Under Pressure (1984)

Riffs graves de guitarra, baixo marcante e bateria precisa de Neil Peart criam uma atmosfera tensa e urgente, enquanto os sintetizadores acrescentam camadas de melancolia, resultando em uma faixa que soa como estar pressionado entre engrenagens invisíveis da vida moderna. Eu sou do time que curte bastante o Rush dos sintetizadores e teclados, então pra mim é um prato cheio.

“Countdown” – Signals (1982)

Apesar de ter até um clipe, essa é bem esquecida. Countdown é inspirada na missão espacial do ônibus Columbia, em 1981. Neil Peart transforma a história real em narrativa lírica, celebrando a coragem, a tecnologia e o espírito humano. A letra transmite a tensão e a expectativa de um grande feito, mostrando o Rush se conectando com temas contemporâneos de maneira emocionante, mas sem perder a complexidade musical. Synths futuristas, guitarras precisas e bateria explosiva de Peart se combinam para criar uma atmosfera de contagem regressiva empolgante, transmitindo tensão e euforia como se você estivesse a bordo da missão espacial.

“Prime Mover” – Hold Your Fire (1987)

A faixa tem um clima introspectivo e atmosférico, começando com sintetizadores etéreos que criam uma sensação de espaço e contemplação, enquanto a guitarra de Alex Lifeson entra de forma suave, com acordes limpos e dedilhados que flutuam sobre a base rítmica. Geddy Lee mantém um baixo discreto, mas profundo, que sustenta a harmonia, e Neil Peart toca com precisão contida, usando a bateria mais para marcar o compasso do que para exibir virtuosismo. Mais um golaço do trio.

“Cold Fire” – Counterparts (1993)

Essa mostra o Rush explorando uma sonoridade mais pesada e riffs diretos, sem abrir mão da complexidade instrumental que os caracteriza. Guitarras afiadas, baixo pulsante e bateria precisa criam uma faixa explosiva e intensa, com tensão constante e momentos de liberação que traduzem emoção e determinação.

“The Way the Wind Blows” – Snakes & Arrows (2007)

Uma guitarra quase bluesy de Alex Lifeson dá início ao espiral progressivo, mas com um toque de modernidade que a banda explorava em 2007. Um pouco mais difícil de digerir, principalmente pra quem não é do estilo, mas a voz mais experiente de Geddy Lee também é um bom ingrediente. O baixista é conhecido por ter um timbre peculiar (muitos dizem “ruim”), mas é inegável a emoção que ele sempre consegue passar.

“Tai Shan” – Hold Your Fire (1987)

Inspirada por uma visita de Neil Peart ao Monte Tai, na China, essa música é uma das mais curiosas da carreira do Rush. Fugindo completamente do rock progressivo e flertando com sonoridades orientais, mostra um lado introspectivo e quase espiritual da banda. Mesmo que o próprio Peart tenha dito depois que não funcionaria bem ao vivo, é impossível negar o charme e a sensibilidade dessa viagem musical. Uma ousadia que só o Rush teria coragem de lançar.

⚡ “Chemistry” – Signals (1982)

Um verdadeiro híbrido entre o som analógico dos anos 70 e o universo sintetizado dos 80. Chemistry é a perfeita representação da harmonia (sem trocadilho) entre Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart. Com uma construção instrumental impecável e uma energia que parece pedir o palco. É o tipo de faixa que te faz pensar: como essa nunca entrou no setlist? Talvez as avalanches de sintetizadores expliquem. Ou ainda o fato de ter perdido espaço para a clássica Subdivisions, do mesmo álbum. De qualquer maneira, seria uma excelente opção. Quem sabe nessa volta, não é mesmo?

Bônus
Rush: Beyond the Lighted Stage (2010)

Lançado em 2010, o filme acompanha a trajetória do trio desde os dias de garagem até os estádios lotados. O que impressiona não é só a quantidade de material raro, mas o quanto ele humaniza os três.

Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart aparecem como caras comuns que simplesmente decidiram nunca fazer concessões criativas. São engraçados, tímidos, às vezes desajeitados… mas absolutamente comprometidos com a arte. O doc também expõe o isolamento inicial da banda e como isso só fortaleceu o vínculo entre eles e os fãs. Mais do que um registro histórico, Beyond the Lighted Stage é o retrato de uma carreira construída com honestidade, trabalho e zero ego.

E você? Animado com a volta do Rush?
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