Nós atravessamos além do medo…

Parte do refrão de “Chapel of the Sick“, primeiro single e videoclipe do novo álbum do Violator, descortina um ponto fundamental e incontornável do disco, que é a ânsia por vingança após ressurgir de tempos sombrios.

De certa forma, vale para o contexto pandêmico, para o pesadelo neofascista que assolou o Brasil e até para a própria banda, que esteve em silêncio por alguns anos. Assistam abaixo ao clipe de Chapel Of The Sick.

No entanto, com o desenrolar da letra, logo percebemos que o mote é muito mais específico: uma clara metáfora da resistência palestina. E que a “capela dos enfermos” é o próprio Estado de Israel, em sua face mais sanguinária.

Musicalmente, trata-se também de uma das faixas mais incisivas. As guitarras vão empilhando riffs de linhagem tipicamente Slayer, na forma e nos timbres, com palhetadas cortantes, power chords dando a dinâmica da ponte – tal como uma “Chemical Warfare” – e fúria total após o refrão.

Na parte “mosh”, quando o riff chama a bateria, ela emula cruéis bombardeios sionistas (assistam ao clipe!) e depois o que se ouve é um das levadas de pedal duplo mais charmosas do thrash metal nos últimos tempos. A sonoridade da batera, aliás, é um dos ápices de Unholy Retribution como um todo.

Como uma carta de intenções, “Chapel of the Sick” é o Violator explicitando que não arrefeceu. Que certas coisas são inegociáveis, dentre elas o compromisso irrevogável com o thrash. A reafirmação do pacto, antes de revelar outras possibilidades em um álbum repleto delas.