WELCOME TO THE HEADBANGERS PARADE

Fala galera, beleza? Biel Furlaneto na área para mais um Além do Óbvio, e hoje eu trago pra a banda mais comentada dos últimos dias no Brasil, que após esgotar os ingressos da apresentação do dia 05/02 em São Paulo em minutos, abriu uma data extra para o dia seguinte (para comprar, clique AQUI)

Todo mundo sabe que este que vos escreve é, basicamente, um fã de hard rock. Mas no meio de tanta farofa, também tem bastante espaço nesse coração aqui pra uma franja (apesar de eu nunca ter cabelo pra isso) e uma boa dose de melancolia.

“When I was, a young boy…”
Não, minha vida não é como a letra de Welcome to the Black Parade, mas foi diretamente impactada pelo MCR lá em meados de 2004, quando o clipe de Helena explodiu na MTV Brasil.
Adolescentes apaixonados pela mórbida protagonista do vídeo, e as meninas suspirando pelo vocalista com cara de desespero e raiva.

A banda foi um cometa nos anos seguintes e emplacou hits como I’m Not Okay, The Ghost of You, I Don’t Love You, Teenagers, Famous Last Words e as duas que já citei ali em cima.

Mas hoje a ideia é ir além do que todo mundo conhece — cavar mais fundo no coração triste de Gerard Way e sua turma.

Bora lá?

Honey, This Mirror Isn’t Big Enough for the Two of Us
Álbum: I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love (2002)
 

Música crua e visceral do debut da banda, traz uma sonoridade mais áspera do que a que consagrou o grupo anos depois, com backing vocals que apostam no screamo, que também era moda na época. Vale para entender os primeiros passos de uma banda que explodiria anos mais tarde. Gerard Way canta de forma mais contida do que nos hits que o consagraram mais pra frente.

Disenchanted
Álbum: The Black Parade (2006)
 

O maior álbum da carreira da banda está sendo tocado na íntegra na turnê que vai passar pelas nossas terras em fevereiro do ano que vem. Essa é pra você prestar atenção. Uma balada com sonoridade incrível, tão boa ou melhor do que I Don’t Love You, que foi a balada escolhida como single do álbum. Destaque para o violão de Ray Toro, que dá à música um tom intimista extremamente especial até ela explodir de fato.

Save Yourself, I’ll Hold Them Back
Álbum: Danger Days: The True Lives of the Fabulous Killjoys (2010)
 

Presente no último dos quatro álbuns lançados pela banda, é uma mistura poderosa de guitarras distorcidas, sintetizadores e um ritmo acelerado, que mantém a tensão do começo ao fim. Gerard Way entrega vocais agressivos e quase raivosos, como se estivesse gritando para inspirar seus companheiros de luta em mais um álbum conceitual. Essa história está longe de ser tão especial quanto a do álbum The Black Parade, assim como o disco musicalmente não se compara, mas essa faixa é um bom respiro em um álbum menos inspirado.

To the End
Álbum: Three Cheers for Sweet Revenge (2004)
 

Chegamos ao álbum que, 20 anos atrás, me fez fã da banda. Contando com simplesmente Helena, I’m Not Okay e The Ghost of You no seu tracklist, naturalmente ofuscaria todo o resto. A música em questão é enérgica e completamente contagiante. Os backing vocals dão uma vida a mais para o som. Chegou a fazer algum barulho e era tocada nos shows quando o disco saiu, mas com o tempo passou a ser deixada de lado.

Cemetery Drive
Álbum: Three Cheers for Sweet Revenge (2004)
 

Mais uma em que o contexto acima se aplica. Sonoramente é um pouco diferente do que a banda apresentava até então, quase como uma gangorra subindo e descendo o volume e a emoção. Começa com sussurros e termina com gritos. Parece que eu citei uma terça-feira qualquer de um emo adolescente do início dos anos 2000, e é exatamente isso que essa música é, ainda mais se você levar em consideração a letra cheia de dramas e amores não correspondidos.

You Know What They Do to Guys Like Us in Prison
Álbum: Three Cheers for Sweet Revenge (2004)
 

Dois minutos e cinquenta segundos de uma intensidade absurda. No início, parece que você está prestes a ouvir uma música da fase mais alegrinha do The Cure. Com 10 segundos, você se transporta para alguma música do Queens of The Stone Age e, ainda antes do primeiro minuto se completar: CAOS! Gerard Way passa a música brincando com tons, personagens e intenções. Ele soa como alguém que perdeu o controle — e isso é proposital. Sua voz se alterna entre falsete, deboche e desespero. Em algumas partes, ele praticamente atua a música.

Dead!
Álbum: The Black Parade (2006)
 

Um “piiiii”, uma morte, e então uma celebração!
Musicalmente, Dead! é um showman do caos. Ela mistura punk rock, um pouco de hard rock, e mais uma infinidade de coisas em menos de 3 minutos. O riff principal é rápido, melódico e quase dançante, como se os guitarristas Ray Toro e Frank Iero estivessem se divertindo num velório. Preciso destacar também o baixo de Mikey Way, que é pulsante e ajuda a manter o ritmo frenético enquanto a música vai alternando entre trechos acelerados e quebras inesperadas, incluindo palmas e sopros (sim, tem uma seção com metais). Uma ópera emo!

Headfirst for Halos
Álbum: I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love (2002)
 

Se você gosta da sonoridade pop punk do American Idiot do Green Day, saiba que em 2002 o MCR já fazia isso. Com riffs bem grudentos, é uma música que infelizmente nunca foi muito lembrada pela banda. Tem boas variações de som e aquela velha fórmula de melodia feliz + letra pesada. É basicamente a narração de uma luta contra a depressão que está prestes a ser perdida.
Obs: Lembrando que você que está sofrendo com depressão nunca estará sozinho. Busque ajuda.

This Is the Best Day Ever
Álbum: I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love (2002)
 

O MCR do início, menos polido, me encanta muito. Sem polimento, sem filtro. As guitarras de Ray e Frank não buscam soar “bonitas” ou “limpas”, mas sim transmitir tensão, descontrole e energia juvenil. Você ouve os acordes arranhando, quase como se estivessem sendo arrancados à força. A distorção é seca, sem muita compressão ou delay, o que dá à faixa uma cara de punk de porão com um toque emo-gótico. Gerard Way canta essa faixa como se estivesse à beira de um colapso emocional. Sua voz oscila entre o canto e o grito, com uma entrega dramática que antecipa o que ele faria com mais produção e técnica nos álbuns seguintes. Aqui, ele ainda soa cru, instável, visceral — e isso funciona perfeitamente com a proposta da música. Você sente que ele está despejando emoções reais, sem maquiagem ou controle, quase como se fosse um desabafo gravado em um take só.

Cancer
Album: The Black Parade (2006)

Explicando a história que ilustra o álbum: The Black Parade é um disco conceitual que acompanha a jornada de um homem, conhecido apenas como The Patient, em seus momentos finais e na transição entre vida e morte. Ele revisita memórias, traumas, amores perdidos e confronta sua própria mortalidade.

Apesar de The Black Parade ter passagens dramáticas, teatrais e até sarcásticas, “Cancer” é o ponto mais emocionalmente nu do álbum.
Se o “desfile negro” representa a morte chegando com pompa e ironia, essa música mostra o silêncio do quarto de hospital, a solidão, a verdade crua da doença. É o momento sem máscaras, sem personagens — só dor e resignação.

Uma das músicas mais impactantes do MCR, Cancer é adorada pelos fãs, mas ainda passa despercebida por muita gente fora do universo da banda. Talvez por ser direta demais. Real demais.

Bônus – Gerard Way – Hesitant Alien (2014)

Hesitant Alien é o álbum solo lançado por Gerard Way, depois do hiato do My Chemical Romance. Ele marca uma fase nova na carreira dele, onde o vocalista explora uma sonoridade diferente da banda.

Aqui o drama exagerado dá lugar a uma pegada mais glam rock, com pitadas de post-punk e new wave, tipo um Bowie pós-Anos 70 encontrando os Talking Heads. As guitarras e os baixos pulsantes criam um clima estiloso, com aquela energia crua, direta, mas cheia de personalidade.

As letras refletem um Gerard mais solto, falando de crises pessoais, identidade e crítica social — sem perder a emoção, claro. Faixas como No Shows e Millions são exemplos perfeitos disso: riffs marcantes, vocais carregados e aquela atitude que só ele sabe trazer.

Se você curte o lado teatral e intenso do MCR, esse álbum pode ser um choque no começo — mas vale demais a pena para entender o quanto o Gerard é versátil e como ele usa a música para se reinventar.

E aí, o que achou do Além do Óbvio de hoje? Semana que vem a gente ta de volta!
Valeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu!
Ou melhor:
So long and goodnight,
So long, and goodniiiiiiiight…