A cidade de São Paulo virou a capital do Heavy Metal por um dia, no último sábado (19) aconteceu o Monsters Of Rock, festival marcado por grandes bandas de Metal. Mas não somente mais uma edição, esta edição marca os 30 anos de um dos festivais mais famosos da história em sua oitava vez no Brasil.

O line-up desta edição foi composto por Stratovarius, Opeth, Queensryche, Savatage, Europe, Judas Priest e para encerrar uma das bandas mais famosas e queridas da história do rock, os alemães do Scorpions, comemorando os seus 60 anos de carreira. Já deu para entender porque quando falamos de Monsters Of Rock estamos falando de gigantes do Heavy Metal e do Rock. Como fã assídua deste festival, tive a oportunidade de estar presente na minha quarta edição, e apesar de eu já ter visto shows do Scorpions e Judas Priest, nas edições passadas — eu realmente não me importo de assistir esses shows sempre quando forem possíveis. Iniciando os trabalhos no palco, a abertura ficou por conta dos finlandeses do Stratovarius, conhecidos por suas músicas melódicas e a diversidade de som dos suecos do Opeth.

Não era nem meio dia, e o público já estava enchendo o estádio do Allianz Parque para acompanhar o primeiro show. A banda finlandesa Stratovarius liderada por Timo Kotipelto (vocais), Jens Johansson (teclado) e Matias Kupiainen (guitarra) subiu ao palco no clima de sol quente e escaldante e simplesmente encantou a todos com seu metal melódico e seus hits.

Trazendo faixas do recente álbum “Survive” lançado em 2022, mas também os clássicos “Forever Free”, “Black Diamond”, Speed of Light”, “Eagleheart” e “Paradise”. O Stratovarius é um grande nome do metal melódico, e principalmente da leva finlandesa da época dos anos 90, por isso não foi difícil ver fãs emocionados prestigiando a banda, além dos fãs os músicos agradeceram e se impressionaram com a quantidade de gente que acompanhou o show.

Logo em seguida conferimos o Opeth, que parecia meio perdido no festival, mas mesmo assim, arrancou olhares surpresos dos presentes no local, com sua diversidade e modernidade de som.

A banda apresentou faixas de seu mais novo trabalho, o álbum “The Last Will And Testament” e fez bonito, mas a empolgação da galera já não era a mesma devido a duração das faixas, por exemplo, a “Deliverance” tem cerca de 14 minutos, mas mesmo assim Mikael Åkerfeldt (vocais) abraçou a ideia de estar ali e fez um show surpreendente.

Emoções em show de Metal…

Mas quando se fala de emoção no festival, precisamos citar as duas bandas a seguir, o Queensryche e principalmente o Savatage fez muito marmanjo barbado se debulhar em lágrimas. Depois de décadas sem pisar no Brasil, os americanos do Queensryche, chegaram trazendo o melhor do metal progressivo e a estreia e simpatia de Todd La Torre (vocais), que se emocionou registrando a galera pelo celular, fato é que mesmo com a saída do ex vocalista Geoff Tate, o Queensryche permanece vivo e mais pronto para mostrar o quanto esse começo todo é muito importante principalmente para Michael Wilton (guitarra) e Eddie Jackson (baixo) que são os únicos integrantes da formação original. Um erro talvez tenha sido não executar uma das músicas mais famosas da banda, estamos falando da aclamada “Silent Lucidity” mas tudo compensou no final com o hit emocionante da década dos anos 80, “Eyes of a Stranger” que encerrou pontualmente o show e deixou um gostinho de quero mais.

Já o retorno do Savatage foi triunfal com direito a uma fã invadindo o palco. A atual formação da banda é Zak Stevens (vocais), Chris Caffrey (guitarra), Al Pitrelli (guitarra), Jeff Plate (bateria), Johnny Lee Middleton (baixo) e os tecladistas Paulo Cuevas e Shawn McNair.

Acredito que o Savatage apesar de não ser o headliner era uma das bandas mais aguardadas do festival, o telão era repleto de artes da bandas, e era compreensível o número de fãs espalhados no festival usando a camiseta da banda, para mim foi a primeira vez que eu assisti o show, e confesso que até eu que não conhecia a história e trajetória da banda me emocionei!

Jon Oliva, fundador e tecladista que infelizmente sofreu um acidente e se encontra impossibilitado de fazer os shows mas coordenou o retorno da banda e a escolha do setlist. O vocalista Zak Stevens estava muito animado de ter escolhido o Brasil para este retorno e durante a execução da faixa “Edge Of Thorns”, chutou bolas de futebol e teve a presença inusitada de uma fã — que invadiu o palco e ameaçou se jogar na galera, felizmente ela foi contida.

Mas o momento mais emocionante do show, foi quando Jon Oliva apareceu no telão cantando “Believe” junto com o grupo, neste momento muitos fãs e curiosos que estavam aguardando outras banda ficaram impactados com o som potente e a história do Savatage. A banda foi fundada por Jon Oliva e Criss Oliva que infelizmente faleceu no auge da banda em 1993, vítima de um acidente automobilístico e após um longo hiato que para os fãs mais parecia como um possível fim,a banda que em mais de 20 anos não subia aos palcos deixou o coração dos metaleiros em pedaços e conquistou novos fãs depois dessa performance inesquecível.

Europe com hits atrás de hits e a elegância e charmes inconfundível de Joey Tempest!

Conhecidos pelo seu som “farofa” o suecos do Europe foi a banda que mais esbanjou charme e elegância, com o perdão da palavra, mas, aos 61 anos o vocalista Joey Tempest ainda “dá um caldo” tanto na beleza quanto na voz potente, era possível e compreensível entender que o público mais animado para esse show eram as mulheres.

Com hits atrás de hits como as empolgantes “Rock The Night”, “Supersticious”, e “On Broken Wings” a banda fez um show diferente e animado trazendo o melhor do Hard Rock para o festival, sem esquecer de trazer a inconfundível balada “Carrie” que já embalou muitos corações apaixonados e partidos.

Mas tudo isso acaba quando uma das trilhas sonoras mais famosas do cinema começa, e eu estou falando da “The Final Countdown” musica que ficou mais conhecida pelo tema do filme Rocky IV protagonizado pelo ator Sylvester Stallone.

A banda e não somente o vocalista continuam em forma, e prometeram lançar um álbum novo em 2026.

Encerramento de verdadeiros dinossauros gigantes do rock com Judas Priest e Scorpions.

Sou suspeita para falar porque essa foi a sexta vez que eu assisti um show do Judas Priest, não dá para perder quando se trata deles. O Judas Priest é simplesmente na minha opinião, a melhor banda de Heavy Metal da história. Os co-headliners desta edição trouxeram a turnê do novo álbum “Invincible Shield”, álbum que recebeu diversos prêmios em 2024.

O vocalista Rob Halford é um verdadeiro Deus do Metal, é sempre um prazer poder acompanhar ele com seus vocais agudos e estridentes, ao lado de Ian Hill (baixo) e Scott Travis (bateria) sem esquecer do novato, não tão novo assim mas essencial Richie Faulkner (guitarra) e o recém chegado Andy Sneap que agora substitui Glenn Tipton.

O setlist de 17 músicas indispensáveis seguiu com “Breaking The Law”, “Living After Midnight”, “Painkiller”, “Electric Eye”, “Turbo Lover”, “You’ve Got Another Thing Coming” e “Rapid Fire”. Eu particularmente queria muito ouvir as faixas “Panic Attack” e “Crown Of Horns” do novo álbum e honestamente são muito melhores ao vivo.

Um dos melhores momentos do show do Judas Priest é quando Halford entra com a sua Harley Davidson em “Hell Bent For Leather” e um dos mais tristes também porque a gente sabe que está chegando ao final. Mas antes disso conferimos a pesada “Victim of Changes“, logo depois de uma homenagem ao querido e inesquecível Glenn Tipton afastado por conta do Parkinson, doença degenerativa que afeta diretamente os movimentos do corpo.

O show do Judas Priest é aquele show que todo fã de metal merece vivenciar pelo menos uma vez na vida, e que se vivenciar mais vezes nunca estará gastando tempo à toa!

60 Anos de Scorpions!

Nada mais justo fechar a edição do Monsters Of Rock – 30 anos do que com os 60 anos de carreira do Scorpions, os alemães o que estiveram aqui também na edição passada, provou que são um dos maiores para isto acontecer. Com a exibição de um vídeo comemorativo no telão. Em sua carreira, o Scorpions já realizou mais de 5000 shows, 27 turnês e viajou para 83 países. O veneno dos escorpiões é poderoso! E Klaus Meine, vocalista e os guitarristas Rudolf Schenker e Matthias Jabs junto com Mikkey Dee, ainda tem muita longevidade pela frente e não devem parar.

O público só precisava ouvir “Bad Boys Running Wild”, “Rock You Like A Hurricane”, “Wind Of Change”, “Still Loving You”, “Send Me An Angel” e “Big City Nights” e no final do dia, mesmo com uma chuva que parava e voltava a galera presente na oitava edição do festival Monsters Of Rock – 30 anos voltou para casa com a alma lavada, embora algumas bandas do festival tenham tido seus hiatos, ficou claro que todas elas ainda tem muitos shows, histórias pela frente, paixão pela música, e principalmente por seus fãs. Já estamos ansiosos para ver o que a próxima edição do Monsters Of Rock nos reserva!

TEXTO POR CYNTHIA LEMBKE

FOTOS POR RICARDO MATSUKAWA – MERCURY CONCERTS.