Sabe aquele churrasco de família que você, amante de rock n’ roll, nunca pode colocar o som que você curte? A banda que iremos falar hoje existe apenas pra que você, caro churrasqueiro dominical, possa ouvir um som que lhe agrada durante suas degustações no referido evento. O The Outfield, inicialmente chamado The Baseball Boys, é aquele tipo de banda que vai agradar desde aquela turma que diz não gostar de rock àqueles que dizem que gostam só pra se enturmar com o resto da galera. Formada em Londres em 1984, tendo como líder o falecido baixista Tony Lewis (que também era o vocalista), a banda experimentou o sucesso de forma atípica de várias maneiras.

Seu primeiro disco, intitulado Play Deep e lançado em 1985, obteve disco triplo de platina nos E.U.A., porém nenhum êxito em seu país natal. Em terras tupiniquins, a banda é uma das chamadas “bandas de apenas um hit”, visto que apenas Your Love é lembrada até hoje, mais do que o próprio nome da banda, diga-se de passagem.

A banda esteve na ativa até o início da década de 90, gravando discos e realizando turnês ao lado de bandas como Night Ranger, Journey e Starship. Seu segundo disco, chamado Bangin’ de 1987, ainda teria 2 singles de moderado sucesso (Since You’ve Been Gone e No Surrender), mas nada que se comparasse ao seu maior sucesso, o single Your Love.

Seu terceiro disco, o confuso Voices Of Babylon, de 1989, apresentou uma mudança de estilo que acabou por diluir o sucesso conquistado. A coisa ainda iria piorar com o lançamento de Diamond Days em 1990, que apesar de conter um dos maiores hits do grupo, a canção For You, causou estranheza por flertar com o synth pop em seu repertório.


Seguindo a linha dos seus antecessores, o disco Rockeye de 1992 apresentou o single Winning It All, que se tornou frequente em eventos esportivos. Com o movimento grunge crescendo, bandas com características mais melódicas sofriam com o descaso do público e das grandes gravadoras. Por esse motivo o The Outfield lançou It Ain’t Over em 1998, apenas para membros do seu fã-clube.

Após o disco Any Time Now, de 2006, a banda continuou a realizar alguns shows até o lançamento de Replay, em 2011. Esse seria o disco derradeiro, visto que em julho de 2014 o guitarrista John Spinks faleceu em decorrência de um câncer no fígado. Em 2020 o baixista Tony Lewis faleceu de causas não divulgadas, embora fontes próximas afirmem que o mesmo lutava há anos contra o mesmo tipo de câncer que levou a vida de seu companheiro de banda.

A banda então encerrou suas atividades, e a sensação que temos é de que poderia ter sido muito maior do que realmente foi.
O Som…
A sonoridade do Outfield lembra o Bryan Adams em alguns momentos, com um vocal que parece um cruzamento de Jon Anderson com Geddy Lee, caso ambos cantassem pop radiofônico. Aliás, o segundo disco tem melodias que lembram muito a fase pop do Rush (Roll The Bones, Hold Your Fire, etc…), especialmente os vocais de Tony.
A impressão que temos ao ouvir a banda é que, ao menos no Brasil, eles sofreram com a mesma maldição do Extreme e talvez o Mr Big: excelentes bandas que foram soterradas por seu maior sucesso, fazendo com que o público não as desse a atenção merecida. Com certeza, os britânicos do Outfield mereciam mais reconhecimento, mas experimente só colocar Your Love numa festa de família, ou até mesmo num point de rock. Você vai ver que até mesmo aquele fã de pagode anos 90 ou aquele troozão brucutu com cara de mau e blusa do Deicide vai abrir um sorriso e bater o pezinho no ritmo da canção. Cá pra nós, você não vai querer perder isso né? Boa viagem sonora.
Discografia:
- 1985 – Play Deep
- 1987 – Bangin’
- 1989 – Voices Of Babylon
- 1990 – Diamond Days
- 1992 – Rockeye
- 1995 – Playing The Field
- 1998 – It Ain’t Over
- 1999 – Extra Innings
- 2006 – Any Time Now
- 2011 – Replay
- 2020 – The Baseball Boys – Early Demos and Rare Tracks
