A chuva da véspera não espantou o público do Carioca Clube, que se tornou um verdadeiro templo gótico para os fãs do The Mission. Em uma noite de domingo, a casa estava lotada. Dois anos após a última passagem pelo Brasil, a banda inglesa trouxe um espetáculo que mesclou nostalgia e novidades, com a promessa de um novo álbum em 2026, celebrando seus 40 anos de carreira.

A abertura da noite ficou por conta do death rock do Christian Death, uma imersão profunda no universo gótico, com a voz marcante de Valor Kand ecoando em clássicos como “Romeo’s Distress“. A banda entregou um espetáculo repleto de atmosfera e emoção, encantando os fãs com sua autenticidade e som inconfundível. Uma noite memorável que reafirmou seu status no cenário pós-punk.

SETLIST.FM – CHRISTIAN DEATH EM SP

O The Mission abriu os trabalhos com a poderosa “Wasteland”, que imediatamente arrebatou os presentes. Wayne Hussey, à frente da banda e ostentando uma belíssima guitarra de 12 cordas, esbanjou carisma e se comunicou bastante com o público, pedindo para cantar junto e arriscando várias frases em português. Simon Hinkler (guitarra), Craig Adams (baixo) e Alex Baum (bateria) mantiveram a qualidade sonora e a intensidade que os caracterizam.

Os clássicos como “Severina” e “Deliverance” foram recebidos com entusiasmo, mostrando que, embora a banda ainda esteja na ativa e produzindo novos sons, a legião de fãs esperava mesmo as músicas que marcaram época. As faixas mais recentes, como “Kindness is a Weapon”, apesar de fiéis à essência da banda, não despertaram a mesma animação, indicando uma preferência clara por hits consagrados. O público, em sua maioria gótico e maduro, queria reviver os velhos tempos.

O The Mission, com sua mistura de gótico e pós-punk, provou mais uma vez que, mesmo após quase quatro décadas, continua a reverberar nas almas de seus fãs. Uma bela celebração de uma banda que soube se reinventar ao longo dos anos, mas que nunca se esqueceu de suas raízes.

SETLIST.FM – THE MISSION EM SP

Texto por Juliana de Almeida
Fotos por Guilherme Gonçalves