O Angra despontou para o mundo trazendo aqueles meninos na casa do vinte e poucos anos, numa amostra de heavy metal e um pouquinho da música brasileira, país de origem desses mesmos meninos, na estreia em “Angels Cry“.
Naquele momento, Andre Matos, Kiko Loureiro, Rafael Bittencourt, Luis Mariutti e Ricardo Confessori, não tinham ideia de que alguns anos depois, especificamente em 1996, a banda faria uma revolução sonora e dentro do metal nacional. Vejamos, aquela altura já existia o Raimundos trazendo ares nordestinos em suas composições mesclado ao hardcore e no mesmo ano, o Sepultura traria “Roots“, seguindo a mesma intenção. Mas ao falarmos de “Holy Land“, as coisas tomam uma forma um pouco maiores.
Exilados em um sitio para a composição de seu segundo disco, o Angra foi buscar nesse refúgio inspirações para colocar estampado em seu som de onde eram, e desse momento, surge uma obra que transpira Brasil, associado ao heavy/power metal tradicional que a banda fez antes. Claro que em alguns momentos de ‘”Angels Cry” já havia essa parte brasileira como dito anteriormente, mas dessa vez, a intenção era mesmo mostrar de onde vinham e que havia uma história a ser contada desse país também, havia seu próprio folclore, suas próprias raízes. O resultado não poderia ser outro, a sequencia sai melhor que o primeiro episódio e se torna um marco dentro da história brasileira do heavy metal.
De lá para cá se vão 25 anos, entre comemorações divididas, uma por parte do próprio Angra com sua atual formação, mas contando com participações de Luis Mariutti e Ricardo Confessori em alguns shows, e outra pelo saudoso Maestro Andre Matos, que executou o disco na íntegra em seus 20 anos de lançamento e ao qual tive a imensa e prazerosa oportunidade de presenciar um desses shows.
O fato é que “Holy Land” entrou no panteão de grandes momentos do cenário nacional e virou uma obra atemporal e tido como um dos maiores trabalhos já realizados por aqui, e sem vergonha de mostrar que de fato era um produto brasileiro, com todos os nossos traços, enaltecendo nossas terras, nossa cultura e nosso nome. “Nothing to Say“, pesada e metal, misturada ao baião, “Carolina IV” e os tambores do axé, passando por Hermeto Pascoal e a pitada de música clássica ou a balada climática “Deep Blue“, tudo contribui para uma magnitude esplendorosa em forma de música. Deixa de ser um simples disco e vira história, uma história que ainda vai ser contada por muitos e muitos anos!