Fala, galera! Tudo certo? Biel Furlaneto na área, e hoje vamos falar simplesmente do marco zero do heavy metal e suas vertentes — o pai de todos, a banda que influenciou cada riff de guitarra tocado neste mundo desde então: o Black Sabbath.

Quando citamos os criadores do heavy metal, imediatamente vêm à mente “Paranoid”, “War Pigs”, “Iron Man”, “Children of the Grave” etc. Mas, claro, com uma carreira de mais de 50 anos e mais de 20 álbuns lançados, existe muita coisa boa que pouca gente lembra. Hoje, vamos explorar dez dessas pérolas esquecidas.

Bora lá?

Planet Caravan

Começamos com uma que não é exatamente desconhecida. Presente no clássico Paranoid (1970), está cercada por pedradas do álbum mais famoso da banda. Além da faixa-título, “War Pigs” e “Iron Man” fazem parte do tracklist, e, de certa forma, acabam ofuscando “Planet Caravan”, que fica entre esses três super hinos.
A psicodelia desse som é extremamente viciante, e garanto que é sempre uma experiência nova ao fechar os olhos e escutar — sempre vai surgir algum detalhe que você ainda não tinha notado: seja uma batida extra, um solinho escondido, o baixo marcando… é quase como uma experiência extracorpórea.

Junior’s Eyes

Faixa do álbum Never Say Die! (1978), traz o sempre marcante Geezer Butler fazendo mágica no baixo. É uma canção com uma levada menos obscura do que a geralmente associada ao Sabbath. O vocal de Ozzy, que se despediria da banda após esse disco, está afiado, cantando com sua característica voz de tom sofrido. O refrão é um ponto altíssimo. E o solo de Tony Iommi? Dispensa comentários. Vale muito a pena ouvir com atenção.

The Sign of the Southern Cross

Uma balada lindíssima da fase Ronnie James Dio. Começa em voz e violão, onde o baixinho brilha misturando sua potência vocal com falsetes sutis, até explodir no refrão e se tornar aquele Sabbath épico dos anos 80. Está no subestimado Mob Rules (1981). Mostra bem o que a banda se tornou após a saída de Ozzy, quando a melancolia deu lugar a algo mais grandioso. Confesso que não sou o maior fã da fase Dio, mas essa música é maravilhosa.

A National Acrobat

Uma faixa com o peso clássico da banda. Eu adoro os vocais mais “crus” do Ozzy no começo da carreira — soam sinceros e carregados de emoção. Iommi brilha novamente com riffs que em certos momentos fazem uma dobradinha perfeita com os vocais. Presente no álbum Sabbath Bloody Sabbath (1973), essa faixa sempre ficou à sombra da música que dá nome ao disco, mas é tão boa quanto — talvez até melhor.

Sleeping Village

Estamos falando da Bíblia do rock pesado. O álbum de estreia, Black Sabbath (1970), carrega toda a aura sombria da faixa-título e o sucesso de “The Wizard” e “N.I.B.”. Lá no fim do disco, temos essa joia: uma música que alterna momentos calmos, passagens rápidas e trechos que beiram um folk obscuro. A fórmula de alternar climas — que a banda usaria com maestria em outras canções — já estava presente nessa pérola de 3 minutos e 46 segundos.

Heaven in Black

Qualquer faixa do esquecidíssimo Tyr (1990) caberia nesse quadro. Mas essa aqui funciona como um épico melodramático — se tivesse um pouco mais de velocidade, poderia facilmente estar em um álbum de “metal espadinha”. Ainda bem que a música tem o tempo certo. Falar de Iommi ser um gênio já virou redundância, então aqui o destaque vai para o trio Cozy Powell (bateria), Neil Murray (baixo) e Tony Martin (vocal), que não ficam devendo nada às formações mais clássicas da banda.

You Won’t Change Me

Quando Technical Ecstasy saiu em 1976, muitos torceram o nariz para os momentos mais voltados ao hard rock. É verdade que, em comparação com os álbuns anteriores, há um certo choque, mas isso não quer dizer que o disco seja fraco — e essa faixa prova isso. É puro drama: Ozzy, com seu tom naturalmente melancólico, atinge um nível quase desesperado. Parece o The Cure com distorção. E o solo? De outro mundo, como sempre.

It’s Alright

A chance de você ter conhecido essa música na voz do Axl Rose, com seu piano no Live Era do Guns N’ Roses, é grande. Mas sim: “It’s Alright” é do Black Sabbath! Mais que isso, é uma das raras faixas cantadas pelo baterista Bill Ward, que manda muito bem nos vocais enquanto conduz uma bateria firme e elegante. Se na versão do Guns o Axl brilha sozinho, aqui você percebe como a música cresce com a banda toda tocando junta. Vindo logo depois de “Electric Funeral”, pode parecer um choque, mas dê uma chance e a recompensa é certa. Ah, e mais uma do criticado Technical Ecstasy.

Disturbing the Priest

Ian Gillan entrou no Sabbath quase por acaso. Gravou o polêmico Born Again (1983), fez a turnê e foi embora, alegando que não se encaixava. Saiu e lançou nada menos que Perfect Strangers, voltando ao Deep Purple. Mas nesse curto período, deixou sua marca em algumas faixas subestimadas. Em “Disturbing”, ele dá um verdadeiro show: canta, sussurra, grita, ri como um demônio, vira a música do avesso. Um caos delicioso. Destaque também para a bateria insana de Bill Ward. O “Deep Sabbath” durou pouco, mas marcou demais.

When Death Calls

De volta à era Tony Martin, agora com uma balada melancólica do álbum Headless Cross (1989). Começa introspectiva, depois cresce até virar uma power ballad estilo Skid Row — daquelas que você ouve escondido por “questões de honra metálica”. Mas essa aqui está longe de ser uma canção de amor: fala literalmente sobre o momento da morte. No fim, a música explode em peso e emoção, coroada com um solo magistral de ninguém menos que Brian May (Queen). É daquelas que viram nova favorita na primeira ouvida.

Bônus – No Stranger to Love

Se você ouvir o verso:
“Living on the street, I’m no stranger to love
Why can’t you see I’m no stranger to love”

…regado a teclado e reverb, e eu pedisse para você adivinhar a banda, provavelmente diria Firehouse, Whitesnake, Bon Jovi ou Journey.
E se eu dissesse que é do Black Sabbath?

Quando Seventh Star foi lançado em 1986, era para ser um álbum solo de Tony Iommi — mas por pressão da gravadora, virou “Black Sabbath feat. Tony Iommi”. A faixa conta com Glenn Hughes (mais um ex-Deep Purple) nos vocais, e tem até um clipe bizarro, onde Iommi tenta atuar (sem muito sucesso) ao lado de uma bela dama e um cachorro (?). Vale parar uns minutinhos e assistir essa relíquia no YouTube — mas a música em si é um espetáculo à parte.

E aí, gostaram da lista? Quais as próximas bandas que voces querem ver aqui no Alem do Óbvio?

Conta tudo pra gente nos comentários!

Valeeeeeeeeeeeu!