O ás holandês esta de volta.
Umas das melhores notícias desse conturbado ano de 2020, certamente era a que Adrian Vandenberg lançaria um novo álbum. A única dúvida era se esse trabalho soaria como a clássica banda Vandenberg ou se ele investiria em algo moderno. Felizmente para os fãs mais cativos, “2020”, o novo álbum a levar a marca da banda Vanderberg, tem o selo de qualidade registrado do melhor que o hard clássico pode oferecer.
Antes de integrar com muito sucesso o Whitesnake de David Coverdale, o guitarrista Adrian Vandenberg capitaneava sua própria banda, que lançou três álbuns de qualidade durante a primeira metade dos anos 80: o homônimo disco “Vandenberg” em 1982, “Heading For A Storm” (1983) e “Alibi” (1985). Do disco de 1982, o single “Burning Heart” foi um sucesso nos EUA e agora em uma nova realidade, o ás holandês das seis cordas, pode mostrar a uma nova geração, todo seu talento.
Tudo começa bem já pela escolha do vocalista, o ótimo Ronnie Romero, nascido no Chile, que ganhou projeção mundial ao fazer parte da ultima encarnação do Rainbow de Ritchie Blackmore. A possibilidade de conjurar qualidades do Rainbow, Whitesnake e do próprio Vanderberg certamente ia gerar muitas expectativas, mas não se preocupem, elas foram correspondidas.
A abertura “Shadows Of The Night” começa com um rife clássico que é puro sentimento de anos 70 e voz de Romero dá aquela pitada característica de Rainbow. Já no solo de Adrian se utiliza de escalas ‘blackmorianas’ no melhor estilo do ‘Man in Black’. A cozinha formada pelo baixista Randy van der Elsen (ex-Tank) e o baterista Koen Herfst é equilibrada e sólida, perfeita para dar um piso firme para Adrian passar seus rifes como um rolo compressor. “Freight Train” não chega a ser cadenciada, mas o rife imposto pela guitarra de Adrian te obriga a marcar o ritmo intensamente, seja batendo o pé ou balançado a cabeça. O solo é magnífico.
Na sequencia uma das melhores do disco, pois “Hell and High Water” permite a Romero se apresentar como um dos grandes na sua posição, dono de uma voz talhada para o hard cru. O trabalho de Adrian é fantástico, desfilando notas por todas as partes e mais uma vez solando como nunca, esbanjando acentuações rítmicas com genialidade. “Let It Rain” diminui um pouco o ritmo, com um refrão em camadas que realçou a bela interpretação de Ronnie nessa ‘semi-balada’. As escalas impostas por Adrian, ditam o bom andamento de “Ride Like The Wind”, que também tem algo de Rainbow, e é outra faixa densa onde os destaques mais uma vez são o holandês e a voz contundente de Romero.
E dá-lhe rife, dessa vez em outra música com cadencia e peso. “Shout” passa aquela sensação de ‘deja vu’, mas no melhor sentido da palavra, pois te traz as melhores lembranças dos grandes clássicos da música pesada. É uma ótima música. “Shitstorm” e “Light up the Sky” poderiam fazer parte de qualquer grande álbum do Whitesnake, e dá até a impressão que em determinado momento será a voz de Coverdade que vai completar uma frase ou um refrão.
A versão 2020 para a clássica “Burning Heart”, o sucesso de 1982 que citamos a pouco, veio bem a calhar, pois dará aos mais novos a chance de conhecer essa bela balada, onde Adrian exibe seu talento tanto com a guitarra, quanto com o violão acústico. A produção moderna não atrapalhou em nada o ‘felling oitentista’ da música. E fechando esse grande álbum, temos “Skyfall”, em que Romero é o destaque na introdução e um instrumental esmerado caminha para encerrar o disco em grande estilo.
Rapaz, que discão. Eu esperava um grande trabalho de Mr. Vanderberg, principalmente devido ao seu talento, mas confesso que não tanto. Você escuta as 10 faixas com uma facilidade absurda, nem percebe quando o disco acaba. Um trabalho realmente muito bom. O que Vandenberg oferece ao longo desse álbum é o melhor do hard rock e com muita classe.
Nota: 5/5
Tracklist:
- Shadows Of The Night
- Freight Train
- Hell And High Water
- Let It Rain
- Ride Like The Wind
- Shout
- Shitstorm
- Light Up The Sky
- Burning Heart – 2020
- Skyfall
Vandenberg:
Ronnie Romero – vocais
Adrian Vandenberg – guitarra
Randy van der Elsen – baixo
Koen Herfst – bateria