Resenha: U.D.O. – We are One (2020)

Forças unidas por um planeta melhor.

“We Are One” é o título de uma colaboração que mostra um resultado interessante entre o dono da eterna voz clássica do grande Accept com a banda de Concerto das Forças Armadas Alemãs (Musikkorps der Bundeswehr), que é composta por mais de 40 músicos, sob o comando do tenente-coronel Christoph Scheibling. O lançamento marcado para 17 de julho é via AFM Records/Soulfood Music, que gentilmente cedeu ao Headbangers Brasil uma cópia dessa obra para que esse review fosse possível.

O álbum foi desenvolvido e organizado por Mr. Dirkschneider ao lado de Scheibling, além de contar com a participação de dois ex-companheiros dos tempos de Accept, Stefan Kaufmann e Peter Baltes, e de dois compositores das Forças Armadas Alemãs; Guido Rennert e Alexander Reuber.

São 15 faixas com letras positivas, e essa parceria proporcionou ao peso costumeiro das composições da banda U.D.O., a possibilidade de serem intensificadas por uma orquestra de 60 peças, com arranjos únicos e versáteis, tornando cada uma das músicas trabalhos próprios, com uma densidade extra, que um álbum comum não teria. Se a ideia era causar um impacto imponente com as harmonias, a proposta funcionou perfeitamente.

Liricamente falando, “We Are One” trata de diferentes temas como, por exemplo, os desafios que estamos enfrentando atualmente, as mudanças climáticas, os movimentos mundiais de refugiados, a poluição e o meio ambiente. Tudo isso com uma trilha de fundo eclética, repleta de rifes e solos de guitarras, aliadas aos conjuntos de sopros e cordas, linhas vocais elegantemente colocados por um coral competente e o registro vocal inconfundível de UDO.

Por ser heterogêneo, é até plausível que o trabalho possua altos e baixos, mas com destaques como “Pandemonium”, que abre o disco com um belo trabalho da orquestra, mas quem predomina são os músicos da banda U.D.O.. Já a faixa título parece que foi pensada para ter o perfil comercial, mas com uma mensagem muito válida. O refrão é puro pop ao som de orquestrações e tende a ser grudento, creio que propositalmente.

“Love and Sin” tem uma intro cinematográfica e um andamento muito bem adaptado. Aqui o refrão com o apoio do coro funciona muito melhor e a música se desenvolve perfeitamente. É uma das melhores do álbum. Um ritmo galopante conduz a faixa “Future is the Reason Why” em outro ótimo trabalho de Mr. Dirkschneider e sua interação com o coro. Os detalhes que só mesmo uma orquestra pode proporcionar em uma melodia estão por toda parte em um trabalho muito bom.

“Children of the World” começa como uma balada, mas ganha uma densidade quase que palpável com seu decorrer. O mesmo ocorre com as faixas “Blackout” e “Natural Forces”, que são instrumentais e grandiosas. Em “Blackout” a orquestra permite aos guitarristas Dee Dammers e Andrey Smirnov uma participação decisiva em seu resultado final. “Rebel Town” trabalha com linhas diretas nas guitarras e o espaço para o solo é preenchido com uma dinâmica melódica muito bela de fundo, com a orquestra voltando a proporcionar momentos únicos.

“Neon Diamond”, que é um dos singles, possui o trabalho vocal mais diferenciado do álbum, com alternâncias nos timbres de UDO e uma parceria sensacional com a cantora Manuela Markewitz. É outra música que tem um jeitão comercial, o que não é um problema, pois tem suas qualidades. E até para reforçar esse ponto de vista, é preciso salientar que o legal de um disco com o apoio de uma orquestra, é que você nunca tem muita certeza para onde as coisas vão caminhar no decorrer da audição. De uma hora, ou faixa, para outra, a sua imaginação pode ser levada a um mundo totalmente diferente, e um exemplo perfeito do que eu estou falando é a instrumental “Beyond Gravity“, que possui tantos andamentos distintos, com gaitas de fole, percussões, rifes, que só ouvindo a música mesmo para sentir a atmosfera e tirar alguma conclusão.

Ok, mas um bom e tradicional ritmo acelerado cairia bem, não é? “We Strike Back” faz esse papel, com um ótimo trabalho da cozinha da banda U.D.O., composta por Tilen Hudrap e Sven Dirkschneider. “Beyond Good and Evil” fecha o trabalho dividindo as atenções entre a banda e a orquestra de maneira proporcional, como esperado.

É um álbum diferente, e fica muito claro que não se trata de um trabalho do cantor Udo Dirkschneider que estamos habituados, e por isso é preciso, caso queira é claro, que você ouça essa obra de mente aberta, pois radicalismo está fora de questão. As letras são muito conscientes, positivas e principalmente construtivas. Numa verdadeira força tarefa em prol de dias melhores. Como eu disse anteriormente, “We Are One” possui pontos altos e baixos, mas os positivos prevalecem. Se for fã do U.D.O. já sabe, mente aberta. Se for curioso, faça o mesmo.

Nota: 3,5/5

U.D.O.:

Udo Dirkschneider – Vocals

Sven Dirkschneider – Drums

Andrey Smirnov – Guitars

Tilen Hudrap – Bass

Dee Dammers – Guitars

Tracklist: