O nosso Parceiro para esse Especial de hoje é o Luis Fernando Ribeiro, ele resolveu presentear vocês, queridos leitores com uma matéria maravilhosa sobre essa união única do Heavy Metal com a MPB, em versões memoráveis. Confira abaixo o texto e ouça os exemplos citados.
A música brasileira, rica em diversidade e tradição, tem encantado gerações com sua identidade única e em sua grandiosa pluralidade. O reflexo dessa influência pode ser notado até mesmo internamente, com todos os gêneros musicais criados em nosso país servindo de referência uns aos outros. Em um fascinante encontro de estilos, bandas de Hard Rock e Heavy Metal têm reinterpretado clássicos da música popular brasileira, trazendo uma nova perspectiva para canções consagradas. Neste artigo, exploramos cinco releituras de bandas de Hard Rock e Heavy Metal que homenageiam e transformam a música brasileira, mostrando como esses gêneros aparentemente distintos podem se unir de maneira harmoniosa e profunda.
Sepultura – “A Hora e a Vez do Cabelo Nascer” (Os Mutantes)
“A Hora e a Vez do Cabelo Nascer” é uma canção dos Mutantes com co-autoria de Liminha, presente no álbum “Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets“, lançado em 1972. Sua versão original, bastante progressiva, carregada da mistura inovadora de rock psicodélico, tropicalismo e experimentalismo, ganhou nova roupagem na releitura cantada em inglês pelo Sepultura, unindo o Punk e o Thrash Metal, tendo sido lançada como bônus do álbum “Beneath the Remains“, carregando a sonoridade caraterística da banda na época, quando a influência dos ritmos brasileiros ainda não era tão evidente e presente em suas composições.
Noturnall – “O Tempo Não Para” (Cazuza)
Sempre buscando inovar sua proposta artística, o Noturnall lançou como bônus de seu álbum mais recente, “Cosmic Redemption“, uma versão grandiosa para o clássico de Cazuza, “O Tempo Não Para“. Nesta releitura, o Noturnall conta com a participação de Ney Matogrosso, além de ter gravado seu videoclipe no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com lançamento pelo programa The Noite, do Danilo Gentili.
“O Tempo Não Para” é uma das canções mais emblemáticas do cantor e compositor brasileiro Cazuza, lançada em 1988 no álbum homônimo, seu terceiro trabalho solo. A música, escrita em parceria com Arnaldo Brandão, é marcada por sua letra contundente e poética, que aborda temas como o passar do tempo e a efemeridade da vida.
Age of Artemis – “Sangue Latino” (Secos e Molhados)
A Age of Artemis, especialmente a partir de seu segundo álbum de estúdio, passou a incorporar de maneira bastante evidente elementos da musicalidade brasileira em seu Power Metal técnico e grandioso. Suas influências nesse sentido ficaram especialmente evidentes quando a banda lançou uma versão para “Planeta Água“, e mais recentemente com a encantadora e sofisticada versão para “Sangue Latino“.
“Sangue Latino” é uma das canções mais icônicas do grupo brasileiro Secos & Molhados, lançada em seu álbum de estreia autointitulado em 1973. Composta por João Ricardo e Paulo Mendonça, a música é marcada pela sua melodia envolvente e pelos vocais distintivos de Ney Matogrosso, cuja interpretação intensa e teatral acrescenta profundidade emocional à canção. Tais elementos também podem ser encontrados na versão da Age of Artemis, que não levou a música para o Metal, mantendo os arranjos que vinha utilizando em seu recém lançado – na época – álbum “Overcoming 10 Years“, com releituras acústicas para o as canções do primeiro disco da banda.
Golpe de Estado – “Hino de Duran” (Chico Buarque)
“Hino de Duran” é uma composição de autoria de Chico Buarque, faixa do álbum “Ópera do Malandro“, lançado em 1979, com participação instrumental da banda A Cor do Som, retratando a repressão cultural dos tempos de ditadura militar. Na versão de 1994 da banda Golpe de estado, a canção ganha ainda mais força e até mesmo alguns versos adicionais.
Malvada – “Velha Roupa Colorida” (Elis Regina)
As rockeiras da Malvada em colaboração com a vocalista Cyz Mendes (Plutão Já foi Planeta), homenagearam a icônica cantora brasileira, Elis Regina, com uma versão pesada e contemporânea para o clássico “Velha Roupa Colorida“, composição do músico e intérprete cearense Belchior.