Depois de anos de silêncio, o Benediction está de volta — e não veio para brincar. Lançado em 4 de abril de 2025, Ravage of Empires é mais do que um novo capítulo na carreira da banda: é uma reafirmação de sua força no death metal, agora mais brutal, preciso e afiado do que nunca.

O Benediction sempre foi sinônimo de peso e consistência, ajudando a definir o death metal europeu nos anos 90 com seu som cru, arrastado e impiedoso. Em Ravage of Empires, os britânicos pegam tudo o que os tornou lendas — os riffs esmagadores, os vocais cavernosos, a pegada groove — e atualizam com uma produção moderna e composições mais elaboradas.

O resultado? Um disco que agrada tanto os fãs antigos quanto uma nova geração sedenta por brutalidade com personalidade.

Desde a faixa de abertura, fica claro que o Benediction não perdeu a mão. A sonoridade continua direta, sem firulas, mas agora vem acompanhada de nuances que mostram o quanto a banda evoluiu. As guitarras, comandadas por Darren Brookes e Andy Whale, brilham com riffs colossais e solos que equilibram técnica e selvageria. Faixas como “A Carrion Harvest” e “Engines of War” são verdadeiras pedradas, feitas para destruir pescoços em rodas de mosh.

A produção é limpa e poderosa, mas sem polir demais — o som continua sujo, barulhento e real. A bateria é precisa, o baixo dá o peso necessário, e tudo é conduzido pela voz ameaçadora de Dave Ingram, que entrega uma das performances mais intensas de sua carreira.

Dave Ingram não apenas segura as pontas — ele comanda a ofensiva. Com guturais profundos e variações que acrescentam textura às músicas, seu vocal é uma força da natureza. Em faixas como “Genesis Chamber” e “Psychosister”, Ingram alterna entre grunhidos cavernosos e urros quase animalescos, dando uma nova dimensão ao som da banda.

Essa entrega vocal é essencial para o impacto emocional do álbum, especialmente em faixas mais climáticas como “The Finality of Perpetuation”, onde a voz parece um presságio do fim do mundo.

Apesar da pancadaria constante, Ravage of Empires tem momentos de respiro que tornam a audição ainda mais eficaz. A banda sabe quando acelerar e quando desacelerar. Faixas como “Beyond the Veil (of the Grey Mare)” mostram essa versatilidade, alternando entre velocidade insana e seções cadenciadas e sombrias que grudam na mente.

Outro destaque é “Drought of Mercy”, que começa com uma introdução lenta e atmosférica antes de explodir numa sequência avassaladora. Essa alternância entre tensão e liberação torna o álbum mais envolvente e menos previsível.

Ravage of Empires é tudo o que um bom disco de death metal deve ser: pesado, agressivo, honesto — mas também criativo e consciente de sua própria história. O Benediction prova que não está apenas retornando por nostalgia: eles ainda têm muito a dizer e, mais importante, sabem exatamente como dizer.

Para quem acompanha a banda desde os tempos de Subconscious Terror ou Transcend the Rubicon, este novo trabalho é um presente. Para quem está chegando agora, é uma porta de entrada brutal e viciante. Uma obra que respeita o passado, mas com os dois pés cravados no presente

NOTA: 5/5