O arquiteto Filipe Boni, fundador da UGreen, empresa voltada a Arquitetura Sustentável vem revolucionando o algoritmo, com vídeos ensaios sobre o cenário, com análises incríveis sobre diversos temas. Tiramos um tempo para um Bate Papo, leiam e entendam como funciona a Indústria, na visão do Filipe.
HBr: Filipe, primeiro agradeço o seu tempo para conversar conosco. Quem é o Filipe Boni.
FB(Filipe Boni): Cara, eu sou um arquiteto que sempre curtiu ler sobre música. Isso meio que sempre fez parte da minha vida. Sou um cara bem família tb, sou casado faz quase 20 anos, tenho 2 filhos também. Trabalho com sustentabilidade na construção mas a produção de conteúdo vem aumentando bastante dentro dessa dinâmica nos últimos anos.
HBr: O seu canal é uma análise interessante do mundo da Música e principalmente do Rock,
antes de entrar nisso, como o Rock chegou em sua vida?
FB: Cara, acho que o rock chegou com Guns n’ Roses e logo depois com Nirvana. Também tive um leve início com um vinil do Beneath the Remains do Sepultura mas não curti não, todas as músicas pareciam meio iguais. Em 92 meu pai comprou em CD o Appettite for Destruction e junto o Bleach do Nirvana. Esse segundo eu não curti mas como tinha quase nada para ouvir acabei ouvindo mais e curtindo até. Mas depois peguei o Unplugged in New York do Nirvana no fim de 94, depois em 95 o Nevermind, e aí fui ampliando para outras bandas…
HBr: Como foi ser um Rocker em sua adolescência, como você percebia o mundo em seu
redor, sendo incluso nessa subcultura?
FB: Para mim era meio que a única coisa que existia, hehe, isso e dance music da rádio. Depoi que fui vendo outros estilos, mas ainda me mantendo no rock como principal sonoridade que curto até hoje.
HBr: Você foi ou ainda é um frequentador de shows?
FB: Fui bastante entre 2000 e 2006, 2007, ia direto para São Paulo (sou de Curitiba)… depois comecei a achar tudo muito caro e fui parando de ir. A experiência ao vivo começou a me incomodar muito com o público também, com cada vez mais celulares e desrespeito. Antes eu sentia uma experiência coletiva com mais cuidado um com o outro, e acho que a experiência foi se tornando muito individualizada mesmo na experiência coletiva.
HBr: Existe algum estopim para a criação do seu canal?
FB: Eu tinha um mapa mental gigante que fiz faz 2 anos sobre o Ramones, cuja intenção era gravar um video de 4 horas. Mas aí desisti da ideia e essa ideia so voltou agora. Partes desse roteiro estão espalhados em alguns dos videos iniciais do canal. O estopim mesmo foi quando eu me senti muito dedicado a minha empresa (quase 10 anos nisso) e que precisava de algo diferente. A empresa continua normalmente, mas agora com esse foco ali que toma um pouco do tempo fora do horário de trabalho.
HBr: Já entrando pros dias de hoje, como você analisa o cenário Rocker no Brasil e no mundo?
FB: A nível de criatividade das bandas, acho ótimo, talvez melhor do que nunca. Já a nível mercadológico, o pior dos cenários, e vai piorar muito ainda acredito.
HBr: Você faz análises ótimas sobre a História da Indústria Musical se baseando em diversos
filósofos, pra você, qual a importância desse entendimento nos dias de hoje?
FB: Eu acho que é um resgate que foge um pouco da lógica do algoritmo em que sinceramente, a maioria dos canais se baseia em fofoca sobre notícias recentes. Sempre achei música algo muito mais profundo que isso.
HBr:: O materialismo histórico de Marx e Engels é muito presente em suas análises, porque a
escolha de usar esse estilo para seus vídeos?
FB: Porque eu acho que fundamenta o mundo de forma que as pessoas não conhecem, e abrem os olhos para o que acontece ao redor. Na verdade meu objetivo é meio que esse, ampliar a visão das pessoas (e a minha com meus aprendizados junto com os estudos dos temas). O mundo não está indo para um caminho legal, e muita gente está enxergando o que as deixa mais confortável, então os temas musicais com esse campo de fundo ajuda a abrir a mente para a verdade (ou o mais próximo da verdade).
HBr: Qual o tema no qual você já trabalhou em seu canal que foi mais desafiador, até o
momento?
FB: Radiohead. Esse me deu uma cansada, de verdade.
HBr: Qual o impacto desses estudos em sua vida e como você acha que está marcando a vida
dos seus espectadores?
FB: Para mim deixa mais claro as coisas que eu sempre achei erradas, mas não conseguia explicar o motivo. Desde pequeno eu via uma pessoa andando de cavalo e pensava: ninguém perguntou pro cavalo se ele queria aquele puto encima dele. E isso se repete em vários padrões da sociedade.
HBr: Vivemos um momento até desafiador na música, você consegue ter uma análise do futuro
para o Rock?
FB: O futuro é péssimo. Vai ter artista lançando musica com IA fingindo que é real, os streamings aumentando o preço, e a corda esticando até o limite do que conseguimos suportar sobrevivendo e não reclamando.
HBr: Todos temos momentos no qual marcam a nossa vida dentro do cenário, qual foi o seu
momento?
FB: Fiquei 1 minuto pensando e não lembrei da nada marcante, mas do nada veio um momento em que eu estava ouvindo “Lounge act” do Nirvana na sala de TV de casa. Aquele som me pegou por algum motivo, e lembrei da cena como se fosse ontem. Nada especial, mas especial de alguma forma. Acho que música é isso né? Tu tá andando na rua ouvindo um som e de repente isso te pega. Pena que esses momentos hoje não ocorrem como antigamente porque a gente vai envelhecendo…
HBr: Qual o seu artista favorito atualmente (ou que sempre foi) e dentro dele, me dá o seu
disco predileto e dentro da discografia desse artista, você poderia nos indicar um disco
polêmico. Esse disco polêmico para você, ele é bom ou uma bomba?
FB: Cara, minhas bandas preferidas são o Smashing Pumpkins e o Tool. Tool não tem disco ruim, e eu acho Pneuma (2019) a melhor música deles, mesmo curtindo a banda desde 1996. Ænima é o disco mais foda do Tool. Para mim o Mellon Collie do Smashing Pumpkins e o Siamese Dream são meus dois discos mais fodas. Agora entre os discos dos Pumpkins, diria que o Adore foi polêmico na época porque marcou um ponto de ruptura. Acho um disco bom mas que teve uma produção que poderia ter sido mais orgânica. Respondi a pergunta mais ou menos, mas tá aí hehe.
HBr: Filipe, esse agora é o seu espaço, deixe aqui um recado para os leitores do HeadbangersBrasil e mais uma vez, obrigado pelo tempo em nos responder.
FB: Cara, valeuzão pelo espaço! Vou seguindo com o trabalho e a coisa que mais me preocupo é continuar entregando os vídeos com a qualidade que o público merece. Valeu!!
Abaixo, deixaremos uns vídeos super interessantes do Filipe Boni para vocês conhecerem o trabalho dele.
