“Estamos vendo a história ser escrita bem diante dos nossos olhos”
Raras são as bandas com tanto tempo de estrada, que já apresentaram 1 ou 2 álbuns clássicos e, mesmo depois de tanto tempo, podem dizer que estão em seu auge. Técnico, criativo e comercial. O Evergrey é uma das bandas mais consistentes da atualidade e vem, desde o excelente ‘Hymns For The Broken’ de 2014, apresentando trabalhos de um excelente nível e colhendo os frutos.
E aqui estamos. Após ‘The Atlantic‘, a banda apresenta o aguardado ‘Escape Of The Phoenix‘ que, desde o 1º single divulgado, ‘Forever Outsider‘, tem deixado os fãs ansiosos. E é justamente essa a faixa que abre o álbum. Com riffs pesados e uma melodia incrível no refrão, a música estabelece um alto padrão para as expectativas de quem começa a ouvir.
A 2ª música também já havia sido divulgada com um belo videoclipe. Trata-se de ‘Where August Mourns‘. Uma linda música com riffs melódicos e um Rikard Zander extremamente inspirado nos arranjos de teclado. Tem alguma coisa nessa música que faz ela se destacar em toda a discografia do Evergrey. Um clássico instantâneo e uma das favoritas desde que vos fala.
O álbum continua com a maravilhosa ‘Stories’. A 1ª música do tracklist que ainda não havia sido apresentada antes do lançamento de ‘Escape Of The Phoenix’. A música começa com piano e a aveludada voz de Tom Englund tomando conta do ambiente. Não há muito o que falar aqui. Apenas feche os olhos e curta essa baladinha típica da banda. Um dos pontos mais emotivos de toda a obra e um excelente preparativo para o que estaria por vir.
Continuar elogiando a banda, neste ponto, não passa de chover no molhado, mas é necessário apontar que ‘Dandelion Cipher‘ é um verdadeiro clássico. Pesada e melódica na dose certa, sem deixar de lado a melancolia típica da banda. Típica faixa onde você se vê gritando o refrão no show deles. (E desejar mais ainda por uma vacina, o quanto antes rsrs)
Queria aproveitar ‘Dandelion Cipher‘ para falar de quem ainda não foi mencionado até o momento. Mas como está entrosada toda a banda! Jonas Ekdahl, baterista técnico e criativo na medida certa, tocando para a música, Johan Niemann preciso, enfatizando a bateria e fazendo excelentes grooves em seu baixo, sem contar Henrik Danhage. Que homem!
A Dupla de guitarristas formada por Henrik Danhage e Tom S. Englund precisa ser valorizada, como eram valorizados Tipton e KK Downing no Judas Priest. (Mas não sei se vocês estão preparados para essa conversa rsrs).
E chegamos em um dos momentos mais esperados do álbum. Tom divide os vocais de ‘The Beholder’ com James LaBrie do Dream Theater de forma magistral. A música foi lançada um dia antes do álbum e foi uma excelente escolha para alavancar a ansiedade com ‘Escape of The Phoenix’. Mostra um pouco de tudo que é encontrado ao longo do álbum em uma faixa fenomenal.
‘In Absence of Sun’ confesso que me lembrou temas muito presentes em obras de Akira Yamaoka, como ‘Silent Hill’. O que me fez gostar da faixa logo nas primeiras notas. Tom explora mais nuances vocais que nas outras músicas. Uma excelente faixa com um clima melancólico e. Como se fosse parte de uma jornada longa rumo à segunda metade do álbum, mas que, por si só, tem muito a dizer. Essa faixa merece ser ouvida várias vezes para captar toda sua profundidade.
‘Eternal Nocturnal’, de certa forma, ‘reabre’ o álbum. (Se fosse um LP, estaria claro o Lado A e o Lado B) E acho que, por isso, foi o 2º single de ‘Escape of The Phoenix’. Mostra, de forma pesada e direta, a cara da 2ª parte do álbum, com um refrão fortíssimo e com uma letra extremamente sincera e pessoal.
E chegamos à faixa-título. Sempre fico curioso para ouvir uma faixa-título para entender o motivo de ter sido escolhida. Neste caso a música pesada e moderna apresenta um Evergrey que mescla elementos do atual trabalho e, acredito, possíveis indicações do direcionamento futuro da banda. Experimentando um pouco com linhas vocais, arranjos de teclado e riffs que fogem do ‘lugar comum’ da banda, mas sem perder sua essência, sendo uma típica música do Evergrey, pesada e carregada de emoção. Justificada e acertadíssima escolha para faixa título.
‘You From You’ começa diferente. Um respiro melancólico, mas com um semblante de esperança na voz de Tom prepara o cenário para um refrão emotivo e para a reta final do álbum. Essa música merece uma descrição mais detalhada, mas quero deixar um pouco do gosto da descoberta para o leitor que ainda não ouviu o álbum.
‘Leaden Saint’ começa pesada, muito pesada. Surpreendentemente pesada. E varia com breakdowns logo no começo e excelentes arranjos de teclado. Rikard Zander, que dispensa elogios, estava muito inspirado durante o processo de criação do álbum. Fico muito curioso em vez essa música ao vivo, com riffs técnicos e uma cozinha bem trabalhada, vai ser um show à parte.
E chegamos ao final. ‘Run‘ fecha ‘Escape Of The Phoenix’ de uma forma que somente o Evergrey seria capaz de fazer. Uma faixa que absorve elementos mostrados em todas as músicas anteriores, preparando uma verdadeira despedida que te deixa com vontade de ouvir de novo tudo no replay e reviver essa jornada novamente.
Quando as últimas notas de ‘Run‘ soam no seu ouvido, você tem a certeza absoluta de que acabou ouvir uma obra-prima!
Todo o álbum apresenta uma curiosa sensação de familiaridade para quem acompanha o Evegrey apesar de apresentar diversos novos elementos e não apenas repetir a fórmula que trouxe a banda até aqui. O Evergrey não senta na sua zona de conforto, expande suas fronteiras, suas influências, mas sem perder sua essência e sendo reconhecível de longe.
Estamos vendo a história ser escrita bem diante dos nossos olhos. O auge do Evergrey ainda vai durar alguns anos e temos que aproveitar cada minuto, depois não adianta falar para seus filhos que deixou a oportunidade escapar.
‘Escape of The Phoenix’ é, simplesmente, sublime.
Nota:
5/5
Escape of The Phoenix
- Forever Outsider
- Where August Mourns
- Stories
- Dandelion Decipher
- The Beholder (Feat. James Labrie)
- In Absence of Sun
- Eternal Nocturnal
- Escape Of The Phoenix
- You From You
- Leaden Saint
- Run
EVERGREY:
Tom S. Englund – Vocal e Guitarra
Henrik Danhage – Guitarra
Johan Niemann – Baixo
Rikard Zander – Teclado
Jonas Ekdahl – Bateria