A banda paulistana SCARS conquistou muitos fãs desde que foi formada em 1991, na zona leste da cidade de São Paulo (SP). Em 2018, o final do hiato, por que passou a partir de 2008, trouxe o quarteto de volta às atividades e às composições, cuminando no excelente “Predatory”, distribuído mundialmente pelo selo norte-americano Brutal Records. Em um momento em que a vegetação queima no Pantanal e na Amazônia, a capa do álbum, assinada por Luís Dourado, aparece oportunamente para colocar o dedo na ferida apontando a natureza predatória do ser humano, o descuidado com a natureza, nossa casa, e a destruição do mundo por quem nele mora. Thiago Barcellos conversou com Regis F. (vocal), Alex Zeraib (guitarra base), Thiago Oliveira (guitarra solo), Marcelo Mitché (baixo) e João Gobo (bateria) sobre o Predatory, mas também sobre muitos outros assuntos, misturando Alex Skolnik com Cláudia Raia, que você confere logo abaixo.
Headbangers Brasil – O Scars está de volta com um poderoso e ótimo álbum e com um bom selo. Conte-nos como a banda chegou nesse momento, após o lançamento dos singles “Silent Force” e “Armageddon” até o lançamento de “Predatory”.
Régis F.: Os singles foram, para nós, uma forma de consolidar a nossa volta, mostrar que ainda temos muito a oferecer e fechar a trilogia iniciada pelo “The Nether Hell” e “Devilgod Alliance“. Porém nós sabíamos que para nossa volta fosse defitiniva, teríamos que ter um álbum completo. Então nós trabalhamos incessantemente nesse objetivo. Nós escolhemos este tema forte, tentamos criar composições mais elaboradas, bem estruturadas e com refrões fortes.
HB: Fale-nos um pouco sobre o processo de criação da capa do disco, que a propósito é fenomenal. Como surgiu o conceito e ele está atrelado às letras de alguma forma?
R.F: A capa foi feita pelo Luís Dourado, que nos foi indicado pelo Johnny Z do Metal na Lata. É um cara muito competente, e quando os conhecemos e ele nos mostrou alguns trabalhos dele nós ficamos deslumbrados com seu traço. Daí eu mantive contato e fui desenvolvendo o conceito com ele, coisas como a caveira que representa o planeta morrendo, o código de barras mostrando o mundo consumista, as lágrimas de Gaia se referindo a uma das letras, etc
Foi um trabalho minucioso pois cada detalhe da capa está de alguma forma relacionado às músicas, e o Luís foi muito profissional e foi espetacular trabalhar com ele.
HB: As composições do novo disco estão soberbas e afiadíssimas. O processo de composição foi diferente dessa vez ou é o mesmo de sempre?
R.F: Muito obrigado pelos elogios. A gente procurou dar nosso melhor em cada composição, fazer com que cada uma fosse única, como se cada uma fosse um filho: Mesmo você gostando de todos igualmente, sabe que cada um deles exige uma tenção diferente e assim fizemos com a música.
Já o processo, foi similar ao que usamos em Silent Force e Armaggedon: Foi um processo na maior parte virtual, utilizando as tecnologias atuais e não fazer daquela forma mas tradicional que é todo mundo no estúdio e tal. Basicamente, as composições foram feitas por mim e pelo Alex, e depois apresentadas aos demais e eles então colocaram suas partes. O Thiago acabou chegando no final do processo, mas agregou demais com seus solos, efeitos e dinâmicas novas que utilizamos nas músicas. Revisitamos cada música várias e várias vezes, sempre tentando aprimorar cada vez mais. Ancient Power por exemplo, quase ficou de fora, de tanto que a gente mudou ela (risos). Foi um processo diferenciado, novo para nós e funcionou bem.
HB: Vocês tem agora o exímio guitarrista Thiago Oliveira (Ex-Warrel Dane, Seventh Seal) no time, como se deu a entrada dele na banda?
R.F: A entrada do Thiago foi inesperada. Nós estávamos com o guitarrista Rick Barros que por motivos pessoais teve que deixar a banda, em meio às gravações. Nós nos vimos numa sinuca de bico. Aí como o Thiago já tinha participado de algunbs shows conosco no ano passado, eu entrei em contato com ele e o convidei para gravar os solos do álbum. E aí com o convívio, já nos conhecemos, a química foi forte e ele resolveu ficar e oficializamos ele no posto. Ele é um guitarrista excepcional, tem uma carreira já brilhante nacional e internacionalmente, devido ao trabalho com o Warrel Dane. Ele agregou uma técnica, robustez e ideias e trouxe uma cara nova que caiu como uma luva nessa renovação que estamos vivendo. Acredito que, em um próximo trabalho que ele participará desde o princípio, vamos ter um trabalho ainda melhor pois ele trará toda essa técnica para o nosso som.
Thiago O.: O Régis estava no meio de uma situação delicada porque o guitarrista teve um problema familiar e teve que sair e a banda estava com show marcado. Eu já tinha contato pelo Facebook e peguei tudo de última hora. Eu já tive muita situação desse tipo por conta dos outros trabalhos musicais que eu já fiz, então meio que faz parte do negócio. E é isso que vai separar o profissional do poser. Após os shows, houve a entrada de outro guitarrista, que também acabou não ficando no time e, com o disco quase pronto eu entrei no final já no momento de gravar os solos. Como a experiencia tinha sido positiva e eu acredito em destino, eu resolvi fazer parte. E acredito que nesse disco tem alguns dos melhores solos da minha carreira.
HB: P /Thiago: Como foi para você trabalhar ao lado de um dos maiores e mais importantes vocalistas do Heavy Metal mundial?
T.O: Foi uma situação agridoce. Porque por um lado havia todo o talento e a genialidade dele e por outro todos os vícios, problemas de saúde e problemas pessoais que ele tinha. E no final todos sabem o que aconteceu. Com ele eu passei, juntamente com a banda, por alguns dos melhores e piores momentos em cima do palco e não tem como apagar isso.Ele morou uns meses na minha casa onde eu compus com ele o que veio a ser o álbum Shadow Work. Era impressionante que, se por um lado ele era bastante disperso e era necessário tomar conta, por outro, quando ‘baixava o santo’ ele era simplesmente incrível. A gente teve uma parceria muito especial trabalhando juntos e eu nunca conheci alguém tão singular. Ele tinha total confiança no que eu tinha a oferecer musicalmente e me tratava como parceiro de composição. Foi uma honra e uma experiência que eu levaria horas descrevendo. Além da voz única que ele tinha, havia toda a poesia dele. Ele era um verdadeiro artista. Um dos poucos.
HB: P/Thiago: Você já era familiarizado com o trabalho do Scars? O que o levou a se juntar em definitivo à banda?
T.O: Olha, a verdade é que eu conhecia o nome da banda pela cena, que eu sempre acompanho, mas as músicas em si não. Quando eu recebi o material eu fiquei bastante surpreso com a qualidade das composições. O que me levou a entrar mesmo foi que a experiência com os shows foi extremamente positiva. Tudo super profissional e organizado, não houve dor de cabeça. Todo mundo da banda é extremamente competente no que se propõe a fazer e no palco a química rolou insanamente. O show de Caraguatatuba foi brutal e eu fiquei com aquilo na cabeça. E quando foi feito novamente o convite eu não tive dúvidas.
HB: P/Thiago: Você é um músico bem versátil, com um currículo bem extensivo. Qual a maior diferença (além da mais óbvia, musical) entre trabalhar em musicais como “Cabaret” e “Evita” em relação aos projetos mais pesados, como Warrel Dane, Confessori e agora o Scars?
T.O: São trabalhos completamente diferentes em todos os aspectos. O profissionalismo, organização e disciplina existentes em uma grande produção de musical no país são impressionantes e eu só fui encontrar algo similar no rock em grandes festivais e shows de grande porte. O primeiro espetáculo que eu fiz foi o Evita com o Daniel Boaventura. Era um trabalho muito complexo e eu caí no fogo de trabalhar com a empresa mais exigente no mercado aqui no Brasil. Era uma peça em que eu tinha que me desdobrar em 3 instrumentos diferentes em estilos diferentes e não havia espaço para falhas. Num momento era Rock’n’Roll e no compasso seguinte era samba e logo depois virava flamenco. Foi o meu primeiro trabalho grande e na estreia o Andreas Kisser estava lá.
Em um musical todos da orquestra são músicos profissionais e não há espaço para amadorismo ou estrelismo. Se por um lado não há o mesmo contato com o público que acontece num show de metal, por outro o nível de exigência é muito maior. Pra você ter ideia, quando eu fiz o Cabaret com a Cláudia Raia, na audição, o maestro Marconi Araújo, que também foi professor de canto de nada menos que o Alírio Netto, mandou ler a partitura ali de primeira, sem ter nunca ouvido antes. Eu consegui fazer tudo e acabei ficando com a vaga. Pra você ter ideia de como era acirrado, estavam concorrendo um professor de faculdade de música e um guitarrista que tocou com o Hermeto Pascoal.
Ao contrário do metal, ali, ninguém se importa com o seu visual, ou se você tem 100 mil seguidores no Instagram, ou se você tem patrocínio ou bom marketing pessoal. Ali é ser bom músico, ser profissional e ponto final. Eu já senti muita falta da seriedade desse tipo de produção. Se eu não me engano o Alex Skolnick (Testament) já tocou em musical nos EUA, então de qualquer modo eu estou bem acompanhado! Risos!
No metal é uma situação bem diferente. Eu tocava com um monte de feras nos musicais mas ninguém sabia quem eu era. Com o Warrel, do nada, assim que saiu o anúncio da banda formada por músicos brasileiros, muita gente ficou sabendo quem eu era, e, como era um artista que já trabalhou com alguns dos melhores guitarristas do ramo como o Jeff Loomis, Chris Brodderik e Steve Smythe, todos os olhares já vão recair sobre você. É uma exposição muito maior para um guitarrista, e logo eu comecei a ter fãs, contato com alguns dos grandes nomes da cena… Algo inesperado.
O metal é feito por pessoas que amam o estilo, e muitas vezes, na estrada, a gente se vê obrigado a lidar com situações extremas, mas no final das contas não é a chegada que conta, mas o percurso é o que faz você crescer como profissional e pessoa.
HB: P/ Thiago: Em Predatory você contribuiu com a instrumental “The Unsung Requiem”, que apesar de curta é muito criativa e nos deixa bastante animados para um próximo disco do Scars com uma participação mais profunda sua. O que você acredita que pode acrescentar à sonoridade do Scars com toda essa bagagem que possui?
T.O: Obrigado! A Unsung surgiu porque me pediram um solo antes de entrar a Ghostly Shadows, e eu acabei fazendo uma orquestra de guitarras no estilo do Brian May com Malmsteen. Eu prefiro compor do que fazer solos a capela improvisados. Bom, vamos ver como vai ser a dinâmica das composições. Na maioria dos trabalhos que eu fiz anteriormente eu sempre compus bastante, o caldeirão sempre flui, sempre com coisas inesperadas. Temos que esperar para ver o que vai sair dali. Como você mesmo citou, eu já passei por muitas situações musicais inusitadas, e muitas delas fora do metal. Acredito que elas sempre têm a acrescentar e é isso que forma a impressão digital musical que a gente carrega. E é isso o que talvez apareça com mais intensidade num próximo trabalho.
HB: P/ Régis: Fale mais sobre o conceito das letras, que parecem estar ligadas a um tema central.
R.F: Sim, de certa maneira todas as letras estão interligadas mas das 9 músicas (fora a instrumental “The Unsung Requiem“), quatro delas que são “Predatory“, “These Bloody Days“, “Beyond the Valley of Despair” e “Violent Show” falam sobre o tema central que é o homem predador de si mesmo e do planeta. As outras quatro, “Ancient Power” que fala sobre os sacrifícios humanos, pactos de sangue, “Sad Darkness of the Soul” fala sobre sobre suícidio e “Ghostly Shadows” é meio que a continuação dela, ilustra o suicida após o ato consumado vagando pela umbral dos espíritos aonde ele será cobrado, segundo algumas religiões. Já a “72 Faces of God” fala de certa maneira dá uma escolha ao homem de qual caminho seguir na vida, aonde os predadores podem estar atrás da sua alma, ou também do seu bolso (risos).
HB: P/Régis: Seu vocal está bem raivoso e agressivo, e também com boas variações e linhas mais elaboradas como na “Ancient Power”, por exemplo. Quais suas inspirações vocais e influências para este trabalho?
R.F: Muito obrigado pelos elogios. Eu procurei fazer vocais mais diferenciados, para acompanhar o disco que foi bem elaborado em todos os aspectos, e eu tinha que trazer algo à altura. Minha principal inspiração foram muito conhaque e Jack Daniels durante as gravações (risos). Falando sério, sempre me inspirei no Tom Araya (Slayer) E Mile Petrozza (Kreator), que são vocalistas que eu gosto muito. Eu aproveitei meu timbre pessoal e experimentei coisas novas, como sussurros, vocais mais guturais e tentei variar bastante, trazendo um vocal único para cada música. Eu estou bastante feliz com o resultado, eu acredito que estes são os melhores vocais que já entreguei para o Scars.
HB: Eu percebi uma influência de Kreator no novo disco. Vocês são fãs da escola alemã de Thrash? Quais foram as inspirações para Predatory?
T.O: Eu gosto bastante de Kreator. Eles tem ótimas composições e ao vivo são incríveis. Eu também curto Tankard e Destruction. Eu conheci ambas as bandas na estrada, o Tankard em um show em que eu levei o Warrel e a gente foi para curtir e o Destruction em um show que a banda solo abriu em Brasília. Em ambos os casos o pessoal foi super gente boa e eu fiquei mais fã ainda.
R.F: Bem, é impossível curtir Thrash Metal e não ser fã da escola alemã, né? Nós que somos oitentistas natos, e eu da altura dos meus 50 anos curti muito Kreator e Destruction na décade de 80. Impossível não ter influência deles. Mas como finfluência, sempre mantendo nossa personalidade. Na Predatory eu fiz questão de fazer uma homenagem ao Kreator quando canto “Reason for the people to destroy”. Tenho percebido em reviews que as pessoas têm percebido que bebemos tanto da fonte da Bay Area, como da escola alemã, trazendo assim uma identidade própria pra banda.
HB: O vídeo que fizeram para Predatory é muito bom, vocês pretendem fazer mais vídeos para o disco?
T.O: Há planos sim, hoje em dia é impossível você ter uma banda e não ter um clipe. Essa mídia hoje tem um alcance grande e há planos em andamento.
R.F: Sim, esse clipe da Predatory foi feito pela Gaby Vessoni, uma pessoa maravilhosa e uma ótima profissional. Ela pegou uns vídeos e fotos feitos com a Dani Matos. A gente queria resgatar aquele clima dos anos 90, sabe? O vídeo é bem escuro e sombrio, pois é assim que humanidade se encontra. Não pode passar despercebido, temos que mudar nosso comportamento, e a gente tá tentando fazer nossa parte, usando nossa música pra alertar as pessoas. Se pudéssemos, faríamos vídeos para todas as músicas (risos).
HB: O Thrash Metal brasileiro tem revelado ótimas bandas como o Forkill (RJ) e o HellgardeN (SP), além de outras bandas que já estão a um certo tempo na cena como Andralls (SP), Savant (RJ) entre outras. Vocês acompanham a cena Thrash Brasileira?
T.O: Eu acompanho a cena em geral. Temos bandas excelentes em todos os estilos. E eu falo por experiência própria que o que temos aqui não fica devendo em nada ao que existe no underground Europeu ou Americano. Quando eu vejo uma banda como o Megaira, Fúria Inc, Venomous, Inherence, Aneurose entre milhares de outras excelentes, vejo que temos muita qualidade por aqui e nomes muito promissores.
R.F: Sim, nós acompanhamos de perto. Gostaria de lembrar que lá pra 2005, 2006 foi o Scars que lançou a campanha do “Eu apoio o Metal Nacional”, foi uma campanha muito forte e é viva até hoje. Sempre fincamos nossas bases no metal nacional e no apoio às bandas. Estas que você citou, tem também outras bandas como o Válvera, Venomous, Callamity do RJ e muitas outras. E nestes tempos ruins, as redes sociais acabaram virando o palco, né?
Bom citar o trabalho da Brutal Records no papel do seu presidente Michael Howard que está olhando para o Brasil e apostando em ótimas bandas brasileiras, que tem um celeiro de boas bandas. Mais ou menos como no futebol, que os gringos vêm aqui buscar os craques (risos).
HB: E em questão de shows (quando acabar essa maldita pandemia), o que a banda está preparando para seus fãs? Há algum plano para turnês?
T.O: Bom, estamos no meio de uma situação que lembra muito o thrash dos anos 80, epidemia, caos social, lideres insanos (risos) … Então, apesar de todos os planos adiados é necessário que haja bom senso, responsabilidade para que todos possamos passar por essa situação com o máximo de serenidade apesar de todos sacrifícios pessoais. Então assim que os grandes problemas estiverem controlados vamos fazer o possível para voltar os shows e à vida normal.
R.F: Havíamos nos programados para uma extensa turnê de divulgação que começaria já de junho em diante, antes mesmo do lançamento do disco em Agosto. Mas devido a todo esse caos que se estabeleceu no planeta, tivemos que recuar como todo mundo teve que fazer. Graças ao contrato com a Brutal Records, até uma turnê internacional já estava nos planos, mas agora infelizmente agora é aguardar. Penso que as coisas só vão normalizar pro meio do ano que vem, a não ser que inventem uma vacina antes. De momento estamos focando no lado digital da coisa, preparando sempre vídeos, algumas lives e quando tudo se normalizar vamos finalmente realizar essa turnê.
HB: Muito obrigado galera, meus parabéns pelo estupendo álbum e deixem um recado para os fãs do Scars nesse espaço. Fiquem à vontade!
T.O: Espero que todos curtam bastante o disco. É um grande trabalho e eu tenho bastante orgulho dele.
R.F: Eu que agradeço a oportunidade e pelas palavras, e aos nossos fãs dizemos que estamos muito felizes em entregar um álbum melhor possível com gravação, trabalho gráfico, tudo de primeiro mundo. Foi muito difícil chegarmos nesse resultado, fizemos em homenagem ao nosso público e ao metal nacional, que merece provar que temos bandas maravilhosas. Fiquem todos bem, se protejam, e o Scars ainda tem muito mais a oferecer, estamos apenas no começa dessa nova fase.
Entrevista por Thiago Barcellos.
Fotos: redes sociais da Scars
Track List:
1. Predatory
2. These bloody days
3. Ancient power
4. Sad darkness of the soul
5. The unsung requiem (instrumental)
6. Ghostly shadows
7. The 72 faces of God
8. Beyond the valley of despair
9. Violent show
10. Armageddon – faixa-bônus
11. Silent force – faixa-bônus