Logo após a bem sucedida apresentação do Cradle Of Filth em São Paulo (leiam sobre com o nosso parceiro do Confere Rock), uma delicada situação dentro da banda começou a ocorrer, primeiro a vocalista/tecladista Zoë Marie Federoff postou em suas redes sociais que estaria se desligando da banda, no meio da Tour Latino Americana, levantando uma série de questões no entorno da banda e do porquê ela tomou tal decisão, o nosso parceiro e amigo Confere Rock fez uma postagem sobre, no qual vocês poderão ler aqui e abaixo deixaremos a publicação original em seu Instagram.
Um ponto a ser analisado é que a tecladista Zoë é casado com o também guitarrista (agora ex) do Cradle Of Filth, Marek Ashok Smerda e que, hoje, mais cedo, fez uma longa postagem em seu Instagram pessoal, no qual ele permaneceria até o final da tour, vejam a postagem em seu perfil pessoal, abaixo.
Mesmo assim, a pouco tempo, Dani Filth, vocalista da banda anunciou agora de noite que, o guitarrista Ashok está demitido da banda, por conta de “difamações e afins”, irei deixar para vocês a tradução e a postagem do Instagram do vocalista.
“É com profundo pesar que o Cradle Of Filth anuncia oficialmente a demissão do guitarrista Marek ‘Ashok’ Smerda da banda, com efeito imediato.
Apesar de todas as tentativas de difamar e prejudicar a banda de forma ilegal, o Cradle Of Filth NÃO VAI cancelar nenhum dos nossos shows na América do Sul, embora os fãs terão que nos acompanhar como uma banda com apenas um guitarrista ao vivo — até que, claro, o substituto temporário de Ashok seja trazido de avião para se juntar à turnê dentro de alguns dias.
Obrigado pela compreensão neste assunto horrível. Todos nós estamos em estado de choque com o ocorrido e iremos compartilhar o nosso lado desses acontecimentos infelizes em tempo oportuno. Por favor, respeitem nossa decisão de nos separar de Ashok agora, em vez de no final da turnê, e evitem especulações, já que será oferecida mais clareza sobre a situação.
O restante da banda está bem, mesmo que surpreso, e as acusações contra a equipe de gerenciamento — que trabalha muito próxima de mim e da banda — são completamente injustas e infundadas.
A paciência é uma virtude, e a verdade sempre vem à tona.
Mais uma vez, obrigado, companheiros Filthlings, e seguimos ansiosos pelo restante da turnê The Screaming Of The Américas, aqui no Uruguai e além. 🤘🏻
Seu demônio,
Dani”
Antes dessa reviravolta, Zoë Marie Federoff fez uma postagem expondo, em sete páginas em seu Instagram todos os motivos no qual fizeram o casal tomar essa decisão, expondo ponto a ponto diversas faltas e promessas da banda para com eles, colocando até mesmo o contrato assinado por ambos. Deixarei a tradução do texto da ex-tecladista abaixo, também com a sua longa postagem em seu Instagram.
“Da Zoe:
Planejamos essa transição para fora do Cradle of Filth há meses. A administração é desonesta, manipuladora e tenta pegar dinheiro que nos pertence sem existir contrato entre nós, músicos de sessão, e ele. Quando denunciei essa tentativa de roubo do adiantamento do álbum Screaming of the Valkyries, me chamaram de “câncer” e “cavalo morto” e ameaçaram me demitir. O vocalista não faz nada para detê-los e se esconde atrás deles enquanto nos diminuem e roubam. Consideramos o vocalista responsável por contratar essa gestão e nunca defender sua equipe, apenas a si mesmo. Outros ex-membros tentam contornar a situação e apenas culpam a administração – mas a administração trabalha para o vocalista.
Ele pode não sujar as próprias mãos, mas no fim é ele quem dá as ordens. A atmosfera que ele cria é ameaçadora e abusiva, explorando-nos constantemente com salários baixíssimos e, ainda assim, exigindo exclusividade para a agenda do Cradle. Não conseguimos sequer cobrir o custo básico de vida, e ainda nos dizem para não sair em turnê com outras bandas para complementar a renda. É uma loucura manter pessoas presas à pobreza pelo ego de uma única pessoa.
Anexamos o contrato que tentaram impor a todos os músicos de sessão, oferecendo um aumento de 25% (o primeiro em 7 anos). Nosso advogado o chamou de “o contrato mais psicopata que um músico de sessão poderia receber”. Não assinamos e decidimos sair este ano.
Portanto, saímos porque estávamos sendo usados e recebendo menos do que o mínimo necessário para viver. O ambiente é tóxico e ameaçador, e o preço que tudo isso estava cobrando de nossas vidas e de nosso casamento tornou-se insuportável. O impacto sobre nossa saúde também me levou a sofrer um aborto espontâneo de nossa primeira gravidez durante a turnê. Escolhemos sair para salvar a nós mesmos e criar um futuro melhor para nossa família. Agora que estamos fora – o sol voltou a brilhar, nossa família tem esperança, e desejamos que todo músico de sessão que pense em entrar no Cradle leia esse contrato e converse com um advogado.
Boa sorte a quem tentar fazer isso funcionar a partir de agora. E lembrem-se – todos conhecem o sujeito que diz “todas” as suas ex são loucas – será mesmo que são todas? Ou será que o problema é ele, mais de 40 pessoas depois?
Adeus aos fãs e aos nossos colegas músicos de sessão e equipe. Eles foram a única parte de tudo isso que ainda nos deixa boas lembranças.”
Com tudo isso exposto, qual a nossa análise sobre o caso?
Depois de ler tudo o que foi postado ao longo dessa longa história, que tomou a América Latina como palco, é sempre necessário lembrar a todos que, mesmo lidando com emoções e trabalhando com arte, uma banda é uma empresa — e contratos são feitos para reger esse trabalho.
Pelo que foi exposto, a tecladista Zoë Marie Federoff trouxe à tona algo que pode ser até “normal” no mercado: o tratamento dado aos músicos, muitas vezes marcado pela má remuneração e por um ambiente de trabalho complicado.
É lógico que, para muitos fãs, trabalhar tocando e viajando o mundo seria o “mundo perfeito”, mas essa exposição mostra que nem sempre o “sonho” é realmente um sonho. Ao entrar em uma banda — ou ao montar uma — é fundamental que haja clareza entre todos os membros, contratados ou não, pautada por um contrato justo para todas as partes. O que vemos aqui é que não existe justiça nesse caso, mas é indispensável que exista um ambiente de paz para trabalhar, como em qualquer empresa. Ainda mais em uma que vive na estrada, o que invariavelmente desgasta qualquer tipo de relacionamento.
Viver viajando pode parecer “glamouroso”, mas nem sempre essa é a realidade. Vans apertadas, acidentes, noites mal dormidas, estresse pré e pós-show — esses são apenas alguns dos pontos que muitos músicos relatam.
Nós não tomamos partido nesse caso, mas achamos importante expor essa situação e aconselhar: saibam bem onde estão pisando. Desejamos, de coração, que tanto o Cradle Of Filth continue alegrando seus fãs, quanto que Zoë Marie e Marek Ashok consigam retornar à estrada, seja em outra banda ou em um projeto próprio, para continuar nos presenteando com a qualidade que entregaram até hoje.
