BrujeriaDe Fabriek, Fortaleza, 07 de outubro de 2025

Brujeria é uma banda respeitável do death metal/grindcore mundial. Mesmo tendo uma origem controversa, cheia de lendas e histórias envolvendo narcotráfico, corrupção política e cultos demoníacos — todos fortemente ligados à cultura mexicana e porto-riquenha —, essas narrativas só aumentam o fascínio do público e atraem cada vez mais fãs ao redor do mundo.

E, diga-se de passagem, muito antes de Slipknot e Sleep Token, o Brujeria já subia ao palco mascarado, com bandanas cobrindo o rosto, como verdadeiros assaltantes de banco. Ninguém sabia quem eram os membros da banda — o que se sabia eram apenas boatos de que se tratava de músicos do Fear Factory e do Faith No More.

Com cinco discos lançados e, recentemente, após perderem dois de seus principais vocalistas (mencionados aqui e ali durante o show) — El Brujo, um dos fundadores do grupo, e Pinche Peach, uma espécie de “bobo da corte” que animava os shows (mas também participou dos discos) —, o Brujeria segue firme e forte, mantendo as máscaras e os mistérios em torno de sua formação e dos convidados especiais (como a de Nicolas Barker na bateria em sua primeira apresentação em Fortaleza.

Mesmo sendo uma terça-feira — dia pouco comum para shows na cidade — e sem banda de abertura, um público razoável compareceu ao De Fabriek (antigo Ópera Music), local que já recebeu nomes como Samael, Napalm Death, Ratos de Porão, entre outras bandas de médio porte importantes. Esta seria a segunda vez do Brujeria na cidade e a quarta vez que, esse que vos fala, os assistiria ao vivo. Posso afirmar, sem sombra de dúvida: os shows estão cada vez melhores.

Mesmo desfalcados, com El Sangron assumindo a totalidade dos vocais principais e com apoio eventual nos backing vocals do guitarrista El Criminal, a banda mostrou força e coesão. A formação ainda conta com El Sativo na bateria e, nesta turnê de sete datas pelo Brasil — que incluiu também Fortaleza —, teve a presença da lenda Jeff Walker (vocalista e baixista do Carcass), mascarado como Fantasma, no baixo.

No setlist, a banda não poupou na brutalidade sonora e incluiu todos os clássicos:
Do disco Brujerismo: “Brujerismo”, “El Desmadre”, “Anti-Castro”, “Vayan Sin Miedo” e “División del Norte”. Do disco Raza Odiada: “Raza Odiada (Pito Wilson)”, “La Migra” (talvez a música mais conhecida da banda), “Hechando Chingazos”, “Colas de Rata”, “Revolución”, “La Ley de Plomo” e “Consejos Narcos”. Do disco Pocho Aztlán: praticamente apenas “Ángel de la Frontera”. Do disco Matando Güeros: “Chingo de Mecos”, “Desperado”, “Cristo de la Roca” e, claro, a clássica “Matando Güeros”, que encerrou o show com o público inteiro cantando junto.

Ao final da apresentação, com a banda já se retirando do palco, tocou a clássica “Marijuana” — versão “brujerizada” da dançante “Macarena” — enquanto El Sangron tentava empalar Coco Loco, a cabeça decepada (e, obviamente, cenográfica) que ficou pendurada em frente à bateria durante todo o show. Claro que era um boneco…, mas a gente bem imagina de quem poderia ser essa cabeça.

Gostaríamos de agradecer à produtora Estética Torta e ao De Fabriek pelo convite.
“¡Viva Zapata! ¡Viva Chiapas! ¡Viva México! ¡Viva la Revolución!” (trecho da música “Revolución”).

Como disse acima: a cada show, o Brujeria fica ainda melhor!

Texto por George Frizzo
Fotos por Liana Gifoni